A “dissidência” musical na bossa nova

Por Ramalho

Há uma “dissidência” musical na bossa nova que produziu joias tão lindas e preciosas quanto as demais vertentes do movimento. Distingue-se por músicas com harmonia assentada em metais, enquanto a bossa nova jobiniana preferiu cordas; andamento mais rápido do que as congêneres; mais ênfase rítmica; temas mais frequentemente “triviais” (menos amor romântico, menos críticas sócio-políticas, poesia com metáforas menos elaborados); mais espontaneidade melódica e harmônica (as harmonias de Tom são muito mais elaboradas); mais concisão; e muita improvisação.

Os inauguradores da vertente foram os grandes Durval Ferreira, Regina Werneck,Maurício Einhorn e a genial Leny Andrade (na época, Leny estava no auge vocal e artístico). Leny foi traço de união desse grupo (semelhantemente a Elis Regina no grupo constituído por Menescal, Edu Lobo, Boscolli, e, também, Ivan Lins e, ainda, os irmãos Valle etc.). Também Marcos e Paulo Sérgio Valle produziram músicas nesta linha.

Outros grandes artistas, como Silvinha Telles, por exemplo, têm registros musicais que apresentam semelhanças, principalmente no andamento e uso de metais para a base harmônica, provavelmente por escolha dos intérpretes.

Ouça, e delicie-se (ou não, como diria Caetano, rs):

Tema Feliz (Durval Ferreira e Regina Werneck) – Leny Andrade 

 

 

 

Sambop (Maurício Einhorn e Durval Ferreira) – Leny Andrade 

 

 

 

Batida Diferente (Maurício Einhorn, Regina Werneck e Durval Ferreira) – Leny Andrade 

 

 

 

Estamos Aí (Maurício Einhorn, Regina Werneck e Durval e Ferreira) – Leny Andrade 

 

 

 

Uau! (Paulo Sérgio e Marcos Valle) (posterior) – Leny Andrade 

 

 

 

Eu Preciso de Você (Tom Jobim e Aloísio de Oliveira) (extra) – Sylvinha Telles 

 

 

 

But Not for Me (George e Ira Gershwin ) (extra) – Sylvinha Telles