Enviada por Antonio Francisco
do jornal O Tempo
Expectativa é chegar a 13 tratamentos mais evoluídos para males antigos. Esforço conjunto: organizações sem fins lucrativos custeiam parte mais cara de pesquisa
Consideradas endêmicas nas populações de baixa renda, doenças como malária, dengue, leishmaniose visceral, esquistossomose, tuberculose, hanseníase e Chagas compõem um grupo de enfermidades chamado de doenças negligenciadas, responsáveis pela morte de 500 mil pessoas por ano, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Como atingem, principalmente, países em desenvolvimento, essas doenças não têm investimentos suficientes em pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos que as combatam.
A boa notícia é que a situação começa a se transformar com a formação de consórcios liderados por organizações internacionais sem fins lucrativos, como a Medicines for Malaria Ventures (MMV) e Drugs for Neglected Diseases Initiative (DNDI). Sediadas na Suíça, essas empresas financiam a descoberta de moléculas e os testes pré-clínicos e de toxicidade de medicamentos para essas enfermidades.
“Essas etapas são as mais caras do processo”, ressalta Glaucius Oliva, coordenador do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (Cibfar) da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp). Às indústrias farmacêuticas cabem os ensaios clínicos e a produção dos fármacos em larga escala.
Lançada em 2003, a DNDI espera desenvolver entre 11 e 13 novos tratamentos para malária, leishmaniose visceral, HIV pediátrico e doenças do sono e de Chagas até 2022. A organização já conseguiu fabricar cinco novos fármacos para enfermidades como doença do sono, malária e leishmaniose visceral, usados na América Latina, África e Ásia.
As duas organizações internacionais, junto às instituições europeias, norte-americanas e chinesas envolvidas, esperam reduzir o prazo de desenvolvimento de 15 anos para 7 a 8 anos, em média. Segundo o professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luiz Carlos Dias, esse é o tempo mínimo gasto apenas para os testes pré-clínicos, ensaios e produção.
BRASIL. Dias também coordena o laboratório de química orgânica sintética da Unicamp, o único da América Latina envolvido no consórcio. Desde 2013, o órgão trabalha com a síntese química de potenciais compostos identificados pela DNDI.
“A organização internacional recebe bibliotecas de compostos de grandes indústrias farmacêuticas, testa-as em laboratórios de química medicinal em diferentes lugares do mundo e, ao identificar alguma molécula potencial para o tratamento das doenças negligenciadas, envia-as para laboratórios como o nosso. A nossa participação é fazer modificações químicas e estruturais para tornar o composto mais eficaz”, explica Dias.
Para o professor de química da Unicamp, essa é uma alternativa para o tratamento de doenças negligenciadas, que carecem de investimentos no país por diversos fatores.
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Comentário.
Com possível exceção à existência do barbeiro (também nos Estados Unidos) e da doença de Chagas, as demais atingem países pobres e onde questões de infraestrutura são vitais para o controle das doenças.
"Doenças de pobres" não geram lucro às indústrias farmacêuticas.
Desta forma, deixar que a "regulação do mercado" interfira na situação de saúde/doença das pessoas é algo a ser refletido com muito cuidado.
A negligência é 1 dos resultads da política ds agências d foment
Vale mais pontos, na universidade, publicar em revistas estrangeiras, certo? Onde esses nao sao temas de interesse... Essa política "para inglês ver" coloca a ciência nacional a reboque dos interesses científicos alheios, é criminosa.
Ebola
Quarenta anos matando milhares de africanos...
Há poucas semanas, após alguns casos na Europa e América do Norte, "surge" eficiente medicação contra a epidemia.