Mídia

Os recados dos militares ao público via jornal de direita

A rede de informação bolsonarista tem no jornal paranaense Gazeta do Povo um de seus importantes componentes por seu comprometimento com o agora ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as forças militares.

Um exemplo desse trabalho conjunto pôde ser visto em 28 de outubro de 2022, quando foi publicada uma reportagem com claros indicativos de que haveria retaliação caso Bolsonaro não fosse o vencedor do segundo turno, e que nem mesmo os militares garantiriam uma ação pronta pela defesa da democracia.

Os militares – e o próprio jornal – estavam confiantes com uma vitória do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa, ao mesmo tempo em que indicavam que uma derrota poderia fazer com que as forças de segurança fossem “insuficientes” para apaziguar e conter conflitos.

Na ocasião, reportagem assinada por Rodolfo Costa afirmava que as Forças Armadas não só “acompanhavam com lupa” os posicionamentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como apontavam preocupação com “a reação de eleitores a depender do resultado de domingo (30), sobretudo dos que apoiam a reeleição presidencial”.

“A cúpula das Forças Armadas monitora suas tropas e tem conhecimento de que, nas “bases”, a percepção também é de temor e apreensão para as eleições”, dizia o periódico.

A volta de Lula foi ‘forçação (sic) de barra’

Uma leitura mais atenta de tal reportagem deixa claro tanto o posicionamento contrário dos militares ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como apontava a possibilidade de ações violentas caso Bolsonaro não fosse reeleito.

E a criação de um estado de caos teria como objetivo acionar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), dando aos militares o poder de controlar a administração pública por um determinado período de tempo, impedindo a posse do novo governo democraticamente eleito.

Tal estratégia era defendida às claras por militares entrevistados pelo jornal, que funcionaram como se fossem portadores de recados das casernas para os militantes bolsonaristas.

Um desses ‘pombos-correios’ foi o general reformado Maynard Santa Rosa, que chefiou a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República no início da gestão Bolsonaro.

Nessa mesma reportagem, Santa Rosa afirmou que a volta do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à vida pública “foi uma forçação (sic) de barra, durante a pandemia, quando não poderia haver resistência”, e que o Judiciário está ‘contaminado e cooptado’.

Os militares entrevistados acompanhavam a visão dos extremistas não só em relação ao atual presidente eleito, como sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao afirmar que seu trabalho era ‘ilegal’ e que o Judiciário ‘têm um partido e um candidato’.

E as convocações não ficaram restritas aos militares: o empresário Paulo Generoso, que recentemente teve suas redes sociais bloqueadas por decisão judicial, foi um dos que conclamaram bolsonaristas a acompanharem a contagem dos votos em Brasília.

Na ocasião, Generoso disse que se responsabilizaria ‘pelo trabalho de acalmar os ânimos’ dos bolsonaristas, mas que a frustração por uma derrota viria na mesma medida que uma vitória que não ocorreu.

Redação

Redação

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  • Na mosca , hj as forças armadas é uma instituição que só buscar defender os seus interesses econômico chantageando o estado democrático

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