A nova onda de ocupação de espaços públicos

Grupo de manifestantes inicia Primavera Paulistana

Por Lilian Milena, no Brasilianas.org
Da Agência Dinheiro Vivo 

Movimentos sociais de várias partes do mundo se organizam para acampar em espaços públicos de 12 (hoje) à 15 de maio. Sob o mote “traga a sua barraca e desarme o sistema”, organizadores do evento em São Paulo convidam pessoas comuns a debaterem a falta de espaço da população nas discussões que envolvem as decisões políticas, em frente ao Estádio do Pacaembu, na Praça Charles Müller.

Não se sabe exatamente quantas pessoas irão aderir à ocupação, que durará apenas três dias. A construção do “12M”, como está sendo chamado nas redes sociais ocorre desde janeiro em várias cidades do Brasil, entre elas, Porto Alegre, Salvador e Distrito Federal.

Segundo André Napoles, que participa do 12M em São Paulo e tem acompanhado os debates da “grande chamada”, neste sábado haverá pelo menos seis focos de acampadas em todo o mundo, com maior concentração nos Estados Unidos e Europa. Na África, cidades do Egito e Argélia devem aderir às ocupações.

“O ocupa é um movimento global que tece as reivindicações de outros movimentos”, procura resumir Nápoles. As palavras de ordem compartilhadas nas redes sociais, e traduzidas para diferentes linguas, é ocupar, compartilhar e construir.

O acampamento teria como principal objetivo chamar a atenção para o direito à cidade e ao uso do espaço público, trazendo para o debate a pauta básica do movimento mundial que é a indignação popular em relação à representatividade dos partidos políticos e dos governantes.

Para chamar a atenção das pessoas, o grupo em São Paulo montou uma agenda (link). A concentração inicial está marcada para o meio dia deste sábado, e seguirá com uma oficina para produção de faixas e cartazes, às 14h e, às 16h com uma aula pública ministrada pelo professor de História da USP, Henrique Carneiro, um dos autores do livro “Occupy: movimentos de protesto que tomaram as ruas”, recém lançado pela Boitempo Editorial e Carta Maior.

Histórico

O movimento de acampar espaços públicos foi iniciado na Espanha, em 15 de maio de 2011. Naquele país um grupo de 60 twitteiros promoveram via rede uma marcha em Madri e acabaram reunindo cerca de 14 mil pessoas, terminando a caminhada na praça Porta do Sol.

Depois do término do ato, por volta de 20 deles decidiram continuar na praça conversando, quando um decidiu que deveriam permanecer ali. Em seguida passaram a transmitir na internet vídeos dos seus debates.

Inicialmente, a mídia não deu atenção, ao contrário dos internautas. E em poucos dias centenas de pessoas improvisaram barracas na praça formando uma grande assembléia de debates, até que chegou um momento em que viram a necessidade de se dividirem formando assembléias de bairro. A idéia foi se espalhando para outras cidades e países como Portugal, França, Itália.

Os mesmos internautas espanhóis iniciaram, uma nova campanha de mobilização de cidades do mundo inteiro, para no dia 15 de outubro do ano passado. Nesse data cerca de 900 cidades em 82 países aderiram à proposta, incluindo São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Em São Paulo, os manifestantes permaneceram ocupando a parte de baixo do Viaduto do Chá, por 45 dias.

Luis Nassif

Luis Nassif

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