Desde a primeira vez que ouvi Marcos Sacramento, impressionou-me o talento de um cantor que vai às notas como o faminto avança sobre um prato de comida. A emissão das notas musicais, invariavelmente, vem acompanhada de força emocional, correta afinação e elogiável dicção, além de boas divisões rítmicas.
Sacramento tem a força dos bons intérpretes Força que, somada a uma admirável sabedoria (predicado percebido em cantores mais experientes), contagia o público que logo saca estar diante de um cara bom de ginga e de sentimento.
Após ouvir as treze músicas – dez só dele e três com parceiros –, gravadas em Autorretrato (Superlativa Eventos), disco lançado no segundo semestre de 2014, vieram-me à cabeça algumas frases, que era como se fossem minhas, ainda que delas eu não me lembrasse.
Encafifado, fui checar. Encontrei, então, o meu comentário sobre um de seus CDs anteriores: “A voz de Marcos Sacramento aquece em sol, vibra em bemol, soluça em dó, avança, não cabe em si… Transborda na aurora e ressurge na tarde que antecede a queda da noite, doando ao dia o que nasce sempre que o céu muda de cor”. E assim ainda é.
Apesar de ser mais conhecido como cantor e compositor de samba, seu repertório agora proclama uma volta às suas referências roqueiras, cujo DNA, diga-se, já se insinuava no CD anterior. Assim, nesse novo trabalho, Sacramento revisita suas origens musicais, provando que a maturidade rompeu fronteiras, e ele, que já integrou uma banda de pop rock, agora também brilhe neste gênero musical. E o público que o admira, seja como intérprete e compositor de samba, seja como autor e cantor pop, há de seguir apreciando-o.
Por isso, Autorretrato tem mais guitarra distorcida e contrabaixo pulsando forte do que violão de sete cordas e bandolim; mais bateria agitando no bumbo do que pandeiro e tamborim. Ainda que o CD sugira um retorno às origens, o momento presente de Sacramento me parece ser mais de experimentação, de mostrar que é capaz de conquistar outro tipo de admirador para a sua música. E de ser feliz e de se orgulhar com o novo trabalho realizado, claro.
E quem é fã de Sacramento, sacará com facilidade que ele continua um craque, independentemente do gênero que venha a abraçar. Se para ele o tempo é de mudanças que atestem sua versatilidade, e que lhe deem prazer de se apresentar como um músico eclético, o que de fato ele é, que assim seja, ora!
“O Samba Não me Quis” (Luiz Flávio Alcofra e MS) abre o disco, e é um samba rock, meu irmão. É, mas em compensação, MS rendovela sua decepção com o samba: Eu quis o samba/ Mas o samba não me quis. Tudo soa como um até breve.
E assim, banhado em guitarra, em letras bem concebidas e em bons arranjos de Daniel Vasques, Sacramento trilha uma nova/velha estrada. Vai levando na matula o que tem de melhor. Ainda que decepcionado com o samba, o samba e o rock correm em suas veias. Misturando tudo, tudo é música… música de Marcos Sacramento.
Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do mpb4
Inundadas, penitenciárias tiveram de transferir detentos para andares mais altos e não têm condições de…
Hamas aceitou uma proposta de cessar-fogo entre o Egito e o Catar para interromper a…
Em comunicado, grupo de conservadores afirma que posições do tribunal contra Israel são ‘ilegítimas e…
Após secas causadas pelo La Niña, chuvas trazidas pelo El Niño podem afetar abastecimento da…
O chefe do Executivo reiterou o desejo de fazer tudo o que estiver ao alcance…
O governo Dilma gastou R$ 3,5 mi pelo trabalho, abandonado após reforma ministerial; inundações, secas…
View Comments
Para complementar
[video:https://youtu.be/8AKwh0qDJsw%5D