Folha culpa estagnação da economia para demitir jornalistas

Jornal GGN – A Folha de S. Paulo apresentou neste domingo (09) quem substituirá os jornalistas dispensados Eliane Cantanhêde e Fernando Rodrigues, sem, contudo, fornecer uma explicação do motivo das demissões. Em nota enviada ao Comunique-se, o jornal culpou a “estagnação da economia”.
Do Comunique-se
Ao longo dos últimos dias, 13 profissionais de redação foram dispensados da Folha de S. Paulo, conforme registra o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP). A direção do jornal, ao comentar o caso, alegou que o corte no número de colaboradores ocorre em decorrência do atual cenário econômico do país.
folha-passaralho“O jornal realiza no final deste ano desligamentos pontuais, além de um corte nas despesas de custeio, a fim de ajustar o seu orçamento ao mau desempenho das receitas publicitárias, fruto da estagnação prolongada da economia brasileira”, alega a Folha, em e-mail enviado pelo editor-executivo Sérgio Dávila à reportagem do Portal Comunique-se.
Apesar do alegado motivo pelas demissões, tidas pelo veículo de comunicação como “rotineiras” (assim como processos de contratações), Dávila preferiu não responder aos questionamentos do Comunique-se em relação ao passaralho. O executivo não informou, por exemplo, quantas das vagas serão repostas – segundo o sindicato, só dois dos 13 postos de trabalhos serão mantidos.
Presidente do SJSP, José Augusto Camargo afirmou, conforme divulgado pelo site da entidade, que “representantes da Folha alegaram que se trata de uma readequação de quadros e que não serão efetuados novos cortes”. A ação do jornal, porém, é vista pela instituição como exemplo de subterfúgio de uma empresa que pensa somente na “ampliação de sua rentabilidade, mesmo sacrificando a qualidade do trabalho jornalístico”.
Com as dispensas de Eliane Cantanhêde e Fernando Rodrigues, a Folha de S. Paulo anunciou quem serão os novos colaboradores da coluna ‘Brasília’. Em texto publicado na edição impressa deste domingo, 9, o jornal informou que Bernardo Mello Franco e Igor Gielow são os profissionais que assumirão a função de escrever sobre os bastidores do poder diretamente da capital federal. A novidade não apresenta nenhuma contratação, uma vez que a dupla de colunistas já trabalhava na empresa.
As recentes demissões promovidas pela direção da Folha fazem com que Mello Franco passe a ser o principal colunista de ‘Brasília’. Ele será o encarregado de produzir os textos publicados no espaço em cinco dias da semana: terça, quarta, quinta, sexta e domingo. Apesar do anúncio, a estreia dele na função está marcada para 7 de dezembro (1º domingo do mês). O jornalista escreverá mais do que os antigos colaboradores – Eliane era a responsável pelo espaço durante quatro dias, e Rodrigues assinava artigos duas vezes por semana.
Na Folha desde 2010, Mello Franco é natural do Rio de Janeiro, onde já foi repórter na sucursal carioca, correspondente em Londres, repórter de política em São Paulo e no Distrito Federal e assinou, de junho até o começo deste mês, a coluna ‘Painel’. “Será uma responsabilidade enorme escrever neste espaço, no qual há muitos anos leio jornalistas que respeito e admiro. Espero ajudar o leitor a interpretar os acontecimentos e, sempre que possível, dar notícias em primeira mão”, afirmou o jornalista sobre o novo desafio da carreira, segundo relato da própria Folha.
Redator, repórter, editor, enviado especial a conflitos internacionais, correspondente em Londres, secretário de redação e, atualmente, diretor da sucursal na capital federal. Essa é a trajetória de Igor Gielow na Folha de S. Paulo, veículo de comunicação do qual é empregado desde 1992. Nas coberturas fora do Brasil, destaca-se o trabalho realizado no Afeganistão, país em que passou 15 dias em novembro de 2001, dois meses após os ataques às torres do World Trade Center de Nova York, quando acompanhou a queda do regime talibã, derrotado pelos militares americanos. Em ‘Brasília’, será o editor das edições publicadas aos sábados.
O que não muda na coluna política diária da Folha de S. Paulo é a presença de Valdo Cruz. As recentes mudanças do impresso não afetam o trabalho do jornalista por trás dos textos publicados às segundas-feiras. Em tempo de casa, o colunista remanescente tem sozinho a soma de Mello Franco e Gielow: 26 anos. No jornal desde 1988, o mineiro de 53 anos já atuou como repórter, secretário de redação e diretor executivo. Além de produzir textos semanais para a coluna ‘Brasília’, ele seguirá como repórter especial da publicação no Distrito Federal.
O novo revezamento da coluna ‘Brasília’ não terá início imediato. Junto com os nomes dos colaboradores, a Folha informou que o espaço será mantido de forma interina até o fim da primeira semana de dezembro. O trabalho de Valdo Cruz, de ser o responsável pela coluna às segundas, não sofre alteração. Para os outros dias, no entanto, o veículo de comunicação contará com a produção de Gustavo Patu (repórter especial – terças) e Renato Andrade (diretor de redação da sucursal candanga – quintas e sábados). Antes de assinar o espaço apenas aos sábados, Igor Gielow escreverá em três oportunidades por semana: quartas, sextas e domingos.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

View Comments

  • Remuneração

    Foram demitidos por terem remuneração muito alta.

    A Folha pode colocar qualquer outro lixo, que recebe menos, no lugar. Não faz diferença nenhuma...

  • AH, TÁ...

    Dilma tem "as costas largas"...

    Tenho curiosidade de saber se quando o crescimento econômico  no governo Lula girava em torno de 5% ,  a Folha contratou mais gente e aumentou salários.

  • Paraíso

    E... se a Folha fechar?, e... se o Estadão fechar?, e... se o Globo fechar?, e... se a Veja fechar?, e... se a Globo Platinada fechar?

    Finalmente estaremos no paraíso.

    Tomara que quebrem todas!!!

  • Nem tudo são pedras

    Para alguma coisa esta suposta estagnação teria de servir. Nem que fosse de muleta pra Folha poder demitir.

  • Nassif, se Dilma Roussef não

    Nassif, se Dilma Roussef não começar a agir rápido, temo que boa parte dos milhões que foram para a linha de frente enfrentar a sangrenta batalha contra a direita mais atrasada do planeta possa, também rapidamente, rever seu apoio e conceitos. A cada desastrada medida tomada nesses dias ouço um montão de gente aqui em BH clamar por uma Luciana Genro. Dilma, PT, tem que ter coragem! Como diria o reaça Nélson Rodrigues : sem coragem não se chupa nem um Chica Bom na praia.

  • Folha e as demissões

    O que a folha está dizendo, é que ela está sendo vitima de sua própria campanha manipulatória, diária e sistemática ?

    Anos apontando crises antes do tempo e escondendo a informação onde realmente era grave e eis que de repente,

    sucumbiu. 

    A folha mente até para justificar seus atos.

     

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