Futebolistas brasileiros na Ucrânia desmentem Arthur do Val: “MBL não nos ajudou em nada”

Desde o seu retorno da Ucrânia, o deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) têm produzido uma grande quantidade de justificativas sobre sua viagem ao país do europeu, que surgem com a mesma velocidade que são desmentidas.

A última versão contada pelo parlamentar incluiu o relato de uma suposta ajuda a cinco futebolistas brasileiros que atuavam no futebol ucraniano e que teriam cruzado a fronteira com a Eslováquia graças à intervenção da delegação do MBL – conformada por ele e por Renan Santos, coordenador nacional do grupo.

Esse relato de Arthur do Val foi parte da entrevista que ele concedeu no último domingo ao programa Domingo Espetacular, da Record. O deputado também alegou que o MBL (Movimento Brasil Livre) teria financiado as passagens para que os cinco atletas regressassem ao Brasil.

Mas essa versão se sustentou por apenas dois dias. Através das redes sociais, os cinco atletas mencionados por Do Val desmentiram a versão, e afirmaram que “o MBL não nos ajudou em nada”.

Os jogadores em questão são Victor Adame, Luan Martins, Joanderson Normandes, Gabriel Patreze e Wendell Ramos. Todos eles atuavam pelo clube Vovchansk, da segunda divisão do país. Adame foi o porta-voz do grupo, que afirmou que os únicos brasileiros que os ajudaram foram os funcionários do consulado brasileiro em Lviv, que conseguiram incluí-los em um trem que os levou para fora do país, e o economista João Paulo Araújo, que mora na Eslováquia e abrigou os cinco atletas em sua casa depois que eles cruzaram a fronteira.

Também através das redes sociais, o próprio Araújo confirmou essa versão, dizendo que “de certo modo, cuidei um pouco dessa volta deles para casa, conversei com algumas pessoas, tudo mais (…) O auxílio do Arthur, do MBL, ou de qualquer pessoa ligada a eles no retorno dos meninos ou enquanto os meninos estiveram aqui foi zero. Nada. Não teve uma janta, um almoço, café. Muito menos passagem”.

No entanto, eles reconhecem que Arthur do Val e Renan Santos visitaram a casa do economista – as entrevistas que eles fizeram aos jogadores foram difundidas pelo canal de YouTube do MBL – mas asseguram que esse registro foi realizado depois que eles já haviam sido resgatados por Araújo, o que ocorreu sem nenhuma intervenção do grupo liberal.

João Paulo Araújo e Victor Adame afirmam que não receberam nenhum tipo de ajuda financeira do MBL, e que as passagens para que os cinco jogadores voltassem ao Brasil – que custaram cerca de 600 euros (R$ 20 mil) cada uma – foram bancadas por um doador anônimo.

Esse desmentido faz aumentar os questionamentos sobre o uso do dinheiro que o MBL arrecadou em sua campanha de doações nas redes sociais, com a desculpa de levar ajuda humanitária à Ucrânia.

Oficialmente, o MBL afirma que sua campanha conseguiu reunir 250 mil reais para serem usados como ajuda humanitária. As controvérsias sobre o destino desses recursos foram levantadas pelo jornalista Ricardo Mendonça, em um fio que ele publicou em seu Twitter.

Quem também comentou o caso foi o renomado jurista Lênio Streck, professor da Unisinos (RS) e da Universidade Estácio de Sá (RJ), de forma ainda mais contundente, ao afirmar que o MBL confessou ter violado o artigo 22 da Lei 7492 (“efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do país”), no primeiro comunicado publicado pelo grupo para justificar a viagem e as gafes de Arthur do Val e Renan Santos.