Maria Cristina Frias, da Folha, acusa irmão de operação ilegal

Jornal GGN – A briga entre os irmãos Frias ganhou mais um capítulo: Maria Cristina Frias, ex-diretora de redação do jornal Folha de São Paulo, acusa seu irmão Luis Frias de usar informações privilegiadas e receber uma transferência de ações do UOL.

Segundo informações do jornal Valor Econômico, a operação apontada por Maria Cristina teria sido feita às vésperas da abertura de capital da PagSeguro, empresa de meio de pagamentos controlada pelo grupo.

A PagSeguro Digital realizou sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Nova York em janeiro de 2018. Na ocasião, a empresa levantou cerca de US$ 2,27 bilhões, segundo informações compiladas pela Bloomberg, naquela que foi considerada a maior oferta para uma empresa brasileira desde que a BB Seguridade abriu capital na bolsa brasileira em 2011.

De acordo com a acusação de Maria Cristina, a transferência dos papéis foi feita no final de 2017, pouco antes do IPO. Nessa operação, Luis Frias recebeu 1.538.462 ações do UOL – equivalentes a 1,29% do capital da empresa. Os papéis foram entregues a ele pela FolhaPar, holding que controla o UOL (que responde pelo controle da PagSeguro).

Essa transferência representa o pagamento de um empréstimo fechado em 2011 – na ocasião, o UOL fechou seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo, e Luis Frias afirma ter emprestado R$ 30 milhões do próprio bolso à FolhaPar para completar a recompra de ações, e o pagamento poderia ser feito em dinheiro ou com a entrega das ações.

Contudo, Maria Cristina questiona o preço dos papéis considerado na operação, que seria  “muito abaixo do real”, e diz que a decisão de pagar o empréstimo seis anos depois seria “conveniente”, levando em conta a proximidade do IPO.

Além disso, Maria Cristina diz que a administração da FolhaPar detinha “informações privilegiadas, relacionadas às condições da abertura de capital da PagSeguro, tendo delas irregularmente se utilizado”. Ou seja, ela diz que seu irmão autorizou a transferência das ações a um preço baixo, sabendo que valeriam muito mais.

Tal procedimento teria prejudicado os acionistas da FolhaPar, principalmente a Empresa Folha da Manhã, que edita o jornal Folha de São Paulo – embora a companhia não tenha poder de voto na holding, ela possui participação de 33,2% no capital do grupo. Luis Frias é quem toma as decisões na FolhaPar, uma vez que ele detém 99,9% das ações ordinárias (com direito a voto) e uma fatia de 66,3% no capital total.

Redação

Redação

View Comments

  • Em país civilizado, não se pode ser dono de vários meios de comunicação. Se você é dono de jornal, não pode ter tv ou rádio ou revista e vice-versa. Aqui não só pode ( vide Marinhos, donos de TV, rádio, revista ) como ainda pode participar do mercado financeiro, no caso da Folha.

Recent Posts

Justiça anula votação e interrompe venda da Sabesp

Decisão afirma que Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou texto sem realizar audiência pública…

1 hora ago

União e Espírito Santo rejeitam proposta da Vale/Samarco

Oferta de compensação apresentada pelas mineradoras “não representa avanço em relação à proposta anterior (...)”

3 horas ago

Concurso Nacional Unificado é adiado por estado de calamidade do RS

"O nosso objetivo, desde o início, é garantir o acesso de todos os candidatos", disse…

3 horas ago

Ministro Alexandre de Moraes determina soltura de Mauro Cid

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro assinou acordo de colaboração premiada; militar estava preso desde…

4 horas ago

A pequena recuperação da indústria, por Luís Nassif

Em 12 meses, a indústria geral cresceu 2,27%. E, em relação ao mesmo período de…

4 horas ago

Após privatização, tarifas de água aumentaram mais de 100% em comparação à Sabesp

Confira o levantamento comparativo com as tarifas do Rio de Janeiro, após privatização

4 horas ago