Prezado Nassif, amigas/os, tive que ler, reler e “treler” as duas notícias abaixo publicadas no Portal Terra, dia 13, e na Folha de São Paulo, hoje.
Inacreditável.
Merece um destaque, estudo de caso e denúncia.
Sugiro que as leiam combinando com o que segue um pouco antes, onde faço breves observações.
Alguma dúvida da importância de mantermos a discussão sobre energia?
Alguma dúvida sobre o contexto cada vez mais complicado para SP com a gestão tucana?
Estamos vivendo há quanto tempo a crise da energia?
E o Sol, está onde?
Favor ler, senhoras/es.
Gustavo Cherubine
http://vizinhosdoshopping.blogspot.com/2011/02/mais-uma-da-serie-geradores-diesel.html
Obs 1: Milhares de prédios residenciais e comerciais (estima-se 20 mil) em São Paulo estão usando tais geradores movidos a diesel. Imaginem o impacto ambiental e sonoro. Agora, a atual gestão quer torná-los um instrumento de política pública (Inacreditável!).
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100920/not_imp612387,0.php
20 de setembro de 2010 | 0h 00
Empresas de energia e de rodovias lucram mais
Concessionárias de serviços públicos lideram o ranking de rentabilidade
…
Obs 2: Eis o resultado do modelo tucano paulista neoliberal: lucro máximo aos exploradores privados incompetentes.
http://www.eletrosul.gov.br/gdi/gdi/cl_pesquisa.php?pg=cl_abre&cd=hjlcdb5~CWkji
As empresas de energia elétrica estão correndo contra o tempo para investir ainda neste ano mais de R$ 2 bilhões em programas de eficiência energética e de pesquisa e desenvolvimento, obrigatórios por lei. São recursos (Nota minha: entrem no link e leiam. AES deve aos paulistas 200 milhões de reais, a CEMIG deve aos mineiros 400 milhões de reais.) que já deveriam ter sido aplicados ao longo dos últimos anos, mas ficaram parados no balanço das companhias.
…
Obs 3:O abuso por parte das concessionárias configurando crime continuado. Impunes e transferindo cada vez mais a riqueza para si mesmos, além de impedir a EE e uma série de benefícios sociais e ambientais.
E aí, vocês acham que eles fizeram o que com os milhões “parados no balanço”? Investiram em energia solar ou na biomassa residual? Investiram em educação ambiental? Quantos sistemas de energia solar FV e térmico, além de redes inteligentes, foram financiados?
Leiam agora a sequência abaixo.
Abraços, Gustavo Cherubine.
SP: governo propõe geradores próprios para iniciativa privada
13 de fevereiro de 2011 • 09h31
Sob risco de novos apagões, o governo de São Paulo vai propor a grandes consumidores do Estado para que eles gerem sua própria energia. A ideia é que empreendimentos comerciais e residências saiam do sistema elétrico no horário de pico. A proposta é do secretário de Energia, José Aníbal. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, na última terça-feira, um problema de transmissão deixou cerca de 2,5 milhões de pessoas sem energia na capital.
Segundo o jornal, o governo admite novos apagões novamente na zona sul, e também na zona norte e no ABC paulista. Segundo Aníbal, esses grandes consumidores precisam ter geração própria, até por prudência. O governo, porém, não pretende tornar a medida obrigatória.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1602201103.htm
São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
ELIO GASPARI
Depois da privataria, o “macrogato”
O tucanato vendeu o patrimônio da Viúva e agora sugere que a patuleia compre geradores de energia
O secretário de Energia do governo de São Paulo, José Aníbal (PSDB-SP), anunciou que shoppings centers, empreendimentos comerciais e conjuntos habitacionais “vão ter que ter” geração própria para evitar apagões. Nas suas palavras:
“Nos momentos de pico, eles saem da rede e fazem geração própria. Vai ter que trabalhar nisso. Isso não é só saudável do ponto de vista do conjunto do sistema, como é prudente do ponto de vista das insuficiências da transmissão da empresa que está aí. Vamos estimular”.
O que o doutor propõe é um salto para o século 19, com a criação de um sistema avulso de geração de energia elétrica, o “macrogato”.
Um absurdo ambiental, porque os geradores queimam óleo diesel; econômico, porque o equipamento de um edifício residencial custa algumas dezenas de milhares de reais; e financeiro, porque o freguês gastará com a manutenção da máquina enquanto ela estiver parada.
Tudo isso e mais a pontual conta de uma energia que às vezes vem, mas pode não vir.
“Há 12 anos, quando o tucanato vendeu a Eletropaulo, prometiam-se rios de mel. Os novos donos fariam investimentos, o sistema melhoraria e todo mundo ficaria feliz, até porque a estatal se tornara um ninho de espertalhões.”
“Em 1998, a Eletropaulo foi vendida pelo preço mínimo porque um dos arrematantes, a AES, tinha um contrato de gaveta com o consórcio rival da Enron. O BNDES financiou os compradores e, já no governo petista, a AES não pagou uma dívida de US$ 336 milhões. Resolveu-se o calote espichando-se o prazo do empréstimo. (Entre 1998 e 2001, a AES remeteu aos seus acionistas internacionais US$ 318 milhões.)
A privataria tucana transformou-se na privataria petista, subordinando o Ministério de Minas e Energia, bem como a Aneel, ao aparelho dos companheiros-empresários.”
Por conta da decadência do sistema elétrico (“o melhor do mundo”, para o ministro Edison Lobão), “pode-se estimar que haja em São Paulo algo como 20 mil geradores instalados até mesmo em restaurantes e edifícios residenciais.
No Rio podem ser 5.000. Essa gambiarra degenera o sistema, remunera a inépcia e derruba a produtividade da economia. Num país onde os cidadãos pagam duas vezes pela educação e pela saúde (uma para a Receita e outra para a rede privada), o doutor José Aníbal apresenta a matriz energética do “gato”. “
“Vale lembrar que o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin,
era o presidente do Conselho Diretor do Programa de Desestatização do Estado quando a Eletropaulo foi vendida.”
O sistema elétrico brasileiro, como o ferroviário e o de telefonia, já foi privado, passou para a Viúva e retornou ao mercado. Em tese, o empresário presta o serviço, recebe tarifas, investe e remunera-se.
Na prática, uma relação incestuosa entre os operadores e o Estado resulta no desestímulo aos investimentos e na degradação dos serviços.
Nessa hora, se a empresa é pública, privatiza-se. Se é privada, estatiza-se. Na ida ou na volta, alguns maganos fazem a festa.
Quando o secretário de Energia de São Paulo sugere a criação de um “gato” de geradores, pode-se suspeitar que a estatização passou a ser vista como um bom negócio pelos concessionários beneficiados pela privataria.
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