Coluna Econômica – 20/10/2011
Nas discussões sobre a taxa Selic há uma certa confusão conceitual reiteradamente repetida, agravada por uma visão estática da economia.
A confusão conceitual é sobre as formas como a Selic atua sobre as metas de inflação.
Como se recorda, o sistema de “metas inflacionárias” funciona assim:
Mas de que maneira a taxa de juros influi na inflação? Através da queda do ritmo da atividade econômica. A economia anda de forma mais lenta, o consumidor consome menos e as empresas retém menos estoques. Com isso, há mais dificuldade em aumentar os preços.
Mais ainda.
A economia costuma responder com alguma defasagem às medidas econômicas ou a eventos ocorridos. Se se aumentam os juros hoje, há um determinado prazo para que os efeitos corram pelas veias da economia até começar a afetar a atividade.
No final do ano passado foram tomadas várias medidas visando conter o consumo, as chamadas “medidas prudenciais”, como encurtamento de prazo de financiamento, obrigatoriedade de uma entrada maior etc. Ao mesmo tempo, a Selic vinha numa escalada de altas.
Na inflação interna, havia um componente de demanda interna, mas o principal fator era externo: o preço das commodities agrícolas que, aumentando nos mercados internacionais, refletia-se também nos preços internos.
Na penúltima reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central), constatou-se que já estaria ocorrendo o desaquecimento da economia interna, resultado das medidas prudenciais, que seria acentuado pelo aumento da crise internacional – diminuindo a demanda para as exportações brasileiras.
E aí se entra na segunda parte da história: a capacidade de prever o ritmo da economia.
Houve quem comparasse a economia a um transatlântico. O piloto gira o leme agora, o navio levará um certo tempo para seguir a nova rota planejada.
No caso da economia, o bom analista é o que prevê como estará a economia nos próximos meses. Com receio de errar apostas, em geral os analistas de mercado se limitam a analisar o retrato da economia agora.
Trata-se de uma rematada superficialidade. Como planejar os próximos passos de política econômica, sem ter uma avaliação sobre os efeitos completos das medidas anteriores?
Avalie-se o enorme carnaval armado contra a redução de meio ponto (!) da taxa Selic. Dizia-se que o BC não pode fazer apostas em cima da inflação. Como não? Todas as análises de cenário, por bancos, consultores, analistas embute, no fundo, uma aposta. Os dados do IBGE comprovam que está havendo um nítido desaquecimento do PIB (Produto Interno Bruto). A manutenção da taxa Selic significaria aprofundar mais ainda a queda da atividade econômica.
O grande problema da inflação brasileira ainda é a indexação de contratos e o sistema de títulos públicos baseados em taxas pós-fixadas.
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