Plantão | Publicada em 26/10/2011 às 19h57m
O Globo (saude@oglobo.com.br)
RIO – Se você pudesse tomar uma pílula que, instantaneamente, melhora a sua memória e aumenta a sua capacidade de compreensão de idéias complexas, você tomaria este medicamento? E se você pudesse aumentar a sua capacidade de assimilar novas linguagens? As respostas a estas perguntas podem agora tornar-se mais urgentes porque uma série de melhorias cognitivas estão rapidamente se tornando disponíveis através da investigação farmacêutica.
Muitos dos primeiros sinais desses novos medicamentos surgiram a partir do aprimoramento de pílulas que são atualmente usadas para tratar déficit de atenção. A mais famosa delas é a Ritalina. No entanto, as drogas que poderiam aumentar a nossa capacidade cognitiva podem ter muitos efeitos colaterais. Para que uma segunda geração destes medicamentos chegue ao mercado é ainda preciso aprimorar os níveis de segurança de seu consumo.
Esta semana, a revista Annals of Surgery publicou uma pesquisa sobre uma importante melhoria no desempenho dos médicos que usam uma droga chamada modafinil, que serve para manter em alerta a parte cognitiva do cérebro. Eles foram mais atentos em sua rotina diária de trabalho e também tiveram melhoria em sua memória. Mas não se sabe ainda quais os riscos que os usuários dessas drogas correriam, por consumirem tais medicamentos no longo prazo
Além disto, os pesquisadores da inteligência humana não levam em consideração que existem vários tipos de inteligência. Para os que valorizam as habilidades lógicas, há um tipo de investimento. Os que imaginam melhorar os níveis de inteligência emocional teriam outras preocupações. E a melhoria da cada um destes tipos pode exigir técnicas completamente diferentes e implica conseqüências bastante distintas.
Outra grande questão que ronda este tipo de pesquisa é determinar quem são os usuários potenciais destes medicamentos. Seria possível usar este recurso para, por exemplo, melhorar a memória de testemunhas nos tribunais. Poderia a sociedade procurar melhorar a capacidade de empatia de criminosos, de modo a facilitar de forma eficaz a sua reabilitação?
– Para além dos usuários dos medicamentos, uma coisa é certa: todas estas alterações irão mudar drasticamente o que somos, as condições de nossa existência e ordem das coisas dentro da sociedade. Já não seria uma grande escola ou o bom exemplo dos pais uma influência tão grande sobre as probabilidades de um filho ter um desempenho melhor ou ser capaz de exceder suas limitações ao longo da vida – comenta o professor Andy Miah, Director do Centro Criativo de Pesquisas do Futuro da Universidade do Oeste da Escócia, no Reino Unido.
Aqueles que são cautelosos com esses medicamentos argumentam que há muitas coisas que fazemos hoje, que exigem pouco esforço, mas que podem ter efeitos similares para melhorar o cérebro, como dormir bem, tomar café todas as manhãs, ou comer peixes oleosos.
– Ninguém pode subestimar o esforço individual e a educação. Mas a perspectiva de drogas inteligentes poderia melhorar as condições gerais de muitas pessoas. Se mais pessoas aprimorarem os seus níveis de todas as formas de inteligência, então teremos todos uma sociedade muito mais rica. É também por isso que valorizamos a educação. Acreditamos que uma mente iluminada pode fazer uma contribuição maior para a sociedade e pode até levar a uma vida mais rica. Isto não significa que apenas a educação formal seria valiosa, mas que o mérito da aprendizagem seria também universalmente compartilhada – avalia o dr. Miah.
Esta nova geração de medicamentos para melhorar a concentração, o raciocínio e a memória ainda causa muita polêmica entre cientistas, mas, quando afinal chegar ao mercado, depois de passar por testes de segurança, vão inaugurar uma nova etapa nas formas de aprendizado e análise de desempenho de bilhões de seres humanos.
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