Se as críticas até agora vinham embrulhadas numa conotação mais xenofóbica, no sentido de desmerecer a vacina pelo fato de ela ser chinesa, a declaração de que a CoronaVac pode causar “morte, invalidez, anomalias” eleva a gravidade do discurso a um patamar especialmente preocupante, segundo Rafael.
Ainda que os dados científicos e a cobertura da imprensa profissional desmintam sistematicamente essas afirmações, diz o pesquisador do IEA-RP, o simples fato de elas serem veiculadas na mídia contribui para pautar o debate social e semear dúvidas na opinião pública sobre a segurança da vacina. Ele compara o caso ao do médico britânico Andrew Wakefield, que em 1998 publicou um estudo fraudulento, dizendo que vacinas causavam autismo. Mesmo décadas depois de o estudo ter sido provado falso, o mito de que as vacinas podem causar autismo em crianças permanece vivo nos meios digitais e no imaginário popular.
Da mesma forma, mesmo que não haja qualquer evidência de que a morte do voluntário possa ter relação com a vacina, a simples suposição do fato já foi suficiente para suscitar diversas teorias especulativas (sem qualquer embasamento científico) de que a “vacina chinesa” poderia induzir à depressão e levar as pessoas a se suicidar. Teorias, essas, que poderão perseguir a CoronaVac por muito tempo, não importa quão descabidas sejam. “Esse pode ser o caso Wakefield do Brasil”, avalia Rafael.
View Comments
Nassif: você sabe do quanto gosto de frases de efeito. Avivam o espírito. Esse de "vacina é coisa de ciência, não de política" vai pra embelezar a coroa. Mande a turma dizer isso praqueles que comandam as Casernas. A terra pode até voltar a ser redonda. Quem sabe o papo cola...
E de Wall Street também!