Por O Escritor
Quem gosta de ser ativo no mundo tem que dosar em si mesmo duas atividades básicas: pensar objetivamente sobre a realidade, no plano intelectual, e agir subjetivamente sobre a realidade, no plano político.
O problema é que, no Brasil, a luta política é tão intensa e cotidiana que pouco sobra de tempo e disposição para se pensar objetivamente sobre a realidade. É necessário, o tempo todo, defender-se e atacar, observar e prever os movimentos do “inimigo”, aproveitar as oportunidades de avanço, explorar os erros do adversário, e assim por diante. Foco exclusivo na luta.
E a mídia é, certamente, a maior responsável por esse clima opressivo porque, mesmo nos períodos entre as eleições, ela não aproveita o natural relaxamento de tensões para abordar de modo inteligente e aprofundado as questões nacionais mais importantes. Nela, só entra o que puder ser útil à defesa dos seus interesses e ao ataque às posições contrárias. A grande mídia é política partidarizada na veia, 365 dias por ano.
Esse espírito de combate “mortal” acaba contaminando em especial os internautas (muito menos, a população off-line) e pode transformar, instantaneamente, duas pessoas desconhecidas em inimigos virtuais eternos – duas pessoas que, muitas vezes, diferem somente numa ideia ou numa posição sobre determinado fato de natureza política, e que, se tivessem se conhecido no mundo “real”, poderiam até se tornar ótimos amigos.
Nesse contexto, qualquer crítica bem-intencionada ao próprio lado vira sinônimo de ataque, ou seja, de ação de inimigo político, por receio de que seja aproveitada pelo outro lado. Sempre o pé-atrás: “O que esse cara está querendo com essa observação?”
Perdem as pessoas envolvidas porque, psicologicamente, essa contínua descarga de adrenalina e esse incessante estado de prontidão para a luta não faz bem para a saúde de ninguém. Elas perdem também, intelectualmente, porque o tempo dedicado em excesso à luta política é tempo precioso roubado da atividade de compreensão objetiva e inteligente da realidade. E perde o país porque seus problemas mais urgentes vão sendo mascarados por argumentos e explicações simplistas e falsas, que servem à luta política, mas deixam a população (todos nós) cada vez mais longe das reais causas e circunstâncias desses problemas. Por conseguinte, mais longe das soluções.
Que as gerações futuras tenham mais sorte do que as nossas.
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