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Uma esperança no Mar da China

Após vários meses de tensão crescente no Mar da China, finalmente uma semana tranquilizadora.

 

Apesar da presença malévola do secretário de defesa americano rondando o Laos, como um abutre, tentando insuflar posicionamentos belicistas relativos às reivindicações de soberania no Mar da China, a declaração final da conferência do ASEAN, bloco de países do sudeste asiático, não fez referência à disputa. Além disso, o atual presidente filipino, ao contrário do anterior, responsável pela consulta ao tribunal de Haia, tem se mostrado bastante amistoso com a China, alterando o tom da contenda relativa à soberania das águas ao redor dos países. Apenas os Estados Unidos, que nenhuma relação têm com o caso, insistem na decisão baseada nas regras da UNCLE, tratado que os EUA, aliás, não respeitam.

A conferência sinalizou uma tendência à solução local da questão, isolando os Estados Unidos na tendência à internacionalização e militarização da querela. Apenas o Vietnã, aliado improvável dos EUA, mas bastante aguerrido, tem dado acolhimento às incitações americanas.

O radicalismo da decisão de Haia, negando à China todas as suas pretensões no Mar da China, inclusive, a de posses consensuais, talvez enfraqueça a totalidade de suas decisões, dissolvendo a tentativa de internacionalização da questão e isolando os EUA nesse afã. O veredito também enfureceu Taiwan, que teve uma de suas ilhas rebaixada à categoria de pedras.

Penso que o esvaziamento da decisão de Haia, que desconsidera os vieses regionais e a tradição milenar pleiteada pelos chineses, seja importantíssima para a paz mundial; esse veredito poderá constituir um pretexto fácil para justificar o início de uma guerra de proporções apocalípticas em nome da liberdade. Caso o veredito caia no esquecimento, esse pretexto se esvairá. Tal possibilidade se revelou essa semana, em virtude da ausência de menção a ele no relatório final da conferência dos países asiáticos.

Tal esvaziamento exporia os EUA, que aliás nenhuma relação deveriam ter com o caso, como verdadeiro pivô da contenda, e causa fundamental dos atritos. É em nome da liberdade que os EUA se arrogam o direito de levar seus navios de guerra onde bem entendem, não permitindo, naturalmente, que outros países façam o mesmo nas proximidades de seu território, sendo esse o cerne do problema.

Baseado na decisão do tratado que eles próprios não reconhecem, os EUA ameaçam fazer o que chamam FONOPs, ou exercícios de livre navegação, que consistem em levar porta-aviões e navios de guerra para as cercanias de outros países, no caso, da China, provocação que tem sido contrarrestada pelos chineses de forma ainda relativamente branda. O isolamento americano, no caso, esvaziaria a contenda, dissolveria a ameaça de guerra, e constituiria um fator extremamente tranquilizador para o mundo inteiro. O que está em jogo é a ameaça da terceira guerra mundial, uma catástrofe absurda que resultaria em bilhões de mortes.

Redação

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