A manipulação da Grande Imprensa e a falha da blogosfera progressista em desmenti-la.

No dia de hoje (19/12/2017) a manchete do Estadão “Total de servidores públicos aumenta 83% no País em 20 anos” com subtítulo “Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que maior parte do aumento foi no funcionalismo municipal” e do G1 “Gasto anual do país com servidor público ativo chega a R$ 725 bilhões, aponta Ipea” com subtítulo “Despesa feita pelos governos em 2017 correspondeu a 10,5% do PIB, segundo estudo. Entre 1995 e 2017, número de funcionários na União, estados e municípios passou de 7,5 milhões para 12 milhões.”, ambos dos artigos baseados no estudo do IPEA – Atlas do Estado Brasileiro: Uma Análise Multidimensional da Burocracia Pública Brasileira em Duas Décadas (1995-2016).

A análise do IPEA se olhada na sua origem mostra uma realidade totalmente diferente do que as manchetes pretendem induzir, porém era de se esperar que a chamada “Blogosfera Progressista” fizeste uma contra análise baseada nos dados do IPEA no lugar de simplesmente ficar de mimimi contra as falsidades da grande imprensa.

O acesso ao trabalho do IPEA é aberto a qualquer um, e é só procurar e se acha no seguinte link aqui. Pois se alguém olhar com cuidado o trabalho se vê exatamente o contrário que as manchetes querem induzir.

Neste trabalho detalhado de 45 páginas é escrito e diagramado de forma de simples acesso que qualquer jornalista com uma formação mínima de economia conseguiria desmanchar o discurso, fazendo em parte o trabalho que os preguiçosos jornalistas progressistas poderiam fazer, no lugar de ficar simplesmente requentando notícias velhas para preencher seu tempo de trabalho.

No primeiro gráfico do trabalho a indução de que o serviço público está inchando é demonstrada na comparação entre o número de servidores públicos em relação aos da iniciativa privada, mostra que enquanto o número de ocupados na iniciativa privada aumentou em 2,033 vezes, no setor público aumentou 1,600 vezes, ou seja, se fosse dizer que houve um inchaço em determinado setor este seria na iniciativa privada!

 

Gráfico 1. Total de vínculos (acumulados) nos setores público e privado no Brasil de 1995 até 2016.

Há outro dado que os trabalhadores considerados no estudo são somente os formais, e segundo o mesmo trabalho estes são praticamente nulos no setor público e 40% no setor privado, e durante o período em questão este número aumentou muito.

Considerando a relação do número de servidores públicos em relação aos trabalhadores formais da iniciativa privada que constam no RAIS no período se passou de 22,3% para 17,34%, ser considerarmos somente as empresas públicas de capital misto a queda foi de 18% para 17%. Resultando numa proporção trabalhadores públicos para a na iniciativa privada o que realmente ocorreu neste período foi um ENCOLHIMENTO DO ESTADO e não inchaço da máquina pública.

Note-se que o maior incremento dos servidores públicos foi nos municípios, pois enquanto no serviço público federal (civil e militar) houve um aumento de 25%, no estadual de 28% no municipal atingiu um incremento de 175%.

O mais interessante que se ampliarmos o período se verá claramente que de 1991 a 2018 o número absoluto de servidores federais caiu no lugar de subir. Considerando que a população brasileira em 1990 era de 147 milhões e em 2018 é em torno de 208,5 milhões, durante este período houve uma forte redução de funcionários públicos federais (civis e militares) fortemente decrescente.

O trabalho desmistifica por completo todos os discursos liberais do Estado Mínimo, pois mostra que já estamos neste ponto e não são as burocracias estatais civis que impedem o nosso crescimento, pois precisamos cada vez mais de saúde, educação e segurança, e o único desperdício que vemos é a gastança de umas forças armadas que simplesmente não protegem a integridade do patrimônio nacional, inclusive ajudando-o a vende-lo. Logo talvez se há alguma economia possível ela está por aí.