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Bye Trump, ou não?

Apesar da vitória do Democrata Joe Biden, o Presidente Donald Trump de 2020 venceu o candidato Donald Trump de 2016. Em números absolutos, Trump conseguiu mais votos agora do que na eleição que o levou à Casa Branca, mas que foram insuficientes para alcançar os votos anti-Trump dados a Biden.

Com a quantidade de votos recebidos, Donald Trump passa a ser o segundo maior captador de votos dos EUA, tendo aumentado este contingente entre os afro-americanos e latinos, colocando o Partido Republicano dentro do bolso para 2024.

Isso sinaliza que, apesar dos Democratas retornarem ao poder, a extrema direita não está enfraquecida. Grupos extremistas ativos podem criar uma onda para demonstrar que o trumpismo está vivo fora do Partido Republicano, incorporado e insuflado nas linhas que Trump escreveu nos últimos quatro anos.

O trumpismo se tornou um fenômeno comportamental de autoafirmação entre supremacistas, que saíram recentemente do armário e querem espaço, não aceitarão o expurgo com a derrota de Trump, pelo contrário, avançarão com reflexo em países de viés autoritário como o Brasil.

O Deep State norte-americano estará ainda mais organizado e independente depois do mandato de Trump que, apesar de meio estabanado, criou uma ligação identitária mais sólida, uma aproximação entre aqueles que se avizinhavam, mas não pareavam.

Em relação ao Brasil, a vitória de Biden não mudará a relação comercial com os Estado Unidos. Sobre a Amazônia, questão politizada por Bolsonaro, que desdenhou do Fundo criado para captar doações para investimentos em projetos sustentáveis, a cobrança por políticas ambientais serão mais enérgicas e sujeitas a sanções.

Na política interna brasileira, de imediato a derrota de Trump impacta negativamente a imagem de Bolsonaro, que chegou a dizer que “a esperança é a última que morre”, assim que Joe Biden mostrou reação em Estados como a Geórgia e Pensilvânia.

Em um segundo momento, a tendência é que, assim como nos EUA, os apoiadores e seguidores do bolsonarismo reajam e intensifiquem ainda mais o apoio a Bolsonaro para reeleição.

O fato é que, assim como Trump, o presidente brasileiro também foi muito mal em questões chaves como meio-ambiente, economia e, principalmente, o fiasco no combate à pandemia.

Em 2022 o cenário será interessante, com o antipetismo e o provável antibolsonarismo que surgirá depois de quatro anos de desgoverno, a probabilidade é que o eleitor independente, aquele que não vota ideologicamente, fique à mercê de um outsider, que no contexto pode ser da centro direita, ou direita, o velho disfarçado de novo.

Apesar da ascensão, é cedo para afirmar se os filhos do trumpismo e do bolsonarismo, que hoje estão fortes, lhes darão netos, criando uma geração longeva de extremistas de direita. Certo é que o Trumpismo e o Bolsonarismo deram um bug na evolução humana.

 

Ricardo Mezavila, escritor, pós-graduado em ciência política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.

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