O que você precisa saber sobre as máscaras de tecido contra coronavírus

Jornal GGN – As máscaras caseiras de papel, tecido-não-tecido (TNT), algodão e outros materiais viraram polêmica nesta quinta (2), depois que o Ministério da Saúde passou a defender seu uso contra o coronavírus, em um cenário em que máscaras cirúrgicas, N95 e outros equipamentos de proteção individual oficiais estão em escassez no mundo todo.

Na visão do ministro Luiz Henrique Mandetta, as máscaras de TNT, mais comuns nos meios hospitalares, impedem que gotículas sejam disseminadas no ar e podem reduzir, assim, a disseminação de coronavírus. Sobretudo quando usadas por indivíduos que podem estar carregando o vírus mas estão assintomáticos.

“Elas fazem uma barreira mecânica tão boa quanto as máscaras de papel, mas elas têm que ser lavadas pelo indivíduo”, disse nesta quinta (2).

Porém, há controvérsia no meio científico sobre a eficiência das máscaras caseiras, principalmente porque seu valor contra a COVID-19 não foi testado e comprovado. Mas o debate está se intensificando e até os Estados Unidos, diante da falta de equipamentos certificados pelos órgãos competentes, começam a emitir opinião sobre o que fazer.

RECOMENDAÇÃO PARA CIVIS

O Center for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, está avaliando recomendar aos cidadãos o uso das máscaras caseiras em ambientes públicos, de acordo com o Washington Post. Contudo, elas seriam o “último recurso” em hospitais e instalações médicas.

O entendimento das autoridades americanas é o de que as máscaras feitas de algodão e elástico, por exemplo, não prejudicam os civis, desde que eles estejam seguindo outros protocolos de segurança, como manter distância e lavar as mãos com água e sabão frequentemente.

A eficácia das máscaras artesanais não está cientificamente comprovada contra o coronavírus. Não chegam nem perto do nível de certificação em torno das máscaras N95, que são utilizadas em ambientes médicos e hospitalares.

Em meio à pandemia, houve um boom nas vendas online de N95, e algumas lojas como a Amazon tiveram de suspender o comércio. Líderes mundiais e médicos pedem que os civis não comprem as N95 para uso pessoal. Mandetta também fez apelos para que os brasileiros em posse de uma N95 entregue o equipamento a um hospital.

As máscaras N95 são melhores porque se adaptam ao rosto. Elas diferem de outros tipos de máscaras cirúrgicas e faciais porque criam uma vedação entre o respirador e o rosto, e ajuda a filtrar pelo menos 95% das partículas transportadas pelo ar. Elas são certificadas pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional, no caso dos Estados Unidos. Já as máscaras caseiras não são regulamentadas.

Atualmente, nos EUA, hospitais e centros médicos pedem doações de máscaras costuradas à mão mas não para médicos e enfermeiros. Ela serão usadas para pacientes preocupados e funcionários não clínicos. Alguns sugerem padrões de produção, como pelo menos quatro camadas de tecido para bloquear melhor as partículas. No Brasil, o Ministério da Saúde não pretende criar um protocolo que seja referência para a fabricação artesanal.

O Hospital Infantil de Boston compartilhou um vídeo sobre como fazer uma máscara respiratória caseira reutilizável. De novo: o protótipo não tem certificado para uso oficial.

Quem quer se arriscar a fazer a máscara em casa pode preferencialmente usar materiais com várias camadas de tecido e faixas elásticas para prender nas orelhas.

Nos EUA, a população tem comprado um filtro à parte para inserir entre as camadas, na crença de que a adição do filtro ajudará a protegê-las contra a transmissão de COVID-19. Não há evidências científicas de que isso funcione.

O CDC divulgou uma nota orientando, diante da falta de N95, o uso de cinco alternativas pelos profissionais de saúde. Entre elas, máscara caseira, bandanas ou até mesmo cachecol para se proteger durante atendimento a paciente com COVID-19. Tudo como “último recurso”. De preferência, em hospitais, as máscaras caseiras devem ser usadas com outro escudo de proteção para o rosto.

Um artigo na imprensa americana considera que se você deseja criar suas próprias máscaras para uso pessoal, não há mal nenhum nisso. “O que é importante entender é que costurar sua própria máscara facial pode não impedir que você adquira coronavírus, especialmente se você também estiver envolvido em comportamentos de risco, como ficar em lugares lotados ou continuar se encontrando com amigos.”

Portanto, a maneira mais segura para proteger a saúde de grupos de alto risco, como idosos e pessoas com sistema imunológico comprometido, continua sendo a quarentena e o distanciamento social, e lavar as mãos frequentemente.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • Um amigo tem uma oficina de costura com cerca de dez pessoas. Como estou desempregado, propus a ele produzir máscaras de TNT para vender em farmacias. Ele avaliou que produz 5 mil dia.
    Fui correr atras dos insumos/matéria prima, que é basicamente o tnt de garmatura 80 e o elástico.
    Ele me passou os telefones das empresas de referência na produção destes produtos, que fica na Região do Brás alem do Armarinho Fernando para o elástico.

    Resultado: Nenhuma tem o TNT 80 e nem previsão de recebimento. Tem o 40 finíssimo, que precisa ser dobrado ou triplicado. Amarinho Fernando está totalmente fechado fechado, não atende nem telefone.

    O Miinstério da Saúde e outros deveriam ver quais as empresas que produzem esse insumos e pedir para focarem na produção deles.

    No Brás existem centenas de empresas que só vendem este tipo de produto, provavelmente estão com o estoque intacto. Poderiam autorizar o seu funcionamento de portas fechadas e vendas por telefones, a retira, somente de insumos voltados para a saúde.

    Se for assim, realmente vai faltar insumos mesmo. Se não for na produção vai ser no escoamento, na distribuição.
    Hoje oficinas de costura, que podem fazer aventais, tocas e máscaras, são todas fundos de quintais em que se espalha os cortes e depois recolhem as peças costuradas, já lidei com isso.

    Acho que falta mais logística a esse governo.

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