Mídia esconde presença de Carlos Bolsonaro no condomínio, na hora em que os assassinos se reuniam

A boa revista Piauí produziu uma reportagem abrangente sobre o caso Marielle Franco. Entrevistou delegados, promotores, jornalistas. Levantou a tentativa de desviar o foco das investigações, responsabilizando vereadores e membros do Tribunal de Contas do Município. Mostrou as evidências que apontam a morte encomendada ao Escritório do Crime. Chega ao detalhe de que o principal responsável pelo Escritório do Crime, Adriano Nóbrega, teve mulher e mãe empregadas por Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa.

E para por aí.

De lá para cá aconteceram novos episódios que colocam os Bolsonaro no centro das suspeitas.

Primeiro, a declaração do porteiro do condomínio, de que o motorista que conduziu o assassino Ronnie Lessa entrou no condomínio dando o número da casa de Bolsonaro. A Globo deu o furo e voltou atrás, quando constatou que Bolsonaro estava em Brasília naquele dia.

A informação relevante, de que o sistema de telefonia tem direcionamento para celulares, foi deixada de lado. Assim como a informação de que, dias antes, o gabinete de Bolsonaro já havia reservado passagens para o Rio naquele dia. Posteriormente, se soube que Bolsonaro embarcou para o Rio no dia seguinte ao assassinato;

Pior. No vídeo em que procurou desmontar a versão da Globo, Carlos Bolsonaro mostra o sistema de registros do condomínio e a gravação, na qual o porteiro supostamente se comunica com a casa de Ronnie Lessa. No mesmo dia desmascarou-se a manobra de procuradora estadual, responsável pelas investigações – e bolsonarista ativa – de desqualificar a gravação, simulando uma perícia que nunca houve.

No monitor do vídeo mostrado por Carlos, aparecia uma ligação para a casa de Bolsonaro às 17 horas, momento em que os dois assassinos estavam reunidos. Provocado a mostrar a gravação, Carlos clicou no registro e apareceu a voz do porteiro, informando que estava na portaria um Uber, para pegá-lo. Era a prova definitiva, em vídeo gravado e divulgado pelo próprio Carlos Bolsonaro, desmontando seu próprio álibi, de que naquele momento estava na Câmara Municipal.

Mas tudo isso foi deixado de lado. A imprensa não mais voltou ao assunto e a reportagem minucioso da Piauí passa ao largo do momento – até agora – mais revelador desse caso.

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Desde sempre a presença do carlosbolsonada é figura central no crime: por isso o destempero dele e do seu paipai. Mas, como estamos no brasil-de-faz-de-conta a estória se arrasta até apagarem todos os rastros.

  • Talvez o Carlos Bolsonaro estivesse em teletrabalho. Nesse caso, mesmo estando em sua casa é como se estivesse na Assembléia Legislativa do RJ e seu álibi continua, portanto, de pé.

    Não?

  • Quando dizem que a renovação da concessão da Rede Globo será difícil quando vencer, eu digo: Será “ café pequeno” a mais fácil a ser renovada, até sem cumprir exigências.O sistema Globo já garantiu antecipadamente a renovação! Nessa guerra vale comprar, vender-se, ameaçar, chantagear e prender o rabo um do outro!

  • Sabe aquela história de "o poder da ação individual é enorme, desde que você tenha cara de pau de agir", dita por Carlos Bolsonaro? Pois é... não estranharia se Eduardo Bolsonaro visse que a tela o incriminaria e fizesse questão de publicá-la mesmo assim, como que a mostrar que o Judiciário está dominado, que argumento algum vale alguma coisa quando a democracia está sob golpe, inclusive pelos juízes e promotores. Um cabo e um soldado no jipe e... olha só o estado em que estamos.

    O alento: tem como mudar ;)

  • Perguntas: por que os Bolsonaros precisam mentir e adulterar fatos, trocando os pés pelas mãos?
    Por que a Globo ignorou e continua ignorando o óbvio ululante?

  • Lembro que desde que se tornou líder sindical, Lula vem sendo sistematicamente atacado pela elite conservadora e principalmente pela grande mídia. Apesar dos intencionais ataques que Lula sofreu por parte dessa espécie de golpistas falidos da informação, ele mostra que aprendeu com as feridas, que aprendeu com o conhecimento e que aprendeu com as injustiças e mostra também que é muito maior que o invejoso bando dos deslumbrados golpistas.
    Hoje, ainda sob intenso e ilegal bombardeio vemos Lula crescendo sem parar e assistindo o desesperado contorcionismo da coligação golpista, que perdeu a credibilidade de outros tempos e se tornou submissa coadjuvante de um espetáculo de interesses, de transações e de decisões nada republicanas.
    Então, eu imagino que não fosse o covarde e abusivo corporativismo que freqüentemente é posto em prática, grande parte dos opositores de Lula já estariam penalizados, exonerados e (quem sabe?) respondendo judicialmente.
    Agora sem mentir e sem confundir vamos imaginar friamente o imenso alcance que um grande estardalhaço criado pela mídia faria contra Lula, se o nome envolvido nesta matéria fosse Lulinha (ou qualquer pessoa da amizade dele) e não Carlos Bolsonaro? Participando ou não, desde que tenha seu nome envolvido nesse imbróglio, o filho de Lula seria impiedosamente condenado pela mídia e também (como pode?) por boa parte da população.
    Mesmo não existindo provas, não havendo possibilidades de se alegar o ilegal domínio do fato e, principalmente, quando nos permitimos aceitar vergonhosamente que nos enfiem goela abaixo, a autoritária e debochada alegação de um “ato de ofício indeterminado” para justificar criminosamente, o crime de condenar alguém, sem provas. Possivelmente, o poder absoluto da autoridade corporativista irá cobrir o nº2 com o manto da invisibilidade ou com outro ainda indeterminado ato de ofício indeterminado, que obrigue nossa memória a esquecer e considerar como não verdadeira a mentira, contada em depoimento oficial, de que ele naquele momento estava na Câmara Municipal.

  • Achei uma grande coincidência a relação entre a não assinatura de contrato pelo Flamengo com a Globo e o surpreendente assunto dos meninos vitimados no incêndio ocorrido no Ninho do Urubu, que a Globo estampa nos seus jornais, em horários mais nobres de audiências. Imagino que se mesmo uma espécie de pressão contra o Flamengo estará comprovada a mesma parcialidade, a mesma falta de isenção e a reincidente quebra do contrat de concessão.

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