A pretexto de investigar uma empreiteira, a operação tenta provar o envolvimento de Lula em doações irregulares de campanha em uma operação com um nome bastante conveniente. O apelo aos meios de comunicação é direto, explícito e atrevido. As entrelinhas bradam: “Já botamos muita gente grande na cadeia, e agora é a vez do Lula.” É a guerra psicológica de Moro. Que é de poucas palavras, mas sabe usar os meios de comunicação para reforçar suas agendas de acusação.
No momento, no reino dos fatos concretos, tudo ainda é embrionário e incipiente. A Polícia Federal ainda está em fase inicial na investigação das doações ilegais da Queirós Galvão, conforme depoimento da delegada da polícia Federal Renata da Silva Rodrigues à Agência Brasil publicada no diário carioca “O Dia” (2/8):
“É uma investigação que ainda está em andamento em relação a reunir indícios, basicamente o que se tem é o relato de colaboradores de que em 2006 a Quip teria sido abordada. Foram solicitadas doações eleitorais que, na verdade, seriam também um pagamento de vantagem indevida por conta da plataforma P-53.”
“Um relato de colaboradores” sem provas consolidadas, informou a delegada. Apenas coleta de “indícios”, ou sinais de crime. Mas “Resta um” tem forte apelo popular e midiático. Funciona como um arauto na rua a anunciar o que tantos anseiam: colocar Lula atrás das grades e destruir sua imagem para afastá-lo de vez da corrida presidencial de 2018. Sua prisão hoje é objetivo maior das corporações estatais de investigação e justiça no Brasil. E da grande imprensa vendida.
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O marketing de Curitiba
Caro Nassif; Você, como homem de comunicação que já trabalhou em grandes veículos, sabe bem que nem Moro nem a PF têm capacidade intelectual de preparar uma operação policial-judiciária com tanto apelo de marketing. É certo que há uma organização muito bem preparada para agir de forma conjunta: um braço, com a forma técnica judicial manobrado por Moro e pelos Promotores. Outro, um comando de operações policiais ligado à 13a Vara de Curitiba com seu aparato paramilitar e o espalhafato que eles conhecem tão bem, a Policia Federal. E há um terceiro braço, umbilicalmente ligado a estes dois anteriores, que determina o momento e a forma de execução das prisões, dos vazamentos, das coletivas do MPF: um grupo de marketeiros! Muito provavelmente da rede globo que, como sabemos, têm o dom de produzir novelas, efeitos especiais e suspense. Precisamos desmascarar essa gente, não é possível que alguém de dentro dos veículos de comunicação não esteja disposto a vazar estas informações.