Este projeto de financiamento coletivo criado pelo jornal GGN, de Luis Nassif, visa registrar, em vídeodocumentário, e com apoio de familiares do reitor, a história de Cancellier, o reitor cuja morte foi um grito contra a intolerância. O vídeo será disponibilizado no canal do GGN no Youtube (www.youtube.com/tvggn). Os apoiadores terão acesso prioritário.
Luiz Carlos Cancellier nasceu em maio de 1958. Ele tinha 59 anos quando suicidou-se pulando do vão central de um shopping no centro de Florianópolis, em outubro de 2017. Foi o mais relevante ato político visando interromper a marcha da intolerância que se apossou do país e que gerou alguns dos episódios mais abusivos da história da Justiça brasileira.
Duas semanas antes, o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) fora preso temporariamente no âmbito da Ouvidos Moucos, operação conduzida, na Polícia Federal, pela delegada Erika Marena, ex-Lava Jato chefiando mais de uma centena de policiais convocados em vários cantos do país.
O inquérito apurava supostos desvios no programa de educação à distância da UFSC no período anterior ao da posse de Cancellier.
Era uma falsa denúncia, conforme se conferiu posteriormente. Mas serviu de motivo para mais um pacto macabro entre delegada da PF, Controladoria Geral da União, Ministério Público Federal de Santa Catarina.
Foi o mais significativo episódio desses tempos nebulosos. Contra Cancellier não havia provas de corrupção. Ainda assim, ele foi afastado da reitoria sob a alegação de tentar obstruir investigações na Corregedoria da Universidade.
Cancellier deixou uma última carta, na qual assinalou uma verdadeira devassa em sua “vida” e “honra”, além da perplexidade e do medo que sentia pelo modo como a investigação da PF estava sendo conduzida – com seletividade e sem espaço para contraditório e ampla defesa. Aqueles eram tempos em que o “ouvi dizer” sobrepunha-se à presunção de inocência até do ex-presidente mais popular da história.
Cancellier não resistiu ao que chamou na carta de “humilhação” e “vexame”. Saiu da vida para entrar na história como personagem de uma trama maior, que envolve um Brasil embriagado por operações policiais espetacularizadas pela mídia nacional, abusos de autoridade e um caldo de retrocessos e autoritarismos no poder, abrindo a porteira para ataques à liberdade de cátedra e de expressão nas universidades públicas pelo País.
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