A notícia de que uma mulher levou o cadáver do tio a uma agência bancária de Bangu, no Rio de Janeiro, para fazer um empréstimo chocou o país e segue entre os assuntos mais comentados nas redes sociais desde terça-feira (16).
No X, as hashtags “Tio Paulo” e “Um morto muito louco”, em referência ao filme de 1989, são os tópicos em evidência nesta quarta-feira (17), especialmente conforme a investigação revela mais detalhes sobre o curioso caso.
Na tarde de terça, Erika Vieira Nunes se identificou como sobrinha de Paulo Roberto Braga, de 68 anos. Erika usou uma cadeira de rodas para transportar o idoso até a agência.
“Tio, tá ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor. O que eu posso fazer eu faço. Assina aqui, igual ao documento. Assina para não me dar mais dor de cabeça”, disse a suposta sobrinha em gravação.
As atendentes do banco suspeitaram da situação e afirmaram que Braga não parecia estar bem. Erika então respondeu que o idoso chegou ao banco empurrando a própria cadeira de rodas.
Às 15h20, a polícia militar do 14º BPM foi acionada para verificar uma denúncia de óbito com suspeita de crime. O Samu também foi acionado e chegou poucos minutos depois ao local. Os médicos até tentaram reanimar o idoso, mas logo constataram que ele já devia estar morto há poucas horas.
Erika Nunes levou o corpo do tio a uma agência bancária para concluir uma transação de R$ 17 mil; defesa alega que mulher tem problemas psiquiátricos
De acordo com o delegado do caso, Fábio Souza, Erika é parente de Paulo Braga, mas não é sobrinha de fato. Documentalmente, ela é prima e cuidadora do idoso, que não tinha outros parentes próximos.
A acusada afirmou que o idoso entrou na agência com vida, para concluir o empréstimo de R$ 17 mil pré-aprovado em 25 de março. Neste hiato, porém, Braga enfrentou uma forte pneumonia, teve de ser internado e ficou debilitado após a doença.
No entanto, a versão não condiz com a perícia. “Foram encontrados livores cadavéricos [deposição do sangue livre no sistema circulatório] no corpo dele. isso, livores cadavéricos, indicam que a morte não foi naquele momento. o livor cadavérico precisa de algumas horas para poder acumular sangue em determinada parte do corpo e foi o que aconteceu”, aponta Souza.
A equipe do Samu que atendeu a ocorrência informou à polícia que a vítima já estaria em óbito e apresentou sinais de intoxicação exógena, quando há exposição do corpo a drogas, medicamentos ou substâncias biológicas.
O delegado afirma ainda que, durante mais de uma hora de oitiva, a mulher não demonstrou arrependimento e parece ser uma pessoa fria. Após dúvida inicial para classificar o crime, Erika foi presa e deve responder por vilipêndio a cadáver e furto mediante fraude.
O banco não foi o único destino de Paulo Braga. Antes, Erika Nunes foi flagrada colocando o idoso em um carro de aplicativo e também passeou pelo shopping antes de entrar na agência do Itaú de Bangu.
Há imagens de Erika e Braga andando também em um centro comercial na noite de segunda-feira (15), quando o idoso teria tido alta do hospital. Nas imagens, Braga se movimenta.
Ana Carla de Souza, advogada de defesa de Erika, afirmou ao UOL que a cliente teria uma condição que transita entre um abalo psicológico e uso de medicamentos controlados no campo psiquiátrico. No momento oportuno, os elementos comprobatórios serão apresentados à Justiça.
A defesa alega ainda ter testemunhas de que o idoso chegou à agência com vida.
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