Nós não usamos Black Tie, por Rogerio Maestri

Nós não usamos Black Tie

por Rogerio Maestri

Como gosto de fazer “semiplágios” para títulos de artigos, me lembrei do título da peça de Gianfrancesco Guarnieri (Eles não usam black-tie) e versão homônima da peça para o cinema sob a direção de Leon Hirszman e fazendo um dos papeis principais o próprio autor da peça. Esta peça mostrava o choque duas gerações de operários que pode servir de seguimento ao artigo de Luis Nassif (Os fakenews como estratégia de censura aos blogs oposicionistas) e também de um artigo sobre a incapacidade da direita em pensar corretamente (Capacidade de conspirar, sim, capacidade de pensar, não) para com pequenas modificações de curso manter a direção do barco do golpe.

Após a verdadeiros apatia e desânimo gerados em muitos, principalmente os incrédulos, sobre os destinos do pais na situação pós golpe, as pessoas começaram a reagir e principalmente ver como diria o famoso falecido revolucionário russo “Quem são os amigos do povo” (atenção aos desavisados, a noção de populismo empregada por Lenin, é diferente do que alguns possam pensar).

Durante algum tempo, onde imperava a confusão, muitos movimentos, instituições, e no caso deste artigo, de profissionais de imprensa de direita, ou mesmo em alcateia agindo em sites, conseguiram se infiltrar entre tradicionais sites ou blogues progressistas trajando pele de cordeiro.

Mas quando o processo político se desenvolve, os nossos lobos infiltrados vão mostrando seus dentes, porém há além dos movimentos e/ou instituições que sofrem não só o processo de infiltração, mas como traem realmente aqueles que acreditam neles, há o que Nassif coloca no seu artigo as chamadas “novíssimas mídias”.

Elas não são sujas e seu formato, como os financiamentos misteriosos não as obrigam a fazer propaganda, elas se tornam limpas (“clean”), como deve ser o formato da novíssima direita imperial. Uma direita globalizada, consumista ao extremo, acética e hedonista, filha do grande capital financeiro, que passa a dominar depois de década de 80, ou seja, uma direita de Black Tie.

Porém, o mais interessante é que como estamos chegando atrasados (mas em alta velocidade) na transformação para a sociedade globalizada possuímos um handicap positivo na detecção e implementação das novas estruturas danosas do Imperialismo global. Outra vantagem é que já em países em que o processo de trituração tanto do proletariado como da burguesia tradicional, já estão sendo identificados, rastreados e as tentativas de anulação começam a existir.

Além de tudo, por não usarmos Black Tie, e nos apresentarmos ao público com nossas roupas nada elegantes, estamos próximos ao que o povo veste, e com a identificação na vestimenta, ela nos assemelha e aproxima.

Poderão as “novíssimas mídias” nos acompanhar? Provavelmente não, pois elas foram confeccionadas para uma sociedade pós-burguesa e pós-proletária e como estamos longe desta fase, pois ainda mandamos os iPhones para o concerto no lugar de trocá-los por um modelo mais novo, o fosso entre eles e nós, é imenso.

Outro fator importante na impossibilidade da “novíssimas mídias” em voltar ao passado e se mimetizar na multidão, é a sua função mais importante é dar informações para aqueles que a financiam, informações mais qualificadas do que os blogueiros de direita tradicional para eles enviam, pois estes últimos são toscos demais, para estômagos mais delicados.

Uma outra referência ao processo de globalização pode ser vista no artigo “Há vantagens em estar atrasado?”, que descreve com mais precisão alguns motivos por estarmos fora da ideologia pós-moderna. Infelizmente neste artigo, alguns saudosos das comunidades hippies que participaram em sua juventude, levaram o assunto para uma particularidade que está fora de representar o todo.

 

Redação

Redação

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  • Eu nunca fiz mandalas

    Você, Maestri, acredita em tudo o que eu digo.. Como você é inocente.

    Para qual foi a particularidade que não representa o todo que eu e a Anarquista Lúcida, supostamente, desviamos o assunto do seu texto?

    Você fez a defesa do funk e da proibição das drogas e culpou as vítimas pela violência da elite.

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