Jornal GGN – O alerta de juristas sobre a violência doméstica contra a mulher durante o isolamento social, decretado em consequência do novo coronavírus, ganha novo tom a partir do aumento do número de assassinatos de mulheres cometidos dentro de casa no estado de São Paulo. Desde 24 de março – início da quarentena- até a última segunda-feira, 13 de abril, esses casos quase dobraram, apontou levantamento da Folha da S. Paulo.
A análise publicada nesta quarta-feira, 15 de abril, revela que 16 mulheres foram assassinadas em casa, durante o período. Ainda, desses casos, oito mulheres foram mortas pelos companheiros. Nos mesmos dias de 2019, nove mulheres foram assassinadas, três pelos parceiros.
O levantamento foi feito a partir de boletins de ocorrência registrados no estado e que informam que o crime ocorreu em casa.
Com base nessas ocorrências, desde o início do ano 55 mulheres foram assassinadas em casa, um aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano passado, com 48 registros.
Levando em consideração o método da análise, o número de mulheres mortas em casa pelos seus parceiros durante a quarentena pode ser ainda maior, já que na maioria dos casos o local do assassinato não é preenchido e a relação entre o assassino e a vítima não é registrada em 95% dos b.o.s.
No último sábado, 11 de abril, a jurista e membra da Rede Feminista de Juristas, Maira Pinheiro, alertou para o aumento da violência doméstica durante o isolamento social, durante a segunda edição da transmissão ao vivo do projeto Mais Vozes, sobre direitos humanos e coronavírus.
“Outra faceta do coronavírus que vem sendo bastante presente na minha área de atuação é o aumento dos casos de violência doméstica. Recentemente a Polícia Civil do estado de São Paulo liberou a possibilidade de registro de boletim de ocorrência [desse tipo de crime] através da internet. O Rio de Janeiro adotou essa medidas alguns dias antes e, prontamente, notou um aumento nos registros [de violência doméstica]”, explicou.
“Isso é uma consequência do isolamento social e a gente já tinha evidência de outros países que isso poderia acontecer. Porque a partir do momento que as pessoas estão confinadas – e o espaço privado é fértil para a violência contra mulher e contra a criança – o isolamento acaba aumentando a incidência desse tipo de violência”, completou.
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O governo já usou e vai usar novamente esse fato não para acabar com os feminicídios mas com a quarentena.
Ele vai argumentar que é melhor (e não menos pior) as mulheres se sujeitarem ao Covid do que aos feminicidas.