do Observatório da Imprensa
Por Luciano Martins Costa
O debate entre os candidatos à Presidência da República, promovido pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), o portal UOL e a rádio Jovem Pan, no começo da noite de quinta-feira (16/10), foi uma vitória retumbante da imprensa hegemônica no Brasil.
Os dois representantes do que resta da política partidária se aproximaram muito do nível a que a mídia rebaixou o confronto republicano: a linguagem dos candidatos finalmente se alinhou com o estilo dos mais prestigiados pitbulls entre os colunistas de jornais e os mais agressivos ativistas das redes sociais digitais.
Foi rompido o protocolo que costumava definir as fronteiras do que deve ou não deve ser dito numa disputa de ideias sobre o destino do país, e os dois contendores afirmaram diante das câmeras o que muitos têm pudor de dizer em reuniões sociais. Questões pessoais foram sobrepostas à agenda governamental e muitas acusações ficaram em suspenso, dependendo da iniciativa e disposição de cada eleitor para consultar os registros da internet sobre o assunto, ou esperar por esclarecimentos da imprensa.
O candidato Aécio Neves afirmou que o irmão da presidente foi funcionário-fantasma na prefeitura de Belo Horizonte; os jornais de sexta-feira (17) o desmentem. A candidata à reeleição questionou o oponente sobre o que achava da Lei Seca, referindo-se diretamente a um episódio sobre Aécio Neves que corre nas redes sociais e que o relacionam a uso de drogas e alcoolismo; ele procurou aliviar o golpe admitindo que havia se recusado a fazer o teste do bafômetro quando foi abordado pela polícia, no Rio de Janeiro, e que se arrependia disso.
Voltamos ao padrão de 1989, quando Lula da Silva foi derrotado por Collor de Mello, em meio a ataques pessoais. Na ocasião, o então candidato do Partido dos Trabalhadores se recusou a usar contra o oponente boatos e denúncias sobre sua vida privada. Acabou derrotado.
Um quarto de século depois, Dilma Rousseff dá voz aos comentários das redes sociais para desconstruir Aécio Neves. Qual será o resultado?
Um tucano morto
No meio do bate-boca em que se transformou o debate eleitoral, os três jornais de circulação nacional tentam posar de moderadores numa briga de rua, mas a imprensa hegemônica não pode fugir às suas responsabilidades. Quem estabeleceu a agenda de baixarias e determinou o nível rastaquera das discussões políticas no Brasil foram as grandes empresas de mídia, ao trocar o jornalismo pelo panfletarismo.
O que faz o candidato da oposição, continuamente, é manusear o material que lhe oferece a imprensa, todos os dias, há anos. O que decide fazer a candidata à reeleição é manusear o que lhe oferecem as redes sociais. Nenhum dos dois se sente obrigado a comprovar cada uma das acusações, porque o contexto midiático há muito deixou de se preocupar com aquelas qualidades essenciais do jornalismo, como a ética e o pressuposto da objetividade.
No espaço restrito dos debates com tempo curto para argumentações, e em meio ao lamaçal criado pela mídia, quem se preocupar com o decoro perde o jogo.
Assim é que chegamos a uma semana da decisão nas urnas com a agenda política tomada por factoides, meias-verdades, manipulação de indicadores e outras delinquências comunicacionais. Em meio ao noticiário sobre o debate no SBT, os jornais jogam uma cartada de truco: o envolvimento de um tucano morto no escândalo da Petrobras.
Grita a manchete da Folha de S. Paulo: “Delator diz ter pago propina a ex-presidente do PSDB”. Em título no alto da primeira página, O Estado de S. Paulo apregoa: “Ex-diretor da Petrobras diz que tucano recebeu R$ 10 mi”. O Globo, em nota mais discreta também na primeira página, afirma: “Costa diz que pagou propina a ex-dirigente tucano”.
O que isso significa? – perguntaria o leitor ou a leitora que sabe ler nas entrelinhas. Muito simples: a imprensa parece ter acesso exclusivo à fonte da delação premiada, mas precisa reforçar a credibilidade das denúncias, porque as pesquisas indicam que esse escândalo não tem mais potencial para afetar a decisão dos eleitores. Então, recauchuta-se o factoide, incluindo entre os acusados o falecido ex-senador pernambucano Sérgio Guerra, do PSDB, que já não pode ser punido nem se defender.
Você, aí, acha que o debate político caiu na lama? Não se preocupe. A imprensa sempre dá um jeito de piorar.
Escritório de monitoramento em Porto Alegre vai concentrar dados sobre ações a serem tomadas por…
Decisão afirma que Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou texto sem realizar audiência pública…
Oferta de compensação apresentada pelas mineradoras “não representa avanço em relação à proposta anterior (...)”
"O nosso objetivo, desde o início, é garantir o acesso de todos os candidatos", disse…
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro assinou acordo de colaboração premiada; militar estava preso desde…
Em 12 meses, a indústria geral cresceu 2,27%. E, em relação ao mesmo período de…
View Comments
Por isso msmo que precisamos
Por isso msmo que precisamos de uma reforma política urgentemente...Mas todos nós sabemos que iniciou esse processo..Dilma não restou outra coisa se não a defesa
É incrível, é incrível
Conhecem a história das práticas de debate (?) da UDN?
As características de ACM, Serra, Jânio, Lacerda, e tantos outros?
Quem desconhece o que é a mídia que chegou a insuflar e apoiar o golpe de 64?
Quem desconhece o que a mídia fez com Lula e com Dilma?
E só agora constatam isso?
Parabéns, Dilma, que como em um jogo de xadrez você deu no debate um cheque no Rei.
Dilma venceu
Um bate-papo ontem aqui no blog
Assis: O pragmatismo emudeceu os corações.
O figado anuviou a razão
E viva a mídia
Tom: O emudecimento dos corações, a cegueira das mentes e a hiperestimulação do fígado e de determinadas glândulas, são a característica central desses tempos hiper-capitalistas e portanto pós-humanos.
(...)
Perceba a qualidade da energia que está sendo servida à população pelas diversas manifestações culturais, dos games aos esportes, do cinema à música pop.
(...)
Veja o totalitarismo e a imbecilização dos meios educacionais e de difusão de informação.
"A política é uma dimensão
"A política é uma dimensão da cultura",
" As transformações se dão no campo da cultura, no campo das ideias."
Sérgio Mamberti.
E quem forma, hoje, a cultura de massa?
Entenderam o que foram os
Entenderam o que foram os black blocs nos movimentos de junho do ano passado?
Apenas reflexo disso aí que está escrito no texto?
Alguém esperava que o debate fosse diferente?
Conhecem o MMA e os BBB´s amplamente divulgados na mídia, e programas de sucesso?
A memória do Brasil está cada vez mais curta
A escandalização mais uma vez está sendo posta no colo do PT
Só agora perceberam a violência dos candidatos?
Exatamente no momento em que Dilma reage?
O vídeo abaixo é imperdível. Divulguem:
[video:http://www.youtube.com/watch?v=iCk7UGK2zz8%5D
NADA DE ADMIRÁVEL, O DEBATE TEM O MESMO NÍVEL DAS TVS!
Não apenas esse, mas todos os outros também, porque não acrescentam praticamente nada. A Dilma fez o que tinha que fazer. Deixando o conteúdo de lado, que não se aproveita quase nada mesmo. O Aécio complementa nos debates, o jogo que sua militância caluniadora de péssimo nível faz no país inteiro. Se a Dilma se acuasse, estaria apenas admitindo a tese do PSDB.
Se as TVS no Brasil não fossem o lixo que são, realizariam debates debates mais extensos, sobre assuntos específicos, dando mais tempo aos candidatos, para explicarem suas propostas. Deveríamos ter um debate inteiro para cada assunto, como por exemplo, a educação, o meio ambiente, a saúde, a economia, a reforma política, etc. Mas quem acha que as TVs estão preocupadas em esclarecer o povo? Baixaria e confusão dão muito mais audiência...
Nomes aos bois: Josias de
Nomes aos bois: Josias de Souza, o primeiro "jornalista" do mundo que associou os termos "vagabunda" e "vadia" para uma presidenta e uma ministra em uma das suas colunas.
Hoje o meliante, ainda remunerado pela Folha, "reclama" do baixo nível da campanha. Hipocrisia sem limites.
A tropa de bestas-feras da Veja com um linguajar típico da zona.
Os colonistas e "especialistas" amestrados da Velha Mídia, rádios, tvs.
DESCONSTRUÇÃO (parte 2)
Voltou abraçar Marina qual se fosse a última
Beijou também a viúva por motivo mórbido
E a cada filho dela qual se fosse o pródigo
Subiu na votação como se fosse pássaro.
Fez uma aspiração como se fosse máquina
Em Cláudio e Montezuma fez a pista asfáltica
Ergueu no Tribunal uma defesa sólida
Seus olhos embotados de soberbia cínica.
Foi pego no bafômetro com ar alcoólico
E fez o nepotismo qual se fosse mérito
Três primos e um titio no serviço público
E fala na TV com se fosse um cínico
E tropeçou na Dilma qual se fosse um bêbado
Muito bom! Até o Chico iria
Muito bom! Até o Chico iria gostar.
E fala na tv como se fosse um
E fala na tv como se fosse um cinico - genial; e a primeira parte onde está?
Atendendo pedidos!
Bebeu daquela vez como se fosse a última
Bateu numa mulher para sentir-se o máximo
Deu um cargo a primo seu como se fosse mérito
E entrou para um boteco com seu passo bêbado.
O cara não trabalha de domingo a Sábado
Só ceia no Fasano qual se fosse príncipe
Bateu na Presidenta de uma forma estúpida
Riu com a Marina de uma forma irônica
E caiu nas pesquisas em forma recíproca.
A história aqui é contada qual se fosse cômica
Mas Dilma desmaiou feito um pacote flácido
Por causa de um grosseiro que hoje mostra em público
Nenhuma condição de guiar esta República.
E a gente achava que com José
E a gente achava que com José Serra na campanha de 2010 já tínhamos visto de tudo.