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Ilona Szabó não tem nada a declarar?


Ato 1- Em 2018 Ilona Szabó e Melina Risso publicam o livro “Segurança Pública para virar o jogo”.

Ato 2- Em meados de fevereiro de 2019, a pesquisadora Ilona Szabó é nomeada para um cargo no Ministério da Justiça e rejeitada de maneira histérica por Flavio Bolsonaro.

Ato 3- Em março de 2019, 117 fuzis identificados como sendo da US Navy são apreendidos no Rio de Janeiro. O arsenal estava num imóvel próximo da residencia de Jair Bolsonaro.

Ato 4- Em maio de 2019, Jair Bolsonaro assina um decreto facilitando a compra e a posse de armas (fuzis, incluídos). A imprensa acusa o presidente de estar tentando armar suas milícias.

Ato 5- Em 25 de junho de 2019, um sargento da comitiva de Jair Bolsonaro é preso na Espanha com 39 kg de cocaína. A droga foi transportada por um dos aviões da presidência da república.

Ato 6- Em 27 de junho de 2019, mais de duas mil armas e armamentos militares são presos pela Argentina. Eles seriam enviados ao Brasil. O jornalista Chico Pinheiro ironizou a ocorrência no Twitter:

2.500 armas (fuzis e metralhadoras), granadas, minas terrestres, canhão e bombas antiaéreas… Vinham para o Brasil: para o tráfico ou para milícias? https://twitter.com/chico_pinheiro/status/1145143606975586304?s=19

Ato 7- “Atualmente há informações de que as milícias estão entrando no mercado de drogas e se aliando a facções criminosas, o que agrava ainda mais o contexto, exigindo inteligência e uma pronta resposta do Estado. (Segurança Pública para virar o jogo, Ilona Szabó e Melina Risso, Zahar, Rio de Janeiro, 2018, p. 64)

Os fatos confirmaram as palavras do livro de Ilona Szabó. Nunca antes na história do país o fato de uma pesquisadora ter sido rejeitada por um senador ou demitida pelo governo virou atestado de idoneidade moral.

A família Bolsonaro mantém proximidade com as milícias que estão se unindo aos traficantes e começaram a penetrar as Forças Armadas. Mesmo assim o presidente e seus filhos querem se distanciar do tráfico internacional de drogas e de armas.

Nos últimos dois dias a Lava Jato levou golpes devastadores do The Intercept. Até o presente momento ninguém da imprensa se deu ao trabalho de entrevistar Ilona Szabó sobre esse assunto. Seria interessante saber se ela continua ou não apoiando o método lavajateiro do ex-juiz que tentou levá-la para o Ministério da Justiça.

No prefácio que escreveu para o livro “Segurança Pública para virar o jogo”, o ministro do STF Luís Roberto Barroso afirma que “Ha uma imensa demanda por integridade, patriotismo e idealismo na sociedade brasileira.” (p. 8). Apesar das evidências inquestionáveis de que os heróis lavajateiros eram vilões ele continua defendendo Sérgio Moro. Ao que parece Barroso é apenas mais um hipócrita eloquente que diz uma coisa e defende outra.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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