A maldição brasileira do petróleo
por Fábio de Oliveira Ribeiro
Desde a II Guerra Mundial o petróleo é o maior insumo das modernas civilizações industriais. Ele é matéria-prima para a produção de combustíveis, fármacos, plásticos, etc… e uma das maiores fontes de acúmulo de riquezas inigualáveis.
O petróleo que causa a guerra movimenta as máquinas de guerra. O III Reich foi derrotado porque não tinha petróleo e não conseguiu conquistar províncias petrolíferas. A vitória dos soviéticos e dos norte-americanos pode ser creditada à abundância de combustível nos reservatórios dos tanques T-34 e Sherman, caças Sturmovik e P-51 Mustang, bombardeiros, navios e submarinos.
Não falarei aqui das guerras externas, rebeliões, golpes de estado e guerras civis causadas pelo petróleo. O que me interessa é a maldição do petróleo no Brasil.
A ditadura militar começou a desmoronar quando o preço do petróleo disparou. Importador de petróleo, o Brasil foi obrigado a se endividar. O aumento dos impostos e o declínio dos lucros privados afastaram os empresários do regime que eles haviam criado e os generais foram obrigados a retornar aos quartéis.
Com a descoberta do pré-sal durante o governo Lula o Brasil se tornou auto suficiente em petróleo. Dilma Rousseff colocou em marcha um plano para a Petrobras começar a exportar combustível refinado. Esse foi um dos motivos do governo dela despertar a reação das autoridades norte-americanas. Instrumento jurídico para a conquista de um fim político, o processo contra a Petrobras nos EUA desestabilizou o governo brasileiro.
Após a queda de Dilma Rousseff, nosso país renunciou ao controle, às rendas e ao refino do pré-sal. O Brasil voltou a importar gasolina e óleo diesel dos EUA. O preço dos combustíveis disparou causando a reação dos motoristas de caminhão. A greve que eles realizaram quase derrubou Michel Temer.
Seduzidos por promessas de redução no preço do diesel, os caminhoneiros ajudaram a eleger Jair Bolsonaro. Agora eles dizem que se sentem traídos, pois o mito manteve a política de preços definida pelos arquitetos do golpe de 2016. Pressionado pelos caminhoneiros, o presidente brasileiro resolveu decretar uma intervenção militar na Petrobras.
Colocar um general no comando da Petrobras não vai resolver o problema estrutural do Brasil. O mais provável é um agravamento da tensão política entre os neoliberais (aqueles que lucram com a importação de combustível e sua venda local a preço de mercado) e aqueles que exigem uma redução no preço do óleo diesel e da gasolina. O risco de desabastecimento é real, pois o petróleo do pré-sal é exportado e as refinarias brasileiras estão quase paradas.
Isolado diplomaticamente, Bolsonaro não pode restabelecer o monopólio da exploração e do refino do petróleo brasileiro pela Petrobras. Se renunciar ao controle acionário da petrolífera, a política de preços dos combustíveis será definida inteiramente pelo mercado, comprometendo ainda mais a governabilidade do país.
Na década de 1970, o Brasil era amaldiçoado porque não tinha petróleo. Agora nossa maldição é ter petróleo e não poder tirar proveito econômico dele. Quando cá chegaram, os portugueses encontraram índios no litoral. Os gringos e os chineses estão chegando. E os militares brasileiros agem como se fossem apenas índios durante o processo de recolonização do Brasil.
Ambiciosos e violentos, os colonos europeus eram impiedosos quando se relacionavam com os povos do Novo Mundo. Nosso mundo já envelheceu e os EUA é um império hostil aos países periféricos que se recusam a cuidar dos próprios interesses com autonomia política, capacidade militar de retaliação e soberania energética.
Os índios não se deram muito bem durante o empreendimento colonial. Os que não foram exterminados pelos canhões e arcabuzes dos portugueses contraíram moléstias para as quais não tinham imunidade. A “saga indígena” dos militares brasileiros está prestes a começar. Eles batem continência para Jair Bolsonaro e fazem de conta que estão no poder, mas a verdade é que o poder já foi deslocado para um espaço que não pode ser invadido e controlado pelos generais.
Inundadas, penitenciárias tiveram de transferir detentos para andares mais altos e não têm condições de…
Hamas aceitou uma proposta de cessar-fogo entre o Egito e o Catar para interromper a…
Em comunicado, grupo de conservadores afirma que posições do tribunal contra Israel são ‘ilegítimas e…
Após secas causadas pelo La Niña, chuvas trazidas pelo El Niño podem afetar abastecimento da…
O chefe do Executivo reiterou o desejo de fazer tudo o que estiver ao alcance…
O governo Dilma gastou R$ 3,5 mi pelo trabalho, abandonado após reforma ministerial; inundações, secas…