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Estado palestino interessa aos EUA e a Israel

[Vamos começar a olhar para o Oriente Médio pelo que realmente pode acontecer, levando em conta as reais posições de força e interesses envolvidos, ou apenas “torcer” em torno de uma história de 65 anos? Há vários aspectos com frequência subestimados para o momento: a)a emergência de repúblicas árabes não-seculares não implica em anti-americanismo, ao contrário, pode haver maior alinhamento que antes destas às petromonarquias tradicionalmente pró-EUA; b)já há parte do Hamas aceitando as fronteiras de 1967 – e mesmo falar em fronteiras de 1948 já é uma concessão ao reconhecimento de Israel; c)ainda que Egito e Turquia forneçam apoio logístico e humanitário a Gaza, isso não lhes retira a condição de principais países da região com relações diplomáticas com Israel, sendo um ora dependente de ajuda externa e outro ora participante da OTAN; d)o rompimento entre Hamas e governo Assad pode ser sintoma de um movimento maior de contraposição, por parte de países árabes sunitas, à emergência do Irã como protagonista; e)se é crescente internacionalmente o reconhecimento do conceito de dois estados pelas fronteiras de 1967 – como exemplo o amplo reconhecimento dessa tese pela América Latina, também será crescente a pressão para que a Palestina seja desmilitarizada; f)a despeito da maior independência egípcia, a influência relativa dos EUA na região talvez seja a maior desde a Revolução no Irã, o que desautoriza prever concessões muito mais do que cosméticas deste país (EUA); g)a grande questão é o quanto Israel conseguirá manter da ocupação por colonos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental.]

 

São quatro artigos na sequência, três de hoje, 27.11, e o último de ontem.]

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,estado-palestino-interessa-aos-eua-e-a-israel,965653,0.htm

Estado palestino interessa aos EUA e a Israel

 

Análise: Yossi Beilin / NYT – O Estado de S.Paulo
O cessar-fogo que pôs fim à recente explosão de violência entre Israel e os palestinos aumentou a popularidade do Hamas. A organização extremista tornou-se a única interlocutora do mundo árabe para o Ocidente e indiretamente para Israel. Mas o Hamas recusa-se a reconhecer a existência de Israel. Por outro lado, a pragmática Autoridade Palestina, dirigida pela Fatah de Mahmoud Abbas, vem perdendo legitimidade e os ataques de Israel contra Gaza a enfraquecerão ainda mais. Negociar com o Hamas pode garantir uma certa tranquilidade, mas o grupo não pode ser um parceiro para a paz. Se o mundo apoiar a facção palestina que reconhece Israel, evitará a violência. A comunidade internacional terá essa oportunidade depois de amanhã, quando Mahmoud Abbas apresentará seu pedido para o reconhecimento de um Estado palestino na ONU. Se EUA e Israel continuarem a se opor, será um golpe mortal para Abbas e acabarão premiando o Hamas.
  Nesta semana faz 65 anos, exatamente na quinta-feira, que os palestinos e seus amigos no mundo árabe rejeitaram expressamente a Resolução 181 da Assembleia-Geral da ONU que reconhecia a necessidade de criar um Estado judaico ao lado de um Estado árabe na Palestina sob Mandato Britânico. Agora os palestinos admitem seu erro e pedem à mesma assembleia para reconhecer um Estado palestino ao lado de Israel, requerendo que as fronteiras do seu Estado sejam determinadas com base em negociações com os israelenses. Entretanto, os partidos de direita em Israel – que em 1993 rejeitaram os Acordos de Oslo, que previam a retirada israelense de áreas da Cisjordânia e Faixa de Gaza e uma autonomia palestina sobre essas áreas – estão agora usando e abusando desses acordos para impedir o reconhecimento de um Estado palestino.
Há quatro anos não há negociações adequadas. E como Abbas se atém aos princípios da não violência, a via diplomática, como a busca do reconhecimento do Estado, essa é a única maneira de colocar os palestinos de novo na agenda global. Além disso, Abbas esclareceu que se a ONU decidir pelo reconhecimento do Estado palestino, ele concordará em negociar com o governo de Israel sem precondições, o que é interessante para os EUA e Israel. A diferença é que as negociações seriam mantidas entre dois Estados reconhecidos internacionalmente. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É EX-NEGOCIADOR ISRAELENSE x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,solucao-de–dois-estados–corre-perigo–,965644,0.htm Solução de dois Estados corre perigo

 

Os países que têm mais influência na região devem votar a favor dos palestinos na ONU antes que seja tarde demais

GRO H. BRUNDTLAND & JIMMY CARTER / THE NEW YORK TIMES – O Estado de S.Paulo
Se os recentes lançamentos de foguetes contra Israel e os ataques aéreos israelenses contra Gaza nos ensinam algo é que deixar as coisas como estão no Oriente Médio não é uma opção segura nem para israelenses, nem para palestinos. No atual clima político, é muito improvável que se possa dar início a conversas bilaterais entre Israel e os palestinos. Faz-se necessária uma ação que modifique a dinâmica em vigor. Do alto de nossos anos e de nossa experiência na vida pública, acreditamos que o reconhecimento do Estado palestino pela ONU atende a essa necessidade.
  Na quinta-feira, os países-membros da ONU votarão uma resolução que confere a condição de “Estado observador” à Palestina, um avanço significativo em relação à condição atual de “entidade observadora”. Aconselhamos a todos os países-membros que votem a favor dessa resolução. Ao recorrer à Assembleia-Geral, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, não está embarcando num ato de provocação. Tampouco está minando a confiança ou se desviando da busca pela paz, como dizem seus críticos.
A aprovação da resolução é um voto a favor dos direitos humanos e do estado de direito. É totalmente consistente com o compromisso que os EUA, a Europa e o restante do mundo têm há décadas com uma solução de paz para o Oriente Médio, com base na criação de um Estado palestino viável, que exista lado a lado com Israel. Trata-se de um ato diplomático legal e pacífico, e está de acordo com resoluções prévias da ONU e com a lei internacional. No entanto, é uma questão delicada e sabemos que muitos países pensam em se abster ou votar contra a resolução. É provável que a rejeição da proposta represente o sepultamento da solução de dois Estados, empurrando-nos para um desfecho com um Estado apenas, com consequências incertas e potencialmente catastróficas para israelenses e palestinos.
Vejamos o que significaria um desfecho com um Estado apenas. São duas as possibilidades. Na primeira, Israel anexa a Cisjordânia e concede aos palestinos cidadania plena – coisa que parece improvável e acabaria por deixar os judeus em minoria no país. Na segunda possibilidade, Israel recusa a cidadania plena à sua população não judaica. Num caso, como no outro, nega-se aos palestinos o estado de liberdade e dignidade que é seu direito, e tampouco se garante ao povo judeu uma pátria segura e democrática. Por outro lado, um apoio amplo à resolução estaria de acordo com aquilo em que a maioria das pessoas em todo o mundo – até mesmo em Israel e nos territórios palestinos – acredita: que a solução de dois Estados continua a ser o caminho mais certo para a paz no Oriente Médio. Restrição. Há um mês, estivemos juntos no Monte das Oliveiras, numa visita às instalações do Augusta Victoria Hospital. Esse hospital palestino é um modelo de excelência no tratamento de câncer e está situado a apenas alguns quilômetros do restante da Cisjordânia. No entanto, os palestinos enfrentam enormes dificuldades para passar pelos bloqueios israelenses e ter acesso ao atendimento hospitalar de que necessitam.
Graças à posição geográfica privilegiada do hospital, de lá pudemos ver os assentamentos israelenses que vêm se espalhando pela Cisjordânia, assim como as cercas de arame, os muros altos e as estradas que separam cada vez mais os judeus e os árabes. A taxa de crescimento dos assentamentos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia é assombrosa. Há mais de 500 mil colonos israelenses vivendo além da Linha Verde, em desrespeito à lei internacional. Esse número mais que dobrou desde os acordos de paz celebrados em Oslo, em 1993. Milhares de outras moradias em assentamentos estão sendo projetadas ou estão em construção. Retrocesso. O processo de paz estabelecido em Oslo não está apenas paralisado. Há um retrocesso a passos largos. A cada nova família palestina que é desalojada ou cuja casa é demolida, a cada nova moradia que é construída além da Linha Verde para abrigar colonos judeus, a integridade do território prometido aos palestinos fica mais comprometida.
A aprovação da resolução ajudará a preservar a solução de dois Estados e melhorará as perspectivas de uma nova rodada de negociações. Esperamos, além disso, que as ameaças de aplicar punições financeiras, ou de qualquer outra natureza, aos palestinos – por terem recorrido a uma alternativa a que eles tinham todo o direito de recorrer – sejam retiradas. Há quem diga que a votação deveria ser adiada. Mas isso é só uma tentativa de não fazer nada. A desilusão e o cansaço que predominam entre israelenses e palestinos pedem líderes internacionais dispostos a agir com ousadia. Sabemos que há muitos israelenses que compartilham da nossa visão de que retomar a solução de dois Estados é fazer reviver a própria viabilidade da paz e, portanto, está de acordo com o interesse fundamental de Israel. Instamos principalmente os países que detêm mais influência sobre as duas partes envolvidas – os EUA, a União Europeia e os países árabes – a votarem juntos a favor da resolução, salvando, assim, a solução de dois Estados, antes que seja tarde demais. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
  GRO H. BRUNDTLAND É EX-PRIMEIRA-MINISTRA DA NORUEGA / JIMMY CARTER É EX- PRESIDENTE DOS EUA ENTRE 1977 E 1981 E PATROCINOU OS ACORDOS DE CAMP DAVID, EM 1978, E O TRATADO DE PAZ ENTRE EGITO E ISRAEL EM 1979 x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x

http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,franca-votara-pelo-reconhecimento-da-palestina-na-onu,965911,0.htm França votará pelo reconhecimento da Palestina na ONU

 

Chanceler francês, Laurent Fabius, defendeu voto em favor dos palestinos; segundo ele, não há incoerência

PARIS – O ministro francês de Relações Exteriores, Laurent Fabius, disse nesta terça-feira, 27, que a França planeja votar em favor do reconhecimento do Estado palestino na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta semana.

 
Nasser Ishtayeh/AP
Palestinos afixam cartazes com fotos de Abbas e Arafat em Nablus
Fabius afirmou ao parlamento que o país tem apoiado a ambição palestina e “responderá sim” quando o tema for indicado para votação “sem preocupações de coerência”. Com o anúncio, a França, membro permanente do Conselho de Segurança, se torna o primeiro grande país europeu a se manifestar a favor da causa palestina. Por outro lado, a decisão significa um retrocesso para Israel.
Os palestinos dizem que a Assembleia deve votar em uma resolução na quinta-feira que elevará a sua condição na ONU de observador para estado observador não membro, uma medida que eles consideram como um passo importante em direção a uma solução de dois Estados com Israel. As informações são da Associated Press
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http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,hamas-apoia-pedido-de-abbas-na-onu-em-demonstracao-de-uniao-palestina,965450,0.htm Hamas apoia pedido de Abbas na ONU em demonstração de união palestina

 

Autoridade Palestina vai pedir status de Estado observador na Assembleia-Geral das Nações Unidas em novembro

GAZA – O grupo islâmico Hamas disse nesta segunda-feira, 26, que apoia a tentativa do presidente palestino, Mahmoud Abbas, de ganhar mais poder para os palestinos na Organização das Nações Unidas, no mais recente sinal de uma reaproximação entre os rivais políticos.  
Mohamad Torokman/Reuters
Palestinos, com cartazes de Abbas, apoiam pedido na ONU

Os palestinos estão registrados como uma entidade observadora na ONU e Abbas quer vê-los ganharem status de “Estado observador” em uma votação da Assembleia-Geral da ONU em 29 de novembro, dando-lhe acesso a outras organizações internacionais. A decisão do Hamas foi inesperada. O grupo não reconhece o direito de Israel de existir e rejeitou as tentativas anteriores de Abbas de promover a causa palestina no palco diplomático. Abbas comanda a Cisjordânia ocupada. O Hamas governa a Faixa de Gaza e acaba de travar um conflito de oito dias com Israel. Depois de mais de cinco anos de profundas divisões, as duas principais forças políticas nos territórios palestinos têm mostrado sinais, na última semana, de que estariam prontas para retomar as negociações sobre unidade – impulsionadas pelo ataque israelense a Gaza.
Israel afirma que lançou a ofensiva para interromper o lançamento de foguetes a partir do enclave costeiro para suas cidades do sul. Abbas denunciou o ataque israelense e enviou um oficial sênior para Gaza, em uma demonstração de solidariedade com a região. Assim que os combates cessaram, as facções rivais anunciaram que iriam libertar os seus respectivos prisioneiros políticos. LINHA-DURA

O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que o grupo apoiava qualquer ganho político que Abbas poderia alcançar nas Nações Unidas “sem causar nenhum dano aos direitos nacionais palestinos”. O chefe político do Hamas, Khaled Meshaal, que vive no exílio, contou a Abbas por telefone sobre sua mudança de opinião, informou o Hamas em um comunicado.
Negociações diretas de paz entre Israel e Abbas fracassaram em 2010 sobre a questão da construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental – território que os palestinos querem para seu futuro Estado. O Hamas pode ter dificuldades para explicar a nova posição a alguns de seus partidários linha-dura. No sábado, o líder sênior do Hamas, Mahmoud al-Zahar, havia pedido a Abbas para não ir a Nova York. A iniciativa de Abbas na ONU “representa uma concessão oficial da terra de 1948”, disse Zahar aos jornalistas, referindo-se ao ano em que Israel proclamou sua independência após o fim do domínio britânico na região. Enquanto líderes do Hamas aceitam a noção de um Estado palestino ao longo das linhas estabelecidas antes da guerra do Oriente Médio de 1967, eles dizem que isto deve ser apenas uma solução transitória antes da eventual criação de uma nação com base nos limites de 1948. Abbas disse que apoia uma solução de dois Estados com base em fronteiras de 1967.

Redação

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