Enquanto libera bilhões à intervenção, Temer insiste em discurso de ajudar em caso Marielle

Foto: Reprodução

Jornal GGN – Enquanto a notícia da liberação de mais de R$ 1 bilhão para a intervenção federal no Rio de Janeiro repercute negativamente, o presidente Michel Temer ainda tenta associar a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) com a necessidade das medidas.
Conforme o GGN vem divulgado desde a última semana, a estratégia adotada pelo governo era de associar o caso a favor das medidas de intervenção. Por isso, Temer buscou junto aos aliados governistas que endossem a tese por ele, a fim de verificar as reações.
Observado que parte considerável da opinião pública defende as medidas restritivas e do uso de forças armadas para realizar o papel, que deveria assumir o teor civil, de Segurança Pública, o mandatário resolveu mostrar que, junto com a liberdade dada ao interventor, o general Walter Souza Braga Netto, também se preocupa com o caso da morte da vereadora.
Assim vem caminhando as decisões de Temer: primeiro, convocou governistas aliados para assumir o discurso de associar o assassinato à necessidade de intervenção; depois, ainda sem saber os rumos que tomaria a investigação, deixou que a palavra fosse assumida apenas pelos parlamentares, mantendo ele mesmo o silêncio; cancelou a visita que teria neste domingo (18) em sua agenda oficial para realizar o balanço de um mês da intervenção; conversou com Braga Netto para liberar o montante que ele considerasse necessário.
Mas para que todos esses passos não escancarem a estratégia por trás do discurso assumido, afirmou que, junto com as questões financeiras, teria solicitado diretamente ao interventor na segurança do Rio, o general Braga Netto, que apresentasse resultados o quanto antes sobre as investigações do assassinato de Marielle.
“A determinação é para apurar no menor prazo possível. Falei, inclusive, com o general Braga na sexta-feira para envidar todos os esforços e todos os recursos disponíveis para logo solucionar essa questão”, disse Temer.
Mas junto com essa notícia, outra trouxe polêmica para o caso: o fato de quem estaria investigando o crime fosse um dos investigados. Isso porque por trás da liberação do presidente Michel Temer de que as autoridades federais estão à disposição da investigação, delegados da Polícia Federal que apuram são os mesmos que integram um grupo formado também por policiais militares e a polícia civil local, do Rio de Janeiro.
Na prática, os investigadores são o Grupo Integrado de Operações de Segurança Pública (Giosp), integrado por agentes de inteligência da PF, mas em conjunto com a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Secretaria de Administração Penitenciária e a Polícia Rodoviária Federal.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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