Macri abre a Argentina para duas bases dos Estados Unidos, por J. Carlos de Assis

Aliança pelo Brasil

Macri abre a Argentina para duas bases dos Estados Unidos

por J. Carlos de Assis

O Brasil sempre se resguardou da presença militar estrangeira em seu território. A Argentina também. Isso preservava o Cone Sul, entre outras coisas, do risco da ingerência externa em sua soberania econômica e política. Esse tempo acabou. O presidente argentino Mauricio Macri, como resultado da visita de Barak Obama a Buenos Aires em maio, acaba de abrir as fronteiras de seu país à entrada dos Estados Unidos mediante a instalação de duas bases norte-americanas, uma em Ushuaia, Terro do Fogo, e outra na Tríplice Fronteira.

A base em Ushuaia é uma projeção próxima e direta sobre a Antártica, a maior reserva gelada de água doce do mundo, além de conter importantes minerais estratégicos. A base na Tríplice Fronteira é uma projeção sobre o aquífero Guarani, a terceira maior reserva de água doce do mundo. Obviamente, os interesses “científicos” dos EUA em instalar essas bases se efetiva na realidade no campo geopolítico. Eles correram para fazer o acordo com Macri tão logo tomou posse porque, assim como no caso brasileira, não querem correr risco de recuo.

É espantoso que justamente um governo argentino tome essa iniciativa em favor da ingerência norte-americana no Cone Sul quando foram os EUA, na única guerra em que a Argentina se envolveu do século XX para cá, a Guerra das Malvinas, que colocaram toda a sua infraestrutura de informação a favor do inimigo que saiu vitoriosos, a Inglaterra. Talvez Macri, por ser relativamente jovem, tenha se esquecido disso. Duvido, porém, que o subconsciente coletivo do povo argentino também tenha se esquecido.

O rescaldo macabro da Guerra das Malvinas foi a instalação permanente de uma base militar inglesa nas ilhas Geórgias, militarizando, inclusive do ponto de vista nuclear, o Atlântico Sul. Agora Macri, pouco depois de eleito, corre para fazer esses acordos militares com os EUA. A Guerra das Malvinas os argentinos perderam; não tinham como resistir à imposição inglesa. Agora, porém, não há nenhuma pressão insuportável para aceitar bases militares. É uma combinação de ideologia subserviente com ilusão de ganhos econômicos.

O governo Macri nos expõe à presença militar norte-americana de uma forma que cria desconforto em todo o Cone Sul. É fundamental que o Ministério da Defesa do Brasil, através do Itamarati, exija explicações do governo argentino sobre essa dupla iniciativa acobertada de atividade científica. A Argentina deverá escolher entre sua aliança estratégica com o Brasil, que lhe tem garantido sobrevivência econômica, e a condição de subordinada aos interesses de Washington. Se colocar os pesos na balança, verá que a aliança com o Brasil interessa mais. A não ser que confunda Brasil com José Serra!

Redação

Redação

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  • Os hermanos estão tentando

    Os hermanos estão tentando ser os queridinhos dos falcões do norte.Eles deveriam se lembrar da "imparcialidade" dessa gente na guerra das Malvinas.Isso não foi um fato issolado. Se tal desentendimento vier a ocorrer novamente os interesses geopolíticos e econômicos prevalecerão novamente e,assim como outrora,nenhum exocet poderá ser negociado com os hermanos que,como na guerra passada,deverão contar apenas com seus traques e meia dúzia de moleques sem treinamento ,forçados a guerrear em nome de uma pátria que,bem sabem eles,já não lhes pertence.

    Quanto ao Brasil,golpeado que fo pelas forças reacionárias,comandada pelos lacaios dos falcões do norte,a perspectiva não é diferente e,não me surpreenderia se mesmo os projetos de aquisição e produção dos caças suecos viessem a ser "auditados" ,assim como ocorre com o desmosnte disfarçado dos projetos de estaleiro e construção de submarinos,com a destruição da empreiteira encarregada dos serviços e a prisão,por uma fofoca,do almirante encarregado deste projeto.

    Assim,o destino do país,com os golpistas no poder,será o mesmo dos nossos hermanos 

  • É né?

    Na Colômbia bases americanas em nome de uma guerra contra o narcotráfico que nunca termina, o que permite aos americanos não somente desenvolver técnicas de combate na selva amazônica, mas também desenvolverem armas para esse tipo de luta (no netflix tem documentário sobre isso se não me engano).

    Descobre o présal e cria-se uma força naval para patrulhar a região.

    Agora o aecim argentino mostra mais do que nunca sua cara e abre as pernas para bases em pontos estratégicos (será que o serriliks não foi lá discutir como podia ajudar nessa logística?).

    Patrocinio de golpes na america do sul e caribe a rodo pelos caciques americanos via instituições privadas (certamente daqueles 400 que mandam efetivamente na polític americana, seja qual partido for).

    Aí voce assiste o documentário no Micahel Moore e numa entrevista no final uma das águias americanas fala sem meias palavras: se algum país não quiser colaborar para a manutenção do nível de vida do americano (via petroleo, água e outros recursos naturais necessários - é o que subentende-se) NÓS INVADIMOS E PRONTO.

    É né? Fazer o que né?

    Talvez chupar que a laranja não é nada doce..........

    Ah, o mais importante: só não enxerga quem não quer ou..............

  • A notícia acendeu um alerta,

    A notícia acendeu um alerta, sem medo que possa parecer teoria da conspiração. O que estamos vivendo está mais surreal do que qualquer ficção. Com a tese de que temos um golpe dentro do golpe (O Cafezinho publica hoje as gravações de Machado com Renam, onde fala disso), desde já ligo a súbita viagem de Serra à Argentina para montar mais um ponto estratégico dos EUA que assegure a duração de qualquer golpe na AL.  O Chile já começou com os ataques orquestrados ao governo de Bachelet. Deve ser a operação 'Dominó' em andamento (a última que lembrei chamava-se Condor). E Serra está dentro, não tenho a menor dúvida.

  • Coisas do interinO

    Nassif: a base da Tríplice Fronteira já tinha sido descartada pelo governo argentino anterior. Na verdade, tratava-se de uma espécie de suborno que o governo norteamericano havia oferecido ao “governador” daquela província portenha. Ouvi dizer que nessa viagem do Serra a Buenos Aires ficou sacramentado o ato e acertado que os atuais governos brasileiros e argentinos vão pedir outra base, agora no Paraguai, que vem sendo cobiçado pelos ianques desde aquele golpe. Os semelhantes se acertam.

  • Isso só confirma a "retomada"

    Isso só confirma a "retomada" dos EUA na implantação de suas DITADURA CAPITALISTAS. Acho que não tem volta. Se reclamar é só olhar o Oriente Médio e o GENOCÍDIO de milhões de Árabes.

    • E os EUA sabem ganhar

      E os EUA sabem ganhar dinheiro de alguma outra forma? É só ver a História, quando foi que esse país absteve-se de semear discórdia e desavenças quando a questão era lucrarem com isso? Não passam de filhos bastardos da fidalguia britânica, sabe aquela cujo cinema produz pérolas do colonialismo como "A Ponte do Rio Kwai" ou "Dr. Jivago"? A turma que vendia heroína a chineses?

  • Resposta do Itamarati de Serra

    "É fundamental que o Ministério da Defesa do Brasil, através do Itamarati, exija explicações do governo argentino sobre essa dupla iniciativa acobertada de atividade científica."....tá bom, o Serra vai exigir explicações sim, mas sobre como os argentinos pensaram em entregar seu território isso primeiro do que ele entregar o do Brasil.

    • Tem razão. Se fosse no Brasil

      Tem razão. Se fosse no Brasil primeiro a instalação o Serra poderia usar seu uniforme de fuzileiro naval dos EUA. Afinal, deve ter sido isso que ele foi fazer nos EUA depois da queda de Allende. Diploma, ele não tem, fala como se não conhecesse nenhum assunto sério para um aspirante a estadista, mas de dossiês, de entrega e golpe, isso ele entende.

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