O cinismo do Nobel da Paz para a UE, por Cláudio Lembo

Por Marco Antonio L.

Do Terra Magazine

Cinismo Político

Cláudio Lembo

Há surpresas inesperadas. Não se trata de resultados eleitorais. Estes até que são previsíveis. Basta ouvir várias pessoas, em segmentos sociais diversos, e se captará o resultado de um pleito eleitoral.

Apesar da mutabilidade das ações humanas, podem-se prever determinados acontecimentos futuros. Difícil é captar o pensamento hermético dos membros do Comitê do Premio Nobel.

Particularmente, quando fere o próprio pensamento do instituidor do galardão. Queria Nobel premiar pessoa que tivesse realizado o máximo esforço para a abolição ou redução de exércitos permanentes.

Ora, cinicamente, os países europeus, após a Segunda Guerra Mundial, infringindo tratados, procuraram conceber forças armadas altamente competitivas.

Não tiveram nenhum pudor em usas suas armas contra os mais variados povos do mundo sobre o falso argumento de impor seus elevados conceitos (sic) nas mais diversas regiões do planeta.

Muitas qualidades podem ser conferidas aos europeus e a sua combalida União Européia. Falta, porém, base moral para a concessão de um Prêmio Nobel da Paz à Organização.

A declaração deste último fim de semana parece inverossímil. Quando o antigo primeiro ministro da Noruega anunciou o Nobel da Paz parecia ouvir-se a fala equivocada de um desavisado.

Todas as referências – positivas – podem ser dirigidas aos países europeus, mas, certamente, não se encontram eles capacitados para receber um premio destinado a homenagear a paz.

Um prêmio não pode ser concedido pela mera realização de uma união econômica que teria evitado guerras entre seus integrantes. As guerras modernas têm muitas facetas.

Uma delas é a econômica. Ora, a União Européia possui um arcabouço politicamente frágil, tanto assim que seus críticos mais agudos registram a Europa das nações como uma mera Eurolândia.

Ou seja, a terra do euro, moeda que torna mais forte economicamente os países centrais e levou à pobreza os periféricos, particularmente os meridionais.

Quando povos inteiros saem às ruas e às praças para protestarem contra a política gerada em Bruxelas, sem serem ouvidos, pode-se falar em paz? Que paz é esta onde a maioria nunca é ouvida?

Já se conheceu na história política muitos cenários onde a hipocrisia e o cinismo estiveram presentes, ainda porque ambos são usuais na convivência dos Estados.

No entanto, agora os membros do Prêmio Nobel atingiram o mais alto ponto destes atributos negativos da arte da política. Premiar a União Europeia com o Nobel da Paz é fragilizar a imagem da premiação.

Talvez, no caso tenha ocorrido um ato falho dos julgadores. O instituidor do Premio Nobel, Alfred Bernhard Nobel, foi o inventor da dinamite e um próspero fabricante de armamentos de guerra.

Prosperou graças à morte de milhares de pessoas que sofreram os impactos de seus inventos e de suas armas. Exportou equipamentos de morte para todas as partes.

Hoje, os europeus continuam exportando armas para países envolvidos em conflitos regionais e sempre estiveram presentes em situações bélicas por todas as partes, inclusive nesta América do Sul.

Importam e dão guarida a dinheiro sujo originário dos mais diversos tipos de atos ilícitos. Nem sempre colaboram com os demais países na busca da obstacularização destas práticas imorais.

O Prêmio Nobel da Paz, ora concedido, fere os mais elementares princípios do bom senso e da solidariedade entre os povos. Agride os europeus das ruas dos países em crise.

Violou o bom senso médio de todos os povos efetivamente amantes da paz e da solidariedade entre as pessoas. A Academia Sueca perdeu boa oportunidade para não agir apressadamente.

Luis Nassif

Luis Nassif

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