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Ministra negra é alvo de racismo na Itália

Da Folha

Negra, ministra italiana recebe insultos racistas da extrema-direita

DA REUTERS, EM ROMA

A nova ministra da Integração da Itália, Cecile Kyenge, recebeu uma série de insultos de militantes de direita por ser mulher e negra. Em resposta, disse não acreditar que a Itália seja um país racista e que tem orgulho de ser negra.

Desde que foi nomeada, no sábado, ela tem sido alvo de provocações em sites de extrema-direita, que têm a rotulado com nomes como “macaco congolês”, “Zulu” e “a negra anti-italiana”.

Em referência a Kyenge, Borghezio chamou a coalizão de Letta um “governo bonga bonga” –uma brincadeira com o termo “bunga, bunga”, atribuído a Berlusconi– e disse que ela parecia ser “uma boa dona de casa, mas não uma ministra”.Ela também enfrentou insultos com toques de racismo de Mario Borghezio, membro da Liga do Norte no Parlamento Europeu, que foi aliado do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Kyenge rejeitou os comentários, que a presidente da câmara dos deputados, Laura Boldrini, qualificou como “vulgaridades racistas”.

A ministra planeja pressionar por uma legislação, a qual a Liga é contrária, que permitiria às crianças nascidas na Itália de pais imigrantes obterem a cidadania automática, em vez de terem que esperar até os 18 anos para reivindicá-la.

“Cheguei sozinha à Itália aos 18 anos e eu não acredito em desistir diante de obstáculos”, disse Kyenge, que deixou o Congo para que pudesse prosseguir os seus estudos em medicina.

Ela também rejeitou o termo “de cor”, usado para descrevê-la em muitos matérias na imprensa italiana, dizendo: “Eu não sou colorida, eu sou negra e digo isso com orgulho.”

Kyenge, que é casada com um italiano, disse não ver a Itália como um país particularmente racista e acreditava que as atitudes hostis derivavam principalmente da ignorância.

Boldrini disse a um jornal nesta sexta-feira que recebe ameaças de morte online diariamente e um fluxo de mensagens contendo imagens sexualmente ofensivas.

“Quando uma mulher ocupa um cargo público, a agressão sexista dispara contra ela, sejam simples fofocas simples ou violentas… sempre usam o mesmo vocabulário de humilhação e submissão”, disse Boldrini ao jornal “La Repubblica”.

Luis Nassif

Luis Nassif

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