Categories: NotíciaPolítica

Soberania popular exige respeito

O imbróglio STF x Senado no caso Aécio é mais um sintoma da falta de respeito com a soberaia popular. E que fique claro. O senado não é o detentor da soberania popualr. O senado é mandatário, recebe um mandato do povo, este, sim, é o soberano, mas quase nunca no Brasil essa soberania é garantida e respeitada.

O senador tem mandato popular e deve honrar e dignificar o mandato recebido do povo soberano. Como no Brasil a soberania popular tornou-se algo irrelevante, faz todo sentido, o pior sentido, tornar zero a reação ao impeachment, os partidos tolerarem políticos indignos exercerem o mandato popular. É hora de agir. Os brasileiros dignos devem agir. No caso de Aécio, ainda que se critique a exceção do STF, devemos exigir a renúncia e/ou a cassação do senador pelo Congresso. Colhido na prática do crime, a obrigação moral e política de Aécio é renunciar. Recusar a renuncia é abusar do mandato popular, da soberania popular. É crime de lesa pátria utilizar dos poderes da República para delinquir impunemente, sistematicamente, dilapidando o erário público e as riquezas da nação em proveito próprio e de organizações criminosas. Gente como Aécio, Cunha, Temer e toda a quadrilha deve ser banaida da vida pública e pagar pelos crimes. 

O Judiciário claudica e continua em hasta pública, como se denunciava a Justiça do tempo do Império; o Legislativo é o balcão de negócios para chupar o orçamento em proveito de grupos seletos. A nação brasileira precisa exigir punição daqueles que estão vendendo as riquezas brasileiras na bacia das almas, que, insisto, isto é crime de lesa pátria. A renuncia de Aécio é o mínimo que se deve cobrar de um senador da República sobre quem cai a gravidade de denúncias, indícios e provas indesculpáveis. A soberania popular deve estar no centro da cena para fazer avançar a luta pela igualdade e liberdade no Brasil. Lembro-me que na campanha de 2006 Marilena Chauí esteve aqui na Bahia e fez uma conferência na Faculdade Cairu, lotada, ela falou exatamente disto, o hábito de boca torta dos políticos eleitos, governantes, de usurparem a soberania do voto como se isto fosse “natural”. O politico eleito se sente dono do voto, ela dizia, age como se dono fosse da soberania do povo, tendo recebido mandato popular se vê e age como imperador, desconhecendo a soberania popular.

Neste momento nos faz imensa falta uma rede nacional de comunicação popular qualificada, bem posicionada, bem informada, diária, que compreenda a centralidade de se fazer ouvir a voz do povo em narrativas de combate aos privilégios e a mistificações, combater a desinformação, pautando as experiências de transformação que milhares de grupos desenvolvem em todo o país. Precisamos da comunicação que ajude a desmascarar a hipocrisia das elites e enfrente as questões cruciais que vivemos atualmente na sociedade.

Chegamos num ponto da crise cuja única saída é fortalecer os meios adequados para a defesa das riquezas e das possibilidades imensas da nação espoliada, fraturada. Somos um povo generoso e explorado, rebaixado a ser uma espécie de sub-povo. Mas precisamos nos rebelar. O começo de tudo precisa ser juntar o Brasil para garantir a distribuição das riquezas naturais, culturais, simbólicas, econômicas do país. O Brasil mobilizado para cumprir seu destino de grande naçao, tomado como base desse processo a luta incessante para reduzir e por fim às desigualdades sociais, política, etc. que inviabilizam o país.

Seis bilionários do Brasil ganham mais do que 100 milhões de brasileiros. Como podemos aceitar esta indignidade? Deixamos de fazer disso a pauta fundamental e ficamos patrocinando produtos de beleza para fazer das aparências a imagem enganadora das nossas misérias. A TV e a comunicação pública qualificada deve recusar o servilismo ao mercado de consumo que banaliza a existência ao invés de dignifica-la. Rasgar o véu para evitar que a maioria caia na mistificação do bolsomito de que a distribuição de armas, fuzis, revólveres, etc. nas cidades e nas fazendas, para fazendeiros e outros proprietários matarem quem quiser em nome da defesa da sua propriedade e/ou disputando a propriedade alheia seja algo perfeitamente aceitável. Distribuir armas nas cidades e nas fazendas? Vocês já imaginaram o que será viver no Brasil em que a venda de armas se torna algo banal? Atualmente são assassinados 60 mil pessoas por ano no Brasil. É matando cada vez mais brasileiros despossuídos que nossos problemas serão resolvidos?

Todos devemos mais do que nunca agir. Meu entendimento é que toda a esquerda brasileira foi golpeada e está sem capacidade de reação. Toda a esquerda. Todos os grupos mais à esquerda que saíram do PT desde a década de 1990 contribuíram, com a saída, a garantir tranquilidade à hegemonia da Articulação nos debates internos do PT. O fracasso político do PT é o fracasso político da esquerda da minha geração. O social-liberalismo petista, porém, deixou-nos o legado da política de incluir os pobres no orçamento. O combate à ilegitimidade do capitalismo neo-liberal deve servir para interromper o crescimento do ovo da serpente. No lugar de fascismo precisamos manter e aprofundar a luta pela igualdade, luta que precisa continuar e se fortalecer.

 

Redação

Redação

Recent Posts

Copom reduz ritmo de corte e baixa Selic para 10,50% ao ano

Decisão foi tomada com voto de desempate de Roberto Campos Neto; tragédia no RS pode…

6 horas ago

AGU aciona influencer por disseminar fake news sobre RS

A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com ação judicial pedindo direito de resposta por conta…

7 horas ago

Assembleia Legislativa de SP celebra Dia da Vitória contra o nazismo, por Valdir Bezerra

Para a Rússia trata-se de uma data em que os russos homenageiam os mais de…

8 horas ago

Diálogo com o Congresso não impede cobertura negativa do governo pela mídia, diz cientista

Para criador do Manchetômetro, mídia hegemônica se mostra sistematicamente contrária ou favorável à agenda fiscalista

8 horas ago

Tarso Genro aponta desafios e caminhos para a esquerda nas eleições municipais

O Fórum21 comemorou o seu segundo ano de existência no dia 1⁰ de Maio e,…

9 horas ago

Desmatamento na Amazônia cai 21,8% e no Pantanal 9,2%

A redução no desmatamento ocorreu entre agosto de 2022 e julho de 2023, em comparação…

9 horas ago