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…sobre ser pai…

…sobre ser pai…
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Cresci ouvindo duas expressões bem emblemáticas: “Mãe Natureza” e, criado no catolicismo, “Maria, Mãe de Deus!”.
É para essa entidade, a tal de “Mãe” virar mito para qualquer um… Não existiam na minha infância símbolos maiores do que “Natureza” e “Deus”. Ora, a primeira era diretamente chamada de Mãe, o segundo, tinha na santa mulher a sua Mãe…. O que sobrava para os coitados do pais…?
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Num país machista como o nosso, não foi difícil perceber aos poucos que havia muito mais mães responsáveis pela criação de seus filhos, sozinhas, do que pais nessa situação…
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E até na hora da ofensa maior nas brigas de rua entre os moleques, nunca vi alguém tentar ferir de morte ao adversário ofendendo o pai… O alvo era o ente sagrado, claro, a mãe!…
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Até entre a bandidagem, se havia uma reportagem e a pergunta era do tipo: “Algum arrependimento por essa vida de crimes?” – a resposta, invariavelmente era: “Um só! ter feito minha mãe sofrer…”
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Aprendíamos, os da minha geração, que “amor de pai era diferente” – a “melação”, os abraços, mimos, os beijos, os acalantos, eram “coisa de mãe”. A disciplina, o ar um tico mais severo, o prover o lar, o “ser o chefe da família”, eram “coisas de pai”… – Sim, ao fim da década de 60, início dos anos 70 eram assim as coisas predominantemente. Não por maldade ou ignorância das pessoas, eram paradigmas seculares, que se quebravam aos poucos diante dos nossos olhos assustados com tantas mudanças…
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Enfim, quando fui ser pai em 1988 e logo depois em 1989, sei que poucos homens tinham esse desejo tão fortemente em si como eu. Rio, pensando que, provavelmente, mais do que algumas mulheres “desejariam ser mães” (nenhum julgamento aqui, esse não é um “desejo ético ou moral”, é PESSOAL e existencial, é de cada um…).
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“Ser pai” para mim era ser como o homem da canção “Super homem”, de Gil, meu hino pessoal desde a primeira vez que a ouvi, em 1979…
A expressão poético-existencialista “…ser o verão, o apogeu da primavera, e só por ela ser…” – definiu com exatidão mais que precisa, o que eu queria ser, como “homem”, como “pai” – ciente que o segundo era uma extensão natural do primeiro…
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Ciúmes à parte da idolatria quase universal dessa super super entidade, a “mãe”, o que descobri?
Que a delícia de gerar um ser humano, provê-lo em todas as suas necessidades, amá-lo, tentar formá-lo livre, soberano de si e seu destino, respeitá-lo como ser humano único, é um dos mais elevados PRIVILÉGIOS que alguém pode vivenciar.
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E quando se alcança esse amor, ele é tão verdadeiramente “PARTE SUA”, tão absurdamente indissolúvel
do que você se tornou,
que você entende
que mesmo que haja sim
“jeitos” diferentes de amar um filho,
no fundo,
o quanto você coloca de amor
nesse processo,
é tudo o que conta.

Redação

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