Empresas internalizam captação de recursos em outubro

Jornal GGN – Outubro foi o primeiro mês de 2014 em que as empresas brasileiras concentraram a totalidade de suas captações no mercado local. Segundo dados divulgados pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), foram ofertados R$ 4,2 bilhões em valores mobiliários domésticos, a maior parte deles (R$ 3,7 bilhões) no segmento de renda fixa.

Em relatório, a consultoria explica que o cenário doméstico pré-eleitoral e o aumento da volatilidade da taxa de câmbio, especialmente em relação ao dólar, associados às expectativas em relação às decisões de política monetária dos países centrais contribuíram para a “freada” das emissões externas em outubro.

Ainda assim, no ano, o volume das captações externas já alcança US$ 44,2 bilhões, uma elevação de 28,9% em relação ao mesmo período de 2013. Como nos anos anteriores, a maior parte das operações externas foi feita com o lançamento de bonds e medium term notes (MTNs), que responderam por 92,9% do total e foram seguidas dos instrumentos de securitização e dos títulos de renda variável, com participações de apenas 4,6% e 2,5%, respectivamente. Dentro do segmento de renda fixa, as empresas e o Tesouro Nacional foram os emissores que mais se aproveitaram das características favoráveis do ano e ampliaram seus volumes de captações em 16,2% e 47,4%, respectivamente, em relação ao realizado em todo o ano de 2013. Já entre os setores de atividade, as ofertas externas foram lideradas até o momento, em volume, pelos setores de petróleo e gás, com 36,3% das captações, e financeiro, responsável por 21,6% das emissões.

No início de novembro, o anúncio de novas operações externas, com destaque para emissões atreladas a outras moedas que não o dólar, pode contribuir para o aumento da participação das ofertas externas no perfil de captações das companhias em 2014.

O período também se destacou pela primeira oferta inicial com ações (IPO) do ano, da Ouro Fino Saúde Animal Participações, que movimentou R$ 418 milhões. “A oferta ocorreu a despeito da intensa volatilidade nos preços dos ativos do segmento de renda variável no período, o que foi possível graças ao formato da oferta, que contou com a participação de um fundo de private equity como investidor âncora“, diz a associação.  Este foi o primeiro IPO desde dezembro de 2013 e a segunda oferta com ações em 2014. Com isso, no ano, o total das ofertas no segmento de renda variável soma R$ 15,4 bilhões, o que representa uma queda de 24,6% em relação ao mesmo período de 2013.

Notas promissórias voltam a ser destaque

Nas operações encerradas em outubro, as notas promissórias voltaram a se destacar. Os ativos de prazos mais curtos responderam por R$ 1,9 bilhão (51,7% do volume total) em nove operações. As debêntures totalmente distribuídas no mês chegaram a R$ 1,5 bilhão em seis emissões, enquanto apenas uma oferta de CRI movimentou R$ 321 milhões.

Porém, levando-se em conta as debêntures ainda em processo de distribuição e os ativos emitidos nas primeiras duas semanas de novembro, o montante das debêntures sobe para R$ 8,2 bilhões. Entre os ativos do período (outubro a meados de novembro), permanece elevada a participação dos atrelados à taxa DI, que responderam por 74,8% do total, enquanto os ativos indexados ao IPCA tiveram peso de 21,6%. Esta participação, contudo, se ampliou significativamente em comparação ao acumulado no ano até outubro, que havia sido de apenas 8,4%.

A participação das debêntures com esforços restritos se manteve elevada, correspondendo a quase 90% dos ativos emitidos entre o início de outubro e meados de novembro. Segundo a Anbima, as exceções ficaram por conta de duas ofertas atreladas à Lei 12.431, que passaram pelo procedimento de registro na CVM: a da Concessionária do Sistema Anhanguera Bandeirantes, que movimentou R$ 545 milhões, e a da Concessionária do Aeroporto Internacional de Guarulhos, com volume de R$ 300 milhões. Esta é a segunda vez que esses dois emissores captam recursos com debêntures via Lei 12.431. Em outubro de 2012, a Autoban havia captado R$ 135 milhões, e a Concessionária do Aeroporto de Guarulhos captou R$ 300 milhões em março de 2014.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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