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Ary Barroso
RUY CASTRO - FOLHA
Monumento sonoro
RIO DE JANEIRO - O resultado de 12 anos de trabalho se materializou. A caixa "Ary Barroso - Brasil Brasileiro", com 20 CDs contendo os 316 fonogramas originais da obra de Ary entre 1928 e 1963 --por Mario Reis, Aracy Cortes, Carmen Miranda, Francisco Alves, Silvio Caldas, Aracy de Almeida, Ciro Monteiro, Dircinha e Linda Batista, Orlando Silva, Jorge Goulart, Elizeth Cardoso, Marlene, muitos mais-- estará nas lojas em janeiro.
A façanha é do pesquisador Omar Jubran, que, em 2000, já tinha nos prestado igual serviço sobre Noel Rosa. Aqui é assim: um homem se encarrega, sozinho e por amor, de uma empreitada que, nos EUA, exigiria uma equipe bancada por uma instituição. Sendo que, no Brasil, os discos antigos não vão para arquivos quando morrem, mas agonizam em sebos, porões, sótãos --sujos, riscados, rachados-- ou, com sorte, sobrevivem na coleção de algum abnegado.
Da obra de Ary, com ou sem parceiros, saíram pelo menos 30 obras-primas, das quais "Aquarela do Brasil", "Na Baixa do Sapateiro", "Camisa Amarela", "Faceira", "É Luxo Só", "No Rancho Fundo", "Na Batucada da Vida", "Morena Boca de Ouro", "Os Quindins de Iaiá" e "Boneca de Piche" foram só algumas, e outras tantas que mereciam a mesma glória.
Há sempre surpresas em integrais como esta. Uma é constatar que Ary, nascido em Minas Gerais, já tinha composto 11 sambas sobre a Bahia antes de homenagear seu Estado natal com "Aquarela Mineira", em 1950. Outra é que, depois da consagração de "Aquarela do Brasil", em 1939, Chico Alves só voltaria a gravar Ary em 1948 --Ary brigou com Chico por este ter transformado o "mulato inzoneiro" em "rizoneiro", que não existe.
A cultura brasileira deve este monumento sonoro ao MIS-SP e à fábrica NovoDisc, de Manaus. As gravadoras comerciais, coerentes com sua história, não se interessaram.
Eu felizmente já conhecia,
Eu felizmente já conhecia, deveria ser lançado como "momento histórico" para
gerações fururas. Dias dificeis.