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“Pibinho” ou “Pibão”? O número e o seu contexto

Os sites brasileiros, hoje, “comemoram” o crescimento relativamente baixo da economia brasileira em 2011, que ficaria em 2,8%, segundo o IBC-Br, índice de medição da atividade econômica do Banco Central, que é uma espécie de “prévia” do PIB.

Já as agências internacionais registram, sobre os mesmos números, que a economia brasileira apresenta sinais significativos de aceleração.

Ora, as duas interpretações são verdadeiras, mas só uma é relevante como projeção para o futuro.

Todo mundo já sabe que a economia desacelerou – e fortemente – no nos dois primeiros quadrimestres de 2011, e foi claramente a política de juros do Banco Central o indutor desta desaceleração, com as sucessivas altas que começaram no final de 2010. Se foi exagerada ou não, é outra discussão, mas é o obvio ululante que esse era o sentido que a autoridade monetária imprimia à atividade econômica.

O efeito da taxa de juros, é sabido igualmente por qualquer analista econômico, tem um retardo, um “delay”, em suas consequências na atividade econômica, porque afeta decisões que vão gerar futuras reduções, não sobre as já tomadas em curso final de implantação.

O ciclo de redução inciado pelo BC em setembro – quando se tornou patente, exceto para os que usavam qualquer argumento para defender juros ainda mais altos – que a crise européia e a estagnação americana eram séria e teriam um efeito de retração econômica imenso – só começou a fazer efeito em novembro, mês em que se acentuou, também, a percepção de que o pico da inflação havia sido vencido.

A recuperação dos dois últimos meses, portanto, projeta uma tendência que deverá se acentuar e que é a base sobre a qual o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, projeta uma expansão elevada do PIB brasileiro.

Mas será que as previsões de Mantega são “wishfull thinking”, aquele tipo de “pensamento positivo” que tem poucas chances de se realizar?

Se for, ele não está sozinho neste clima otimista.

A pesquisa Sondagem da América Latina, elaborada em parceria entre o Instituto alemão Ifo e a Fundação Getúlio Vargas e divulgada hoje mostra, como você vê no gráfico, que não apenas o Brasil tem hoje um dos melhores climas econômicos percebido pelos especialistas – agentes e analistas econômicos – de todos os países pesquisados como, nos dados detalhados, verifica-se que o nível de médio de expectativas cresceu fortemente, para 6,2, depois de ter se reduzido para 3,7 em outubro passado.

O dado é bem próximo aos registrados no momento de maior crescimento de nossa economia nas últimas décadas, os anos de 2009/2010.

Portanto, à parte dos indicadores subjetivos, como o de inversão da tendência do crescimento industrial, a expressiva queda da inflação – que vai descer a bem perto do centro da meta de 4,5% ao ano – e de redução dos juros, há um elemento trabalhando fortemente por uma expansão da economia: as expectativas positivas.

É exatamente porque as expectativas são, tecnicamente, um componente da ampliação ou redução da atividade econômica que, com tanto empenho, o pessoal da roda-presa faz do pessimismo um mantra que repete, diariamente.

Por: Fernando Brito

Redação

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