Será o “fundo do poço”?

Enviado por Ton Cabano

A terra sem lei em que se transformou o sistema brasileiro de rádio e TV no Brasil só aumenta o poder político oligárquico de famílias e políticos, que nem sempre, ou melhor, na sua grande maioria não está interessado com o público.

O sistema radiofônico é o que tende a atingir uma maior camada de lares brasileiros e, por isso, tornou-se uma importante ferramenta de autopromoção de políticos e seus grupos e, particularmente, no estado do Pará, o sistema de rádio e televisão está, há décadas, sob controle de famílias e/ou grupos políticos que fazem a comunicação segundo seus interesses: rádio Liberal (família Maiorana), Rádio Clube do Pará (família Barbalho) e Super Rádio Marajoara (família Carlos Santos).

A linha editorial da Rádio Liberal, da família Maiorana, segue a linha de apoio político à Arena e PDS (extintos) e com o PSDB e seus congêneres aliados.  Já a linha editorial da Radio Clube do Pará, da família Barbalho, segue o explicito apoio ao MDB (antigo PMDB) e aliados. Entre estes dois gigantes da comunicação no norte do país temos a Super Rádio Marajoara, da família Carlos Santos (que já foi vice-governador do estado do Pará) cuja linha editorial tende a pender para uma das correntes anteriores dependendo do momento político estadual.

A Super Rádio Marajoara, do Grupo Carlos Santos, em sua grade diária possui um programa capitaneado pelo Jornalista Guto Braga, a quem tenho grande apreço por fazer um programa que leva ao ar todas as mazelas que afligem a vida do paraense. Em que pese eu, tantas vezes discordar da linha política do programa seguida pelo jornalista, não posso negar que o formato de seu programa, caracterizado por falar a língua do povo e pela veemente cobrança das autoridades envolvidas, é eficaz na busca pela solução dos problemas cotidianos da cidade.

Há dias a sociedade paraense foi surprendida quando, no meio de uma resposta, a entrevistada foi abruptamente cortada do ar, ficando ambos estupefatos (o apresentador e a entrevistada). As perguntas que ficaram no ar: por anda o MPF ante a agressão sofrida pelo povo que teve o seu direito de ouvir o que os pré-candidatos ao pleito de 2018 têm a dizer? Onde anda o sindicato dos jornalistas do estado do Pará que se mostra inerte ante a violência moral contra o jornalista Guto Braga? A OAB que não se manifestou, onde anda? E o respeito para com a mulher, pré-candidata ao Senado, a jornalista Úrsula Vidal, onde fica?

Meu irrestrito apoio ao Jornalista Guto Braga que foi desrespeitado pela direção do programa que lhe tirou, mesmo que momentaneamente, o direito de exercer a sua profissão e a minha solidariedade à Jornalista Úrsula Vidal, pré-candidata do PSOL, ao Senado que foi mal tratada pela direção do programa. O que nos falta acontecer após um programa rádio, concessionário federal, cercear a palavra do entrevistador e do entrevistado? Teríamos chegados ao “fundo do poço”?

https://www.youtube.com/watch?v=HYq99ibCFaA

 

 

Redação

Redação

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  • Nota de Repúdio
    O Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (Sinjor-PA) manifesta total apoio e solidariedade à jornalista Ursula Vidal, e ao radialista Guto Braga, apresentador do programa Comando Cidadão, da Rádio Marajoara AM – ambos vítimas da mais constrangedora e inaceitável censura orquestrada pela diretoria daquela rádio, no dia 14 último.Ursula – única mulher pré-candidata ao senado pelo Psol, uma profissional ética, responsável, justa e muito admirada entre todos - concedia entrevista ao radialista e no momento em que começou a falar sobre os problemas vividos atualmente pela população de Belém, como a falta de coleta de lixo, teve a sua entrevista inexplicavelmente interrompida por música, sem retorno para a continuidade da fala dela. O fato surpreendeu tanto a entrevistada quanto o radialista – que há 17 anos trabalhando para aquela empresa, agora foi vitima de assédio moral, conforme registrado e divulgado ao vivo pelas redes sociais da própria empresa.Não adianta tentar calar a voz da mulher que, a cada dia, vem ocupando ainda mais espaços, tendo vez e dando voz aqueles que muitas vezes não se fazem ouvir. Não adianta tentar calar a voz do comunicador, lançando mão da censura, quando algum assunto “ameaça” contrariar os negócios e os interesses da direção da Rádio Marajoara, e que, quase certo, passa longe dos verdadeiros interesses de seus ouvintes, e da comunidade em geral.É inadmissível que a censura permaneça viva nos nossos meios de comunicação. Especialmente que haja lugar para esse tipo de arbitrariedade numa rádio que se diz a voz do povo. Lembrando, ainda, que tal rádio funciona sob a autorização pública, através de uma concessão, o que torna o ato arbitrário cometido contra a jornalista Ursula Vidal e o comunicador ainda mais grave, visto que se espera da emissora, como princípio básico, atendimento aos interesses do coletivo de sua comunidade, dando voz a todos e todas.Diante desse fato, o Sinjor segue na sua luta pela valorização e respeito aos jornalistas, ao mesmo tempo em que reafirma seu compromisso irrestrito pela livre manifestação e o de realizar um grande debate sobre Censura, liberdade de imprensa e democratização dos veículos de comunicação.Nós, jornalistas, precisamos assumir o protagonismo de trazer para o nosso dia-a-dia, a discussão sobre o empoderamento, sobre mulheres no mercado de trabalho. Precisamos também estar mais fortes na luta pela democratização da comunicação, bem como por uma revisão urgente das leis de concessão de rádio no Brasil que, enquanto não ocorre, deixa a população a mercê de algumas emissoras mercenárias, que matam o bom jornalismo enquanto alimentam ‘abutres’, que prestam um desserviço, vendendo des-informação como forma de atender interesses outros que não atendem à verdadeira missão social e legal da profissão: garantir o acesso à informação.O Sinjor repudia a atitude preconceituosa, intolerante e irresponsável da diretoria da Rádio Marajoara. A liberdade de expressão é um direito de todos e deve ser exercida livre de imposições de caráter econômico ou político. Por isso, o Sinjor, mais uma vez manifestando seu repúdio à censura imposta pela Radio Marajoara AM , conclama a categoria e demais cidadãos a dar uma resposta a mais um ato vil, que pretende, como outros já denunciados e repudiados por nós, calar a voz da livre expressão, único espaço onde pode habitar a verdadeira democracia. Por fim, informamos que o fato já foi encaminhado à Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj e esperamos que a diretoria da rádio explique o ocorrido e devolva o espaço de fala à Ursula e a voz ao comunicador, como é de direito.Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará - Sinjor/PASubscrevem esta nota:Federação Nacional dos Jornalistas - FenajSindicato dos Jornalistas do AmapáSindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Acre - SinjacSindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas - SJP/AMSindicato dos Jornalistas de RondôniaSindicato dos Jornalistas de Roraima  Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Tocantins - Sindjor/TO  

     

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