São Paulo – Numa atitude quase secreta, Sergio Moro, ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, concedeu aumento à elite da Polícia Federal. A medida provisória publicada no dia 3 de janeiro reestrutura cargos, distribui aumentos e gratificações.
O impacto mensal na folha salarial será de mais de R$ 500 mil. Ao todo, o reajuste custará aos cofres públicos quase R$ 8 milhões, considerando pagamento de 13º salário, férias e encargos sociais, segundo o Ministério da Economia.
A MP, assinada por Moro, pelo secretário-executivo da Economia, Marcelo Pacheco dos Guaranys, e pelo presidente Jair Bolsonaro, derruba o discurso de austeridade do governo, usado para justificar medidas como a “reforma” da Previdência. A avaliação é do comentarista político da TVT João Cayres.
“O discurso de austeridade, de ajuste fiscal só ficou para os pobres”, disse. “O governo Bolsonaro fez uma reforma da Previdência que atinge em cheio a maioria da população brasileira, inclusive viúvas, cortando direitos. A reforma trabalhista feita por Michel Temer e ampliada por Bolsonaro tirou direitos históricos dos trabalhadores. Fez com que o padrão de renda caísse e não se gerou nada de emprego novo de qualidade. Pelo contrário, criou-se mais informalidade”, critica Cayres.
“Esse discurso de que não tem dinheiro, que tem de reduzir os gastos, só vale para a população mais pobre. Um exemplo é o baixo reajuste do salário mínimo.”
O reajuste concedido por Moro somente à cúpula da PF causou polêmica dentro da corporação. Um outro havia sido concedido aos policiais rodoviários federais. “O aumento atinge a cúpula e isso deixou os outros agentes e funcionários em polvorosa”, relata Cayres. “Por trás disso, um agrado aos amigos de Curitiba que foram promovidos à alta cúpula da Justiça Federal já com Sergio Moro ministro da Justiça.”
A Federação Nacional dos Policiais Federais se pronunciou. “A medida provisória traz mero ajuste e ampliação das funções de chefia e não promove restruturação na Carreira da PF, que aguarda desde 1988 o cumprimento do mandamento do Constituinte Originário, em relação à regulamentação da estruturação em Carreira”, afirmou, em nota.
Cayres lembra também os privilégios dos militares mantidos na reforma da Previdência. “A lei diz que todos são iguais, mas para a turma de Bolsonaro e Sergio Moro alguns são mais iguais que os outros.”
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