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O estandarte do sanatório geral vai passar

Em 04 de dezembro de 2016 umas 520 mil pessoas ocuparam as ruas de algumas cidades brasileiras. Os manifestantes se fantasiaram de verde e amarelo para defender, dentre outras coisas, a entrega do nosso petróleo aos norte-americanos e os juízes que ganham salários nababescos acima do teto.

O ato teve de tudo. Gente vestida de Harry Potter com máscara de Moro. Maluco deitado em berço esplêndido usando pantufas. General da Banda vestido de branco batendo continência. Cartazes heréticos sugerindo que Moro é irmão de Jesus enviado à terra para salvar os brasileiros. Impossível dizer onde começa a seriedade política e onde termina o espírito carnavalesco destes brasileiros que protestaram contra o resultado do golpe de estado que eles mesmos deram.

Apesar do apoio escancarado dos principais canais de TV e jornais, o ato de domingo foi um fracasso total. Somos 206 milhões de brasileiros e os manifestantes pró-Moro colocaram nas ruas mais ou menos 0,25% da população brasileira. Só para se ter uma exata dimensão do tamanho diminuto destas manifestações, a passeata gay em São Paulo e o carnaval de rua em Salvador conseguem atrair mais gente do que o MBL.

Em geral, os manifestantes acreditam ou são levados a acreditar que fazem parte de uma elite. Todavia, ao aprovar a mudança da Lei que regulamenta a exploração do petróleo eles demonstram apenas que pretendem ser a plebe cucaracha distante de um império norte-americano moribundo.

Vários manifestantes protestaram contra Lula e Dilma como se ambos ainda fossem presidentes. É evidente que a percepção que os manifestantes tem da realidade é distorcida e não se ajusta aos fatos. Isto talvez explica o clima de sanatório geral que vicejou nas ruas no domingo.

Estamos diante de um caso clássico de paranóia coletiva induzida pela imprensa. Apesar de ter enfraquecido eleitoralmente, o PT segue sendo tratado como se fosse “La Bête du Gévaudan” versão século XXI brasileiro. Desgraçadamente não temos um cineasta do calibre de Emir Kusturica para representar em filme a opera bufa encenada nas ruas pela direita brasileira.

Apesar de ser odiado pelos manifestantes domingueiros, Chico Buarque é o único musico brasileiro que compôs uma música capaz de descrever a passagem deste sanatório geral: https://www.youtube.com/watch?v=P6C5bZOr3xQ

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

Fábio de Oliveira Ribeiro

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