Toda campanha é sempre tudo igual. As pesquisas começam e dou um jeito de escrever alguma coisa sobre a “margem de erro”. Para manter a tradição, não custa lembrar:
1. As pesquisas por amostragem não foram inventadas para acertar um resultado “na mosca”. Elas nos oferecem um intervalo no qual o dado encontrado na amostra, provavelmente, está na população. No lugar de dizer: Celso Russomanno tem 27% dos votos; o mais correto seria dizer: Russomanno está em algum lugar entre 24% e 30% (com uma margem de erro de 3 pontos percentuais).
Não imagino os locutores da TV anunciando os resultados das pesquisas assim. Talvez, confundissem mais ainda. Mas para quem acompanha e estuda as pesquisas é fundamental não cair na tentação (muito comum) de acreditar que o candidato está realmente em 27%.
2. Aprendi que pesquisas por quota – como as feitas pelos institutos brasileiros – não deveriam apresentar a margem de erro, procedimento criado apenas para pesquisas aleatórias. Há anos estou atrás da justificativa estatística para que os institutos brasileiros continuem a empregar a margem de erro. Quem puder ajudar, eu agradeço.
Para quem quiser mais detalhes, leiam o texto, que não me canso de divulgar: “A falsidade da margem de erro nas pesquisas eleitorais baseadas em quotas”, escrito pelos dos estatísticos José Ferreira de Carvalho e Cristiano Ferraz.
3. Pelo fato de as pesquisas lidarem com uma estimativa que está em um amplo intervalo, é um preciosismo divulgar os dados com casas decimais. Uma pesquisa divulgada hoje, por exemplo, diz que Humberto Costa está com 31,1% das preferências e Geraldo Júlio com 22,2%. Um caso de falsa precisão.
4. Lembre-se que a margem de erro divulgada (em geral de 3 pontos) refere-se à máxima da pesquisa; ou seja, serve para o candidato com maior percentual. Na realidade, cada candidato tem uma margem de erro particular, segundo o percentual que ele obteve na pesquisa.
Em uma pesquisa probabilística (1.000 entrevistas) a margem de erro de um candidato com 32%, por exemplo, é de 2.9%. Já para um candidato com 8%, a margem de erro é de 1,7%.
De outro modo, um candidato com 2% poderia, com uma margem de erro de 3% estar com -1%! (de fato ela é de 1.1%).
5. Nunca diga que um candidato subiu ou desceu entre duas pesquisas sem antes observar as margens de erro. Quase sempre as mudanças estão dentro da margem. A variação acentuada de uma pesquisa não são tão frequentes. Pelo menos, não antes que a campanha comece a mobilizar os eleitores.
6. Em resumo: veja as pesquisas, se divirta, torça para seu candidato subir… E só.
Jairo Nicolau, Professor Titular do Departamento de Ciência Politica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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