Política

Luciano Hang disponibilizou caminhões da Havan para bloqueios golpistas em SC

O empresário bolsonarista Luciano Hang, dono das lojas Havan, financiou parte da paralisações golpistas em Santa Catarina, com o envio de caminhões.

A informação foi apurada pela Agência Pública. Luciano Hang e outros empresários catarinenses, como Emílio Dalçoquio, que incentivou a greve dos caminhoneiros em 2018, e Luiz Henrique Crestani, dono do grupo Luke, “tiveram ativa participação nas manifestações golpistas”, informou a reportagem.

O estado de Santa Catarina foi o maior foco de manifestações golpistas desde o dia 30 de outubro, com a derrota de Jair Bolsonaro e a vitória de Lula, incluindo o polêmico episódio de bolsonaristas levantando o braço direito, em gesto nazista. O estado teve 41 bloqueios de rodovias até o dia 31, o maior do país.

E também um dos que mais entregou votos a Bolsonaro: quase 70% dos catarinenses votaram para a reeleição do atual mandatário.

Caminhões da Havan e de outros empresários

Estes atos estão sendo investigados pelas autoridades. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por exemplo, foi a responsável por desfazer os bloqueios e interdições de caminhões e de pessoas nas rodovias do país. E um documento da instituição mostra que “caminhões a serviço da Havan” foram usados em bloqueios no estado do sul do país.

O dono da Havan é investigado em processos de atos antidemocráticos e já foi apontado por fazer parte do grupo de empresários que articulavam um golpe de Estado, com a vitória de Lula, ainda em agosto deste ano. Hang também doou R$ 1,02 milhão à campanha de Jair Bolsonaro.

Crestani, do grupo Luke, já admitiu publicamente nas redes sociais que seus caminhões foram usados nos bloqueios golpistas. “Nossos caminhões da @lukelogistica estão parados em Palma Sola”, escreveu.

Investigados de organização criminosa

O caso de Santa Catarina se soma a outros de São Paulo e Espírito Santo, no qual procuradores estaduais encaminharam ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, os indícios e documentos que revelam a participação de empresários nos bloqueios golpistas.

Os procuradores acreditam que o financiamento desses atos pelos empresários integra uma grande articulação nacional pelos mesmos, o que configuraria organização criminosa. Em outra frente de investigação, apura-se a omissão da PRF sobre os bloqueios e a ciência antecipada do órgão de que haveria os atos, sem movimentar mais pessoal ou trabalho de prevenção.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  • O inciso IV, do art. 2º, da Lei nº 1.802, de 5 de Janeiro de 1953 dispõe que tentar subverter, por meios violentos, a ordem política e social, com o fim de estabelecer ditadura de classe social, de grupo ou de indivíduo;

    Pena: - no caso do item IV, reclusão de 5 a 12 anos aos cabeças, e de 3 a 5 anos aos demais agentes.

    O golpista da Havan não incorreu no crime acima previsto?

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