Do O Globo
Dilma: crises regionais mostram necessidade de reformar conselho da ONU
Presidente brasileira fez discurso de abertura da 67ª Assembleia Geral da ONU
NOVA YORK – No discurso de abertura da 67ª Assembleia Geral da ONU, a presidente Dilma Rousseff fez duras críticas a medidas de austeridade, condenou fortemente a violência na Síria, defendendo uma solução diplomática para o país, e afirmou que o impasse em torno de crises regionais mostram a necessidade de realizar mudanças no Conselho de Segurança da ONU.
– Estamos consternados com a situação na Síria, condenamos nos mais fortes termos a violência no país. O conflito se tornou um drama humanitário na Síria e nos países vizinhos – disse a presidente, acrescentando que o governo tem a maior parcela de culpa pelos abusos aos direitos humanos cometidos no país, sem no entanto isentar grupos opositores que recebem “ajuda de fora”. – Não há solução militar para a Síria. O diálogo e a diplomacia são a melhor e a única solução.
Assim como no ano passado, Dilma abriu o discurso, falando sobre a questão da mulher e com duras críticas às medidas adotadas por países desenvolvidos para lidar com a crise financeira mundial. A presidente disse que a dificuldade da comunidade internacional para lidar com conflitos regionais era um reflexo do impasse no Conselho de Segurança da ONU.
– O Conselho não pode ser substituído por coalizões que se formam à sua revelia, à margem da comunidade internacional – afirmou Dilma. – O Brasil sempre lutará para que as decisões da ONU prevaleçam.
A presidente foi aplaudida em dois momentos durante o discurso. O primeiro quando repudiou o crescimento da islamofobia em países ocidentais e depois quando voltou a defender a Palestina como membro pleno da ONU. Para encerrar, a chefe de Estado elogiou a abertura econômica de Cuba, mas disse que a ilha precisa de parceiros comerciais e é prejudicada pelo embargo:
– É mais que chegada a hora de pôr fim a este anacronismo.
O Brasil abre tradicionalmente as sessões da Assembleia Geral, desde a criação da ONU, em 1945. Dilma Rousseff foi a primeira mulher fazer o discurso de abertura da assembleia, no ano passado. Na época, a presidente defendeu a criação do Estado palestino – um dos temas centrais da sessão em 2011 – e exaltou o papel da mulher na política internacional.
Antes do discurso, Dilma se encontrou com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Não há outras reuniões agendas para esta terça-feira. Na segunda-feira, a presidente brasileira, que chegou a Nova York no domingo, se reuniu com o presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso. Os dois conversaram sobre a crise econômica na zona do euro.
Ban: tempo de distúrbio, transição e transformação
Na abertura da sessão, Ban falou de um “tempo de distúrbios, transição e transformação”. O secretário-geral da ONU fez um alarme para a comunidade internacional e disse que o povo hoje quer progresso e uma solução imediata, “uma esperança concreta de futuro”, afirmou o diplomata sul-coreano.
– Pessoas querem empregos e uma vida decente, mas o que ganham é a negação de seus sonhos e inspirações – disse Ban. – É nosso dever responder suas frustrações.
Sobre a Síria, Ban disse que a crise – que ele chamou de “calamidade” – é cada vez pior e não está mais limitada apenas a Damasco. O secretário-geral da ONU pediu que a comunidade internacional e o Conselho de Segurança apoie o enviado especial Lakhdar Brahimi.
– Brutais abusos de direitos humanos estão sendo cometidos, principalmente pelo governo, mas também por grupos da oposição. Eles devem ser punidos. É nosso dever colocar um fim na impunidade a crimes internacionais – disse Ban.
O discurso de Dilma será seguido pelo do presidente americano, Barack Obama, que deve alertar o Irã para as consequências de levar a cabo seu programa nuclear. A Assembleia Geral deste ano também deve ser dominada pelos protestos recentes no mundo islâmico contra o filme amador anti-Islã “Inocência dos muçulmanos”.
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