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Nordeste: A Seca, As Privações , O Sofrimento E A Esperança

Nordeste: A Seca, As Privações , Sofrimento E A Esperança 

https://www.youtube.com/watch?v=5jxAnEkmQaY]

Nordeste enfrenta maior seca em 100 anos

Reservatórios de água da região têm, em média, 16,3% da capacidade de armazenamento; rios e açudes estão secos

Cleide Silva (texto) e Hélvio Romero(fotos) / ENVIADOS ESPECIAIS A PERNAMBUCO E AO PIAUÍ

[video:https://www.youtube.com/watch?v=d9xZthFgtT4

do estadão 

09 Janeiro 2017 | 05h00

Foto: Hélvio Romero/Estadão
Sertão de Petrolina
Animais que morreram de fome e foram colocados em uma área perto de sua casa, pelo agricultor Valdecir da Silva, em Serrinha, na área rural de Petrolina

Valdecir João da Silva, de 53 anos, conta os cadáveres do seu pequeno rebanho que não resistiu à fome, à falta de água e às doenças causadas pela desnutrição. Em uma área afastada da pequena casa onde vive com a família, ele juntou 12 animais mortos ao longo dos últimos meses. De alguns, restam os ossos. De outros, mais recentes, os corpos inchados. “Morreram de fome”, resume ele, que prefere deixá-los aos urubus a enterrá-los. Ele tenta salvar os 20 animais que restam com mandacaru, a planta símbolo do Nordeste. “Ração não dá para comprar, pois está muito cara. O saco de milho que custava R$ 18 há dois anos hoje sai por R$ 65.”

No sertão de Petrolina, quinta maior cidade de Pernambuco, não choveu por 11 meses. Em meados de dezembro, caiu uma chuva forte, mas logo parou. O receio dos sertanejos do semiárido é de que se repita o ocorrido em janeiro passado, quando a chuva veio forte, “sangrou” açudes, mas durou só duas semanas.

“Plantei 60 quilos de milho e de feijão, mas não choveu mais e perdi tudo. Não deu nem palha”, diz Josilane Rodrigues, de 25 anos, enquanto expõe 11 ovelhas em uma feira em Dormentes, a 130 km de Petrolina. Quer vendê-las, mesmo a preço baixo, por não ter como alimentá-las

“Vou vender a qualquer preço porque não quero voltar com eles”, afirma Francisco Agostinho Rodrigues, de 64 anos, que levou à feira 23 de seus 60 animais. “A gente vende algumas para dar de comer às outras”. A feira semanal de Dormentes reúne, em média, 3,6 mil animais e atrai compradores da região e de outros Estados. Em tempos bons, tudo é vendido. Agora, em razão da crise e da seca, o número de animais expostos caiu à metade e muitos voltam para casa por falta de interessados, diz João Batista Coelho, da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária.

Após cinco anos seguidos de volume de chuvas abaixo da média histórica, a seca do semiárido já é considerada a maior do século. A região inclui Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e o norte de Minas Gerais e conta com cerca de 23 milhões de habitantes.

Água. Grandes reservatórios do Nordeste – com potencial de armazenar mais de 10 bilhões de litros de água – operam, em média, com 16, 3% da capacidade, porcentual que era de 46,3% há cinco anos. Dos 533 reservatórios da região monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA), 142 estão secos.

Segundo Raul Fritz, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), “não se via seca tão severa para um período consecutivo desde 1910”, quando dados sobre as chuvas passaram a ser coletados. O Ceará é o Estado em pior situação. Seus reservatórios têm apenas 7% da capacidade armazenada. Nos últimos cinco anos, choveu em média 516 milímetros no território, enquanto a média mínima é de 600 milímetros. “E o Ceará é o retrato do que ocorre nos demais Estados”, diz Fritz.

Vários rios e açudes também secaram. Muitos moradores, inclusive em grandes cidades, só têm acesso à água fornecida por caminhões-pipa bancados pelos governos federal e estaduais.

De 2012 a 2015, o Nordeste registrou prejuízos de R$ 104 bilhões com a seca. O valor equivale a quase 70% das perdas em razão desse fenômeno em todo o Brasil, segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Os valores de 2016 ainda não foram contabilizados.

Em Pernambuco, onde boa parte dos 185 municípios está em situação de emergência, a perda chega a R$ 1,5 bilhão só na pecuária. O rebanho bovino, formado por 2,5 milhões de cabeças em 2011, diminuiu em 554 mil cabeças no ano passado.

Ainda que caprinos e ovinos tenham sofrido com a estiagem, como os do criador Silva, o rebanho cresceu por ter substituído o gado, que é menos resistente à seca. O número de cabras, bodes e cabritos passou de 1,9 milhão para 2,4 milhões em quatro anos. O de ovinos saltou de 1,8 milhão para 2,4 milhões.

Nordeste enfrenta maior seca em 100 anos

Programas sociais reduzem migração

Engenheiro agrônomo da ONG Caatinga conta que, nos últimos 15 anos, não se vê mais um grande número de pessoas indo para as capitais ou outros Estados, nem mercados com alimentos sendo saqueados ou crianças morrendo de fome.

Cleide Silva

09 Janeiro 2017 | 05h00

Foto: Hélvio Romero/Estadão
Casal Souza
Manoel Granja de Souza e Maria Elisie e 2 dos 10 filhos: sem Bolsa teriam de pedir ajuda

A longa estiagem deixa os tradicionais traços de terra arrasada, plantação cinza, como se tivesse sido queimada, e animais magros, mas a situação da população é diferente de anos atrás, quando a seca expulsava os habitantes do sertão. Hoje as pessoas permanecem no Nordeste porque são atendidas por programas sociais, como Bolsa Família, Bolsa Estiagem, aposentadoria rural, instalação de cisternas e Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

“Nos últimos 15 anos não se vê mais um grande número de pessoas indo para as capitais ou outros Estados, nem mercados e caminhões com alimentos sendo saqueados ou crianças morrendo de fome”, diz o engenheiro agrônomo Giovanne Xenofonte, da ONG Caatinga, que mantém projetos de agroecologia em Araripe, área formada por dez cidades do interior de Pernambuco.

Na seca de 1979 a 1983, por exemplo, 3,5 milhões de pessoas morreram por subnutrição. Em 1915 e 1932, os governos chegaram a criar “campos de concentração” para evitar que populações famintas chegassem às capitais.

Com os R$ 600 que recebe do Bolsa Família, o casal Manoel Granja de Souza, de 49 anos, e Maria Elisie, de 39 anos, cuida de oito filhos com idades entre 2 e 21 anos na área rural de Ouricuri (PE). Só o mais velho faz bicos ajudando um vizinho no corte de mandacaru.

Após perder seis vacas, “cinco por fome e uma porque comeu plástico”, conforme explica Souza, ele vendeu as quatro que restaram, “antes que também morressem”. Agora cria cinco galinhas. “Sem o Bolsa Família estaríamos perdidos; teria de pedir ajuda nas ruas da cidade”, diz Elisie.

O presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, a Funceme, Eduardo Martins, diz que programas sociais evitam a migração e cita a instalação de mais de 1 milhão de cisternas no semiárido para captar água da chuva. Elas são abastecidas por caminhões-pipa pagos pelo governo. Mas algumas famílias reclamam que ficam até três meses sem água. “A política do carro pipa é necessária, mas reforça a indústria da seca”, diz Xenofonte. Há um comércio da água – retirada do rio São Francisco e de outras fontes –, e os donos de caminhões cobram de R$ 65 a R$ 130 por um carregamento.

‘Chuvinha pouca não conta’

Senhor que 78 anos conta que aposentadoria é que tem ajudado a manter parte das despesas da casa, principalmente com os remédios da esposa Luzia, de 79 anos

Cleide Silva

09 Janeiro 2017 | 05h00

Foto: Hélvio Romero/Estadão
Hortêncio
Rodrigues só deixa o sertão quando for ‘envelopado’

Na região rural de Acauã (PI), primeira cidade a ser beneficiada pelo programa Fome Zero junto com Guaribas, em 2003, Hortêncio Francisco Rodrigues, de 78 anos, conta que, até 2012, tinha 20 cabeças de gado, mas hoje tem quatro: “Praticamente mandei colocar no caminhão e levar; vendi baratinho, pois ninguém queria.”

Agora se dedica à criação de 150 ovelhas e cabras, que são mais resistentes e comem plantas da caatinga, como mandacaru, angaroba e palma, que também começam a escassear em algumas regiões do Nordeste.

Rodrigues ficou contente com a chuva de dezembro, mas ressalta que “chuvinha pouca não conta”. Desde então, o sol voltou a ser “o mais quente da vida”, como define ele.

De sorriso fácil, Rodrigues afirma que o valor recebido da aposentadoria é que tem ajudado a manter parte das despesas da casa, principalmente com os remédios da esposa Luzia, de 79 anos. Com seis filhos (dos quais dois já morreram), um número de netos que perdeu a conta e 31 bisnetos, ele diz que parte da família deixou o sertão. Alguns migraram para São Paulo, “à caça de emprego”. Apesar das secas constantes, umas mais duras, outras menos, não pensa em ir embora. “Nasci aqui e só saio envelopado”, brinca.

O vizinho José Teixeira de Macedo, de 64 anos, já viveu da plantação de algodão nos anos 80, mas perdeu tudo por causa da praga de bicudos. Participou de frentes de trabalho na grande seca de 1983 e agora cria ovinos e planta milho e feijão quando chove. Diz que, sem a aposentadoria, tudo estaria muito mais difícil. Ele e um dos filhos cuidam da roça e também não pensam em abandonar o sertão. Já a neta, Samara, de 16 anos, pretende mudar-se para uma cidade maior e estudar Administração. “Não vou morar aqui; vejo o sofrimento dos avós e dos pais e não quero isso”.

Produtor sugere ‘seguro bode’

Após perder 20 animais, em 2012 e 2013, Araújo passou a plantar capim no Piauí, irrigado com água de um poço que construiu com verba do Bolsa Estiagem

Cleide Silva

09 Janeiro 2017 | 05h00

Foto: Hélvio Romero/Estadão
Cândido
“O que a gente vende não dá nem para as despesas”, lamenta o produtor

O agrônomo e criador de caprinos e ovinos em Acauã (PI), Cândido Roberto de Araújo, de 49 anos, comprou um rebanho com 122 animais por R$ 50 cada. Em períodos normais, sairia por cerca de R$ 200, calcula ele. “Estavam todos magros e tive de engordá-los para revender para o abate”.

Na região predomina a criação de animais para abate ou produção de leite. Araújo reclama da falta de um programa governamental voltado à atividade. O que tem disponível é o Seguro Safra, empréstimo subsidiado para quem perde a produção agrícola. “Precisamos é de um Seguro Bode”, diz, referindo-se ao animal cuja carne está entre as mais consumidas pela população local.

Antonio Felipe de Souza, de 60 anos, tem 80 cabeças de gado leiteiro. Após perder 20 animais, em 2012 e 2013, passou a plantar capim, irrigado com água de um poço que construiu com verba do Bolsa Estiagem. Seu irmão Norberto não obteve o crédito e, de 100 vacas, perdeu 80. Junto com familiares, Souza produz doce de leite e peta (biscoito de polvilho) e vende na região. “Dá para sobreviver”, diz.

Segundo a Cooperativa de Produtores de Afrânio (PE), a produção de leite caiu de 11 mil litros por dia em 2012 para 3,4 mil litros. O preço também caiu. “O que a gente vende não dá nem para as despesas”, diz Fortunato Rodrigues, de 74 anos. Vender o animal não é solução. “O preço da arroba está lá embaixo e quem vende não consegue repor o gado”.

Barragem de Ouricuri está seca há dois anos

Dos seus dez filhos, quatro deixaram o sertão e foram viver em grandes cidades, como São Paulo. ‘Eu fiquei aqui porque dou valor a esse lugar’, diz

Cleide Silva

09 Janeiro 2017 | 05h00

Foto: Hélvio Romero/Estadão
Benedito
Dos seus dez filhos, quatro deixaram o sertão e foram viver em grandes cidades, como São Paulo. “Eu fiquei aqui porque dou valor a esse lugar.”

Sem plantar feijão e milho depois de ter perdido as últimas safras em razão da seca, o produtor Benedito Alencar, de 53 anos, e morador do povoado de Uruás, em Petrolina (PE), diz que ficou “deprimido” nas últimas semanas por ter de pagar R$ 10 por 1 quilo de feijão. “Quando a gente planta e colhe, o produto não vale nada”.

Ele vive com a esposa e o filho de 19 anos, que está desempregado, e faz bicos. Outros dois filhos se mudaram para a cidade. Ele conta, com orgulho, que um deles é formado em Direito, “depois de ter estudado em escola pública.” A família, diz Alencar, “passa necessidades, mas não passa fome”.

Parte dos problemas da região seria amenizada com as operações do canal Pontal, para receber água do rio São Francisco. Após 18 anos de obras, o canal com 7,7 mil km ficou pronto em meados deste ano. Levaria água para atividades de fruticultura irrigada a cerca de 35 mil famílias. Contudo, a área no entorno, destinada aos sequeiros (famílias que tiveram a terra desapropriada para a obra), foi ocupada por mais de 600 sem-terra. Segundo os moradores da região, o grupo que ganhou a concessão diz que só vai inaugurar o projeto quando os invasores forem retirados do local.

Em Ouricuri, a barragem Tamboril, inaugurada nos anos 60, está seca há dois anos. O aposentado Francisco Marques da Silva, de 74 anos, foi um dos operários que trabalhou na construção da barragem, responsável pelo abastecimento de cerca de dez cidades.

“Antes, a gente conseguia plantar jerimum, feijão, macaxeira, mas agora arriou tudo, morreu”, diz Silva. Dos seus dez filhos, quatro deixaram o sertão e foram viver em grandes cidades, como São Paulo. “Eu fiquei aqui porque dou valor a esse lugar.”

Diversificar atividade é alternativa

Família de Adão participa de projeto que incentiva agroecologia para pequenos produtores; assim, consegue criar 28 caprinos, vacas e éguas

Cleide Silva

09 Janeiro 2017 | 05h00

Para evitar maiores perdas com a seca, investiu ‘popuança de muitos anos’ na construção de um poço, no valor de R$ 6 mil

Não depender de uma única especialização e diversificar atividades para poder enfrentar com menos sofrimento o período de estiagem é a estratégia adotada pelo produtor Adão de Jesus Oliveira, de 40 anos. Ele, a esposa Fabiana, de 32 anos, e os filhos, de 12 e 8 anos, estão entre as 28 mil famílias da região do Araripe atendidas pelo projeto Caatinga, que tem parcerias com entidades internacionais e o Governo Federal em trabalhos voltados à agroecologia para pequenos produtores.

Além de criar 28 caprinos, vacas e éguas na área rural de Ouricuri (PE), Oliveira cultiva hortaliças, como coentro, e frutas – umbu e acerola, das quais faz poupa, congela e vende ao longo do ano. Planta palmas para dar aos animais e tem atividade de apicultura, embora nos últimos dois anos a falta de floradas prejudicou a produção de mel. No início do ano passado, também plantou milho e feijão e perdeu tudo. Em todo o Estado de Pernambuco, a produção média anual de milho de 2012 a 2015 foi de 31,2 mil toneladas, queda de 83% em relação aos quatro anos anteriores.

Para tentar evitar mais perdas, Oliveira fez um poço de 52 metros com bomba submersa, e gastou R$ 6 mil. “Foi uma poupança de muitos anos”, diz. “Foi um investimento arriscado, mas nesse período de seca e crise não passamos apertados”. A esposa ajuda nos gastos da casa com a confecção de sabonetes de aroeira e artesanatos.

Pesquisas contra a seca avançam

Projetos da Embrapa na região visam o desenvolvimento de variedades resistentes à seca e de plantas da caatinga que sirvam de alimento humano e animal

Cleide Silva

09 Janeiro 2017 | 05h00

A seca é um problema recorrente e o produtor precisa se preparar para enfrentá-la ou sofre as consequências, diz o assessor técnico da Confederação Nacional da Agricultura, Joaci Medeiros. Ele defende o uso de tecnologias de armazenagem, a exemplo do que fazem os europeus na época da neve, que guardam durante o ano comida e madeira (para aquecer as casas).

A convivência melhor com a seca é o principal foco das pesquisas da Embrapa Semiárido, com sede em Petrolina (PE). Entre os projetos do órgão está o desenvolvimento de variedades resistentes à seca e de plantas da caatinga que sirvam de alimento humano e animal.

Sérgio Guilherme de Azevedo, chefe adjunto da área de transferência de tecnologia da Embrapa, cita o exemplo da gliricídia, planta com proteína trazida da América Central e que ajuda na engorda dos animais. O órgão também faz testes, há vários anos, com gado tipo Sindi, que veio do Paquistão e tem sobrevivido apenas com feno de capim.

Segundo Azevedo, há muita irregularidade nos períodos de chuva no semiárido, que vai de novembro a maio, dependendo da região. Em 2016, por exemplo, 80% das chuvas que caíram em Petrolina foram concentradas em duas semanas de janeiro. Nos últimos cinco anos, influenciada por mudanças climáticas e pelo fenômeno El Niño, a seca foi caracterizada como a pior do século.

 

Redação

Redação

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  • LEGADO DE VIDA ESPIRITUAL E PAZ EM DEUS

                        SOFRER OU NÃO SOFRER, EIS A QUESTÃO

     

                                                   VIVA JESUS!

     Bom-dia! queridos irmãos.

    O sofrimento é uma realidade na vida de todos nós, podemos encontrar em O Livro dos Espíritos a indicação direta ao nosso planeta, caracterizando-o como um planeta de provas e expiações, nos indicando que o sofrimento é uma presença em torno dele, o próprio Cristo disse-nos que a felicidade não é deste mundo, alertando-nos para as dificuldades que encontramos na existência terrena.
    Por que sofremos tanto? Haverá alguma forma de o diminuirmos ?
    Para responder a estas duas perguntas temos que tentar perceber um pouco o sofrimento, como ele nasce, onde vive, do que se alimenta e como se extingue.
    Será que o sofrimento vive no planeta em si ou ele faz parte da existência psicológica da humanidade? Quando me aleijo a dor aparece, eu trate-me ou não, consoante a necessidade da situação, e esta desaparece, mas muitas das vezes o sofrimento daquela experiência fica em nós demonstrando que a dor e o sofrimento são coisas totalmente diferentes. Poderei sofrer com a dor ou não, mas independentemente dela o sofrimento muitas vezes aparece, ou melhor, maior parte das vezes é psicológico e nem se dá qualquer alteração física.
    Quem cria o sofrimento ? Meu filho tem um acidente que eu desconheço, não tenho qualquer sofrimento sobre esta situação, mas se eu tiver conhecimento, aparece a preocupação e logicamente o sofrimento. Meu Pai vai ser operado e estou preocupado, então aparece o sofrimento com a preocupação do futuro. No meu ver o sofrimento nasce na mente humana por diversos motivos, mas é lá que ele nasce e vive.

    A vivência do sofrimento dá-se pelo período que eu o alimentar em minha mente, a operação de meu Pai irá decorrer sem que o tempo pare, poderei esperar calmamente sem que tenha que sofrer para isso, como tal, necessito de me despreocupar. Muitas pessoas sofrem de medo ao andar de avião, as companhias como “truque” colocam filmes cômicos para que as pessoas possam rir e esquecer um pouco sua preocupação, anulando seu sofrimento.
    O sofrimento nasce com o pensamento, vive em nossa mente enquanto o alimentarmos com o medo, preocupação ou indignação, estes são os seus “pratos” favoritos, alimentando-se deles como um belo banquete, e estes estão ligados a um futuro que foge à nossa capacidade de gerir, nos deixando em uma insegurança psicológica. Quando pensamos que temos o controle de nossa vida em nossas mãos, uma segurança psicológica ilusória, porque pode mudar a qualquer segundo, nós não sofremos, até temos uma sensação de poder que somos fortes na vida e que ela corre como queremos.
    Mestre Jesus diz-nos que com Ele o fardo é mais leve, ou seja, o sofrimento é menor, como assim? Ouvimos dizer constantemente que não há enganos na reencarnação, estamos com as pessoas certas, no sítio certo, a passar pelo que necessitamos, e sabemos que o futuro nos reserva a construção do presente, trazendo as recompensas ou as formas de educação. Nossa vida é “Orquestrada” pela Lei Natural ou Universal, perfeita como seu Criador, nosso Pai, o Amor em si. Estar com Jesus é confiar nestas Leis, depositando nossa vida neste fluxo Universal; funciona como o boiar na água, basta cair de costas e relaxar, mas quem não confia nisso afunda.
    Para confiarmos neste “fluxo” Universal temos que cair de costas e deixarmo-nos boiar, abdicando do desejo de controlar nossa vida e colocando de lado a sensação de poder que controla ilusoriamente a nossa existência; isto não faz com que nossas vidas fiquem descontroladas, pelo contrário, ficamos mais atentos podendo responder às situações presentes calmamente. Nós só desejamos controlar a vida quando queremos saciar nossos desejos terrenos, não nos sendo suficiente o que nos é “oferecido”, perdendo de vista as oportunidades que se apresentam por estarmos embrulhados na escuridão mental dos desejos que alimentam o nosso Ego.
    Quando tento ir contra a corrente natural da vida, não será isto, a indignação interior contrária a resignação, que o Mestre nos aconselha? Se não me sinto indignado ou insatisfeito, não sinto o desejo ou necessidade, nem impelido à busca das satisfações dos desejos psicológicos egoístas ou materiais. A Fé é estar presente, sabendo que não há erros na existência e que ninguém ficará para trás. Confiar neste  fluxo existencial que está sob o jugo de Deus e que é feito à Sua Perfeição.

    No século XXI, após estarmos preparados, a Doutrina Espírita trouxe-nos as explicações aos acontecimentos que aos nossos olhos pareciam mais atrozes, como o desencarne infantil ou as guerras, sem o desenvolvimento do conhecimento, e, consequentemente, o aumento da consciência, não conseguimos compreender a existência na Terra e combater interiormente os impulsos que nos levam ao sofrimento, na verdade, o combate aos impulsos é a quietude, a aceitação ou resignação, como queiramos chamar. Não precisamos fazer nada, apenas não fazer, tal como, não me enervar, não desejar, não me indignar, não me irar etc. etc…
    … Portanto, sentemo-nos no cadeirão da resignação, bebamos um chá de Fé e, em silêncio interior… soframos menos. Por que será esta simplicidade tão difícil para nós?

                                        Bruno Abreu

     

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                                    AMA TUA DOR

     

                                     VIVA JESUS!

     Bom-dia! queridos irmãos.
                                 
    Paradoxalmente, anelavas pela paz, quando edificando o bem entre as criaturas humanas, e és defrontado pela incompreensão e repúdio.
    Sentes desencanto ao constatares que os sagrados misteres a que te entregas são recebidos com acrimônias e suspeitas.
    Desanimam-te os comportamentos daqueles nos quais confias, na grei onde mourejas, produzindo amarguras e mal-estares.
    Entristece-te a maneira como te tratam os amigos da seara em que te movimentas, desconfiados em relação à tua entrega.
    Constatas insanas competições onde deveriam multiplicar-se as cooperações, como se o labor pertencesse a cada um e a seara estivesse destituída de administrador e abandonada pelo Senhor.
    Sentes cansaço e não consegues renovação íntima, diante da ausência de tempo hábil para a reflexão.
    Pensavas que os corações afetuosos, que sorriem contigo, permaneceriam acessíveis ao teu nos momentos difíceis, constatando, porém, que o ego neles predomina, em relação ao coletivo no grupo em que te fixas.

    Ocorrem-te a desistência e o retorno às tuas origens, porque o paraíso que acreditavas estar ao teu alcance, na convivência com os demais servidores, é somente uma aparência com os mesmos desvãos que encontravas no anterior convívio social por onde te movimentavas.
    Sofres, porque anseias pela harmonia e acalentas o sonho da plena solidariedade, que se te apresenta muito distante...
    Não te esqueças, porém, de que os santos e serafins transitaram também no corpo e alcançaram esse nível de evolução porque enfrentaram equivalentes ou mais ásperas refregas.
    Ninguém atinge o altiplano sem a caminhada pelas baixadas sombrias e difíceis de acesso.
    Revigora-te na luta, sendo tolerante para com todos e exigente para contigo mesmo.
    O reino dos céus é construído com os materiais da renúncia e da compaixão, da bondade e da comiseração, sob o patrocínio do amor.
    Repara a Natureza sacudida frequentemente pelos fenômenos destrutivos que a visitam, permitindo-lhe, logo depois, renovação, exuberância e beleza na produção dos tesouros da vida.
    De igual maneira ocorre na floresta humana.
    Não te desencantes, pois, com os outros que, por sua vez, também se permitem frustrações em relação a ti.
    Se amas Jesus e o teu objetivo é servi-lO, avança contente, conforme o fez o Irmão Alegria.
    Ama a tua dor.
    No momento em que o teu amor seja capaz de superar o sofrimento, sem rebeldia nem queixa, terás alcançado a meta que buscas.
    A dor é um buril lapidador das anfractuosidades dos minerais duros dos vícios e dos arraigados hábitos infelizes.
    Quem não enfrenta com harmonia interior os desafios da evolução, acautelando-se do sofrimento, permanece em lamentável estagnação que o conduz à paralisia emocional em relação ao crescimento íntimo.
    Os caminhos do Gólgota, assim como os da Úmbria, ainda permanecem com sombras por cima e espinhos no seu leito, exigindo coragem e abnegação para serem percorridos com júbilo.
    Vencê-los é o dever que a fé racional te impõe, a serviço de Jesus, a quem amas.
    Se almejas alegria e bem-estar nos moldes profanos estás em outro campo de ação, mas se buscas o serviço com o Mestre de Nazaré, os teus são júbilos profundos e emoções superiores bem diferentes das habituais.

    Não relaciones, pois, remoques e erros, antes aprende a retirar o melhor, aquela parte boa que existe em todos os seres humanos e enriquece-te com esses valores, sem te preocupares com a outra parte, a enferma, ainda não recuperada pelas dádivas da saúde espiritual.
    Tem mais paciência e aprende a compreender em vez de censurar e exigir. Cada qual consegue fazer somente o que lhe está ao alcance, não dispondo de recursos para autossuperar-se no momento.
    Jesus, Modelo e Guia da Humanidade, conviveu com mulheres e homens bem semelhantes àqueles com os quais hoje partilhas a convivência, em labuta ao teu lado, suportando-se reciprocamente e dedicados ao amor.
    Se, por acaso, sentes a sutil visita da intriga, da acusação e de outras mazelas que atormentam a sociedade, acautela-te, não lhes concedas guarida nem atenção, ignora-as e segue, irretocável, adiante.
    Melhor estares na luta de sublimação, do que no leito da recuperação sob o impositivo de limites e restrições, impostos pelo processo de crescimento para Deus e para ti mesmo.
    Em qualquer situação, alegra-te por te encontrares reencarnado, portanto, no roteiro da autoiluminação.
    Ama a tua dor e ela se te tornará amena, amiga, gentil companheira da existência. E enquanto amas, trabalha pelo Bem, compensa-te com as bênçãos dos resultados opimos que ofereças ao Senhor, que transitou por sendas idênticas e mais dolorosas que essas por onde segues.
    Assim, continua em paz, viandante das estrelas que te aguardam no zimbório celeste.
    *
    Francisco de Assis amava as suas dores e transcendeu todos os limites, conseguindo demarcar os fastos históricos com a renúncia, a simplicidade e as canções de inefável alegria.
    E Clara, que lhe seguia o exemplo sublime, impôs-se dedicação integral e, ao partir da Terra, achava-se aureolada pelo sofrimento no qual encontrou a plenitude.
    De tua parte, ama também a tua dor e experimentarás incomparável bem-estar.

                                         Joanna de Ângelis

     

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