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Diga Não aos 33!

Diga Não aos 33!

Almir Forte

A vida se constrói a cada dia, seus projetos, seus sonhos e sua luta que muitas vezes pode se modificar radicalmente. E nunca saberemos o que fizemos de certo ou errado, como contribuímos para o resultado de uma alegria, uma tristeza, um dia de paz ou de tragédia, onde nos deparamos com a imprevisível e animalesca atitude do ser humano.

Assim foi no passado distante de guerras em nome dos deuses, dos homens, dos sábios e dos idiotas vistos como grande conquistadores e dominadores que a humanidade outrora conheceu, no império romano, na conquista da América, ou nas atuais e modernas guerras do Afeganistão e do Iraque.

As imensas riquezas do derrotado se transforma em espólio do conquistador, os homens serão mortos ou subjugados e as mulheres entregues aos soldados como prêmio para serem violentadas, estupradas, abusadas e muitas vezes mortas. É o prêmio aos “soldados heróis”, mais barato e agrada mais que o pagamento em dinheiro, segundo os especialistas em finanças da guerra.

Assim, a cultura do estupro se propagou através dos séculos até os dias atuais, onde não é mais necessário vencer alguma guerra para ter o direito de violentar, espancar e estuprar mulheres. Basta encontrar a vítima, pegar e levar a um lugar a apropriado e fazer o “trabalho”, depois, espera que ao denunciar o crime, a vítima será contestada e sua moral colocada sob suspeita.

Porque se depender do sistema será varrido para debaixo do tapete de uma delegacia qualquer e a vítima como sempre, será humilhada, considerada culpada, acusada de qualquer coisa, jamais considerada um ser humano que teve sua vontade desrespeitada.

Combater esse crime é contestar toda uma cultura sedimentada no exercício do poder do mais forte, do dono, do colonizador, do senhor, da falta de escrúpulos, do desconhecimento, da incompreensão e do papel que cada um desempenha em nossa sociedade, muitas vezes aculturada e preconceituosa ao ponto de considerar como normal ou fingir que tal crime não existiu.

Embora a sociedade tenha sido construída em sintonia com o sistema de poder machista, que reflete em todo o aparato educacional, jurídico, policial e cultural, a indignação de uma parcela consciente da população se torna necessária para denunciar e combater essa cultura do estupro que com o tempo se cristalizou na humanidade.

O lamentável, absurdo e cruel estupro coletivo de uma jovem no estado do Rio de Janeiro, protagonizado por trinta e três coisas que se dizem seres humanos acendeu o sinal de alerta e levou luz a um assunto que muita gente finge não ver.

Nesse moderno mundo do século XXI, não deveria haver mais espaço para tamanha covardia. O homem que já fez descobertas maravilhosas no campo das artes, da ciência, da tecnologia, conquistou o espaço, visitou a lua, procura por vida em marte e não descobriu que a vida existe na terra e pode ser representada com muita dignidade na pessoa de uma mulher.

Está na hora de dar um basta a tudo que se apresenta obscuro, oculto, mas que destrói o que um dia foi sagrado, ou seja, a vida expressa no corpo da mulher, da menina, da mãe, da deusa inspiradora da vida e dos poetas.

Diga não a cultura do estupro. Diga não aos 33. Diga sim a vida, a igualdade e a liberdade de todas as mulheres.

 

 

 

 

 

 

 

Redação

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