Cultura

Massacre do MST é recontado em Antígona, de Sófocles

da Carta Campinas

Massacre do MST é recontado em Antígona, de Sófocles, e espetáculo já tem turnê por vários países

No mundo – Milo Rau está encenando uma nova versão do “Antígona” de Sófocles junto com o movimento sem-terra MST e ativistas indígenas na primavera de 2023.

A convite de e em colaboração com o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), o maior movimento sem-terra do mundo, se criou uma peça educativa sobre a devastação violenta e o deslocamento causado pelo Estado moderno, que coloca a propriedade privada – e, portanto, o comércio e a especulação globais – acima do direito tradicional à terra.

Os diálogos de embate entre Antígona e Creonte, bem como as passagens do coral, que têm sido reinterpretadas por 2.500 anos, serão resinificadas em oficinas junto com ativistas do MST e atores do Brasil e da Europa. É um choque da ordem mundial liberal com a cosmologia holística dos povos indígenas do Brasil, que na era do colapso climático iminente estão cultivando uma abordagem da natureza voltada para o futuro.

Mas a crítica de Sófocles à arrogância humana (húbris), à ideologia da exploração e da viabilidade, à questão da justificação da violência estatal e da resistência civil também se reflete no próprio elenco, nas histórias dos atores envolvidos e nos debates que se desenvolvem entre eles.

Antígona na Amazônia estreará em 17 de abril de 2023, às 9h, em uma ocupação em uma rodovia federal que corta a Amazônia, a chamada “Transamazônica” no exato dia e local do massacre. Depois, a apresentação ocorrerá em diversos países (veja cronograma abaixo).

No estado brasileiro do Pará, próximo à cidade de Marabá, onde 21 militantes do MST foram assassinados pela polícia militar em 17 de abril de 1996 em uma estrada através da floresta amazônica durante uma “marcha pela reforma agrária”, Milo Rau está encenando uma nova versão do “Antígona” de Sófocles junto com o movimento sem-terra MST e ativistas indígenas na primavera de 2023.

A peça culmina com uma encenação do próprio massacre, no local e no aniversário do crime, como parte da cerimônia anual de rememoração dos mortos, durante o acampamento da juventude na Curva do S.

O papel de Antígona é desempenhado pela ativista indígena Kay Sara, e o coro é formado por sobreviventes do massacre e suas famílias que vivem no Assentamento 17 de abril, terra ocupada, desde 1996. E finalmente, o vidente cego Tirésias é interpretado pela liderança indígena, ambientalista e escritor mundialmente conhecido, Ailton Krenak. (Com informações de divulgação)

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SERVIÇO:
Antígona na Amazônia
Dia 17 de abril de 2023 em uma ocupação em uma rodovia federal que corta a Amazônia, a chamada “Transamazônica” no dia e local do massacre.
*A estreia europeia será em 13 de maio de 2023 no NTGent (Gante, Bélgica), conduzida pelo diretor artístico Milo Rau.

Redação

Redação

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