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Ministério da Saúde anunciou compra da Covaxin 5 dias após Bolsonaro ser avisado de corrupção

Jornal GGN – O Ministério da Saúde anunciou a assinatura de um contrato para receber 20 milhões de doses da Covaxin a partir de março, ao custo de 1,6 bilhão de reais, no dia 25 de fevereiro de 2021, mesmo sem autorização da Anvisa. Cinco dias antes, Jair Bolsonaro teria recebido pessoalmente, na biblioteca do Palácio do Alvorada, documentos mostrando indícios fortes de corrupção na compra do imunizante indiano com a intermediação de uma empresa brasileira suspeita de irregularidades, a Precisa. Foi a vacina mais cara comprada por Bolsonaro, e a única que teve intermediários.

Os documentos foram entregues a Bolsonaro pelas mãos do deputado Luis Miranda (DEM) e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, ex-chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde. Servidor concursado da Pasta desde 2011, o irmão do deputado do DEM alega que foi exonerado após denunciar o suposto esquema de corrupção envolvendo a compra da vacina.

De acordo com o parlamentar, Bolsonaro prometeu que acionaria o delegado-geral da Polícia Federal para investigar a compra da Covaxin. Miranda diz que, depois do encontro sigiloso, não conseguiu mais falar com Bolsonaro sobre o caso. Ele não sabe se o presidente da República “prevaricou” ou realmente pediu a investigação. O fato é que, cinco dias após a polêmica reunião, Bolsonaro anunciou a compra da Covaxin.

Após o escândalo estourar na mídia, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que não comprou nenhuma dose de Covaxin.

Ainda de acordo com o deputado Miranda, naquela mesma semana em que a compra foi anunciada, o general Eduardo Pazuello foi demitido. Ele disse que conversou, antes, com Pazuello, sobre os indícios de corrupção na compra da Covaxin, e teria ouvido do então ministro da Saúde que ele seria “derrubado” do cargo por pessoas que queriam ganhar dinheiro com esquemas ilícitos. “Ele foi expulso” do Ministério, disse Miranda.

A CPI já levantou informações dando conta de que Bolsonaro agiu pessoalmente junto ao governo indiano para comprar a Covaxin. O irmão do deputado federal disse que sofreu pressão incomum para autorizar a importação dos imunizantes, inclusive do Coronel Marcelo Pires, que desde janeiro chefiava a a diretoria de Programas do ministério. Ele foi exonerado em abril, quando Marcelo Queiroga assumiu o lugar de Pazuello.

A CPI da Covid no Senado marcou o depoimento dos dois irmãos para a próxima sexta (25).

Redação

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