Os militares e o governo Bolsonaro, por Luis Nassif

De um empresário líder de classe em São Paulo, com bom conhecimento da área militar.

No início havia esperança de que os militantes da reserva, que subiram com Jair Bolsonaro, pudessem enquadrá-lo.

Isso não ocorreu. A grande esperança seria o general Augusto Heleno, tido como de boa formação. Depois, constatou-se que ele é apenas um boa praça, cordato, doce, mas sem disposição de liderar ou dar ordens.

A única grande liderança nas Forças Armadas, me dizia o empresário, era o general Villas Boas, mas que está fisicamente impossibilitado. E o general Hamilton Mourão não é considerado do meio militar. É um outisder que corre à parte. Sempre foi visto como o falastrão amigão. Mas apenas isso.

Os militares da ativa, o Alto Comando incluído, não se consideram parte do governo. São legalistas, se importam apenas com temas militares, como a defesa da fronteira e os avanços tecnológicos, são defensores da Constituição e não pretendem se imiscuir na política. Eles tratam o governo Bolsonaro como um governo civil integrado por militares da reserva.

Por tudo isso, a saída de Bolsonaro – que ele entende como certa, devido ao filho Flávio – não abrirá muitas luzes para a economia.

 

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • O Alto Comando do Exército comanda hoje o poder que realmente importa no país: o Judiciário. Toffoli só toma decisões após o aval dos generais.

  • A esta altura, devo reconhecer que errei muito na minha avaliação do que seria este, digamos, governo. Julguei que após as confusões que se fazem presentes no início dos mandato teríamos: (1) um progressivo controle do poder pelos militares; (2) um regime de força com submissão do congresso; e (3) uma equipe econômica capaz de levar em frente o seu projeto neoliberal (uma tragédia, é claro).
    Mas o quadro está cada vez mais complicado:
    1) O grupo familiar/evangélico/olavista tem mais força do que parecia;
    2) O presidencialismo que coalizão não foi superado;
    3) A equipe econômica não parece saber muito bem o que fazer, a não ser aquilo que vendem como a panaceia (a reforma da previdência). Todas a iniciativas dessa equipe são recessivas e os juros já não podem cair muito. Ademais, o principal efeito da redução de juros teria sido abrir um espaço de aumento do gasto público, mas isso não vai ocorrer (inclusive pela loucura da pec do teto).
    E o cenário internacional está cada vez mais complicado, inclusive pelo despreparo do grupo familiar/evangélico/olavista.
    Podemos estar a caminhar para o caos, o que talvez não seja mau, desde que seja breve e resulte da restauração da democracia plena.

  • Nao parece haver disposição da oposição em pedir impeachment e nem do congresso em afastar Bozo sem antes receber cargos e verbas, em meados de Março e início de Abril

    E a abafa a jato não vai investir contra Flávio. Aliás se o judiciário quisesse poderia ter tornado o pai inelegível por racismo, soltado o laranjal de queiroz em abril de 2018 ou usado a denúncia do caixa 2 das fake news do whatsapp para tal

    E se os militares também não estão "nem ai" desde que a reforma da previdência não os toque, Bozo vai sangrar até 2022

    A questão é o que restará do país com essa teocracia imbecil no poder.

  • Bolsonaro é um transgressor por natureza. Basta ver o que fez no passado quando estava no Exército. Acreditar que poderiam por cabresto no cara sendo ele o presidente da República é ser um completo idiota e não conhecer nada da natureza humana.

  • No dia 02/JAN/2019 Bolsonaro afirmou publicamente: " O senhor [general Villas Boas] é responsável por eu estar aqui [na Presidência]".
    Uma pessoa lúcida, equilibrada, inteligente e comprometida com o Brasil JAMAIS ajudaria a colocar Bolsonaro na presidência. Ou ele não sabia quem é Jair Bolsonaro ?
    Penso que o general Villas Boas é tão ordinário quanto os demais militares entreguistas. Ele é apenas mais ardiloso. E, definitivamente, o governo Bolsonaro é um Governo Militar sucessor dos militares de 64.

  • "Os militares da ativa, o Alto Comando incluído, não se consideram parte do governo. São legalistas, se importam apenas com temas militares..."
    Essa versão da fonte tem um problema. Como explicar a abrupta mudança de comportamento dos militares da ativa para a reserva?
    A menos que essa mudança ocorreu agora, depois que o governo dá mostras de fracasso.

  • pela foto do grupo militar parece ser de algum pais do hemisfério norte, de tantos brancos. Nem um moreno sequer, quem dirá algum negro?

  • Opino que os militares, os servidores efetivos da Presidência etc estão assessorando Mourão e abandonaram Bolsonaro após cair a ficha de que o problema do presidente vai muito além da simples falta total de noção. É um incapaz. Acham que, com os rolos que ele tem (e que o MP-RJ já sabe), o brilho do sol cuidará de desinfetar.

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