Falar sobre os mortos e não apenas contar os mortos. Reparem, contar será sempre fundamental, mas, contar hoje não garante que todos serão lembrados amanhã. E números são de checagem e divulgação obrigatórias dos jornais, diria algum manual do bom jornalismo. Anunciar 110 ou 11 mil mortos, não será jamais a mesma coisa. Pior é quando mortos não passam de números. Morre uma enxurrada de gente todos os dias, trânsito flui normalmente e não há mudança no ritmo cotidiano, diria uma não notícia.
Sem qualquer pudor, morto é varrido para debaixo do tapete, diria a manchete de um jornal fora de circulação. Ouvi dizer que, há muito, ninguém liga mais pra isso, essa coisa de morto pra cá, morto pra lá. Ao contar um-a-um, exigir saber quantos são os mortos de hoje e de ontem, os jornais também trabalham para se pensar sobre os mortos de um país. Ah, meu deusinho, agora querem matar jornalista também, vi escrito lá no muro: morte aos jornalistas, conta uma entrevistada.
Ainda que se ater a uma única palavra não seja trabalho dos jornais, falar dos próprios mortos é o mesmo que compreender a palavra justiça. A palavra justiça, assim, nua, crua e tão longe do ficcional e do fantástico. Um jornal que estampasse a manchete: justiça. Seria como dizer muito em pouquíssimas palavras.
Afinal, o que será necessário para que a palavra justiça deixe seu estado hoje tão fantástico, ilusório, e até de exposição ao ridículo? Pobre palavra justiça, relegada às felizes traças. Talvez, apenas em uma novela ou romance, um país seja decretado morto se não sabe sobre a palavra justiça. Ai, vixiii, esqueceu o que é justiça e deixou de figurar no mapa. Então, só faltará enterrar, e assim começaria a história de um novo morto na literatura.
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