Eleições

Lula reúne líderes evangélicos para garantir eleição em 2022

por Camila da Silva Bezerra

Especial para o GGN

O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) quer conquistar a principal base eleitoral de Jair Bolsonaro (PL) para a disputa do Planalto no ano que vem. Para tanto, Lula está promovendo eventos com líderes da comunidade evangélica, a fim de se aproximar cada dia mais destes eleitores e estabelecer canais de diálogo com o público, conhecido pelo conservadorismo.

Um dos eventos em que o ex-presidente ressaltou a importância dos evangélicos no pleito de 2022 foi o ato político realizado antes da exibição do filme Marighella no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na última sexta (3), em São Bernardo do Campo (SP).

Ao longo do evento, Lula não pediu votos explicitamente. Também não citou a própria candidatura, mas enfatizou a necessidade de politizar os evangélicos. “É preciso a gente falar muito, porque tem muito mercenário se fazendo passar por religioso, pregador, e muita gente enganando os mais humildes que precisam de apoio.”

O ex-presidente aproveitou a presença do pastor Henrique Vieira (PSOL) na solenidade para pedir ajuda na conquista de votos dos cristãos. “Seria extremamente importante que você pudesse convencer muitos e muitos pastores, de todas as igrejas evangélicas de todo o Brasil. Porque nós temos a obrigação de convencer a população brasileira de que o Bolsonaro não crê em Deus e não pratica nenhum ensinamento que está na Bíblia”. continuou.

Lula ressaltou ainda que este papel de politização tem de vir dos próprios evangélicos, a fim de facilitar a aproximação com os fiéis. “Porque, muitas vezes, se falarmos nós, que somos leigos, as pessoas não entendem [a mensagem]”, emendou o ex-presidente.

Ator de Marighella, Henrique Vieira é pastor da Igreja Batista e defendeu a necessidade de fazer um trabalho de base junto aos evangélicos, a fim de derrotar o fundamentalismo religioso a partir do diálogo com os cristãos, que são, em sua maioria, pessoas pobres, trabalhadoras, negras e mulheres.

Vieira refuta ainda a responsabilidade atribuída aos evangélicos no resultado da última eleição, alegando que, caso a aproximação com os cristãos seja feita, é possível superar o bolsonarismo. “Com fé, esperança e trabalho de base, posso fazer uma aposta aqui hoje: os evangélicos farão, ano que vem, parte da derrota de Bolsonaro. Não vamos generalizar e descartar [os evangélicos]. Vamos dialogar com a população que luta para sobreviver”.

Ainda no Sindicato, Lula contou que se reuniu virtualmente com outras mil lideranças evangélicas em 27 de novembro. Entre os presentes estava a deputada federal Benedita da Silva (PT). Sobre o encontro, o líder petista comentou que reforçou a necessidade de conscientizar os evangélicos sobre a influência de falsos profetas.  

No segundo turno das eleições presidenciais em 2018, Jair Bolsonaro recebeu mais de 21 milhões de votos dos evangélicos, 11 milhões a mais que o candidato do PT, Fernando Haddad, de acordo com a estimativa da pesquisa Datafolha, divulgada em 25 de outubro daquele ano.

Vale lembrar que Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que soma mais de 12 milhões de fiéis, é um dos principais cabos eleitorais e conselheiros de Bolsonaro, tanto que já foi cogitado ao papel de vice-presidente na chapa para reeleição em 2022.

Outro influenciador bolsonarista é Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, que soma mais de 7 milhões de adeptos no Brasil, segundo cálculos da instituição.

Redação

Redação

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  • “É preciso a gente falar muito. Porque tem muito mercenário se fazendo passar, sabe, por religioso, por pregador, e muita gente enganando os humildes que precisam de apoio.”
    Lula foi descaradamente hipócrita.
    Foi só recentemente que ele viu a luz? Quando andava aos beijos e abraços com Edir Macedo e o Bispo Crivella, ele não se dava conta desses tais mercenários?
    Bem me lembro da gratidão do Bispo Crivella ao inestimável apoio diplomático de Lula para a expansão da IURD na África - infelizmente, o vídeo sumiu do YouTube.
    Como esquecer o fervor cristão de Dilma, que, em plena campanha, citava Salmos 33:12?
    Pra quem não se lembra, é aquele que diz assim: “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor.”
    E o que dizer daquela romaria ao Templo de Salomão, feita pela nossa então presidenta, acompanhada por Fernando Haddad, Geraldo Alckmin e dois ministros do STF?
    Também me lembro que bastou Silas Malafaia fazer cara feia para que Dilma suspendesse uma cartilha do MEC – componente do que seria o tal kit gay.
    Não, não começou com Bolsonaro a perda de território do Estado laico.

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