América Latina/Caribe

Argentina aposta em moeda chinesa para domar a dívida com o FMI

A Casa Rosada decidiu quitar a dívida argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI) usando parte de suas reservas na instituição financeira e com uma quantia em yuan, a moeda chinesa. 

A dívida vence nesta sexta-feira (30) e especialistas esperam que a economia argentina contraia mais de 3% até o final de 2023, com uma taxa de inflação de 114%, a mais alta em três décadas.

Gabriela Cerruti, porta-voz do governo, fez o comunicado à imprensa nesta quinta-feira (29). Ela salientou que o pagamento ao FMI será de 2.700 milhões de dólares relativos ao segundo trimestre. 

Parte será efetuado em Direitos Especiais de Saque (DES) do Tesouro e parte em yuan, sem recurso à central de reservas bancárias. “Com o pagamento ao FMI, cumpre-se o compromisso de que a acumulação de reservas do Banco Central não será posta em risco”, disse Cerruti.

Dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC) indicam que a economia argentina enfrenta uma inflação superior a 110% e uma taxa de pobreza de 40%, embora a atividade econômica tenha tido um aumento de 1,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

Yuans

O Estado argentino tem uma conta em yuans depois de renovar neste ano um acordo de câmbio com a China em 130 bilhões de yuans, cerca de 19 bilhões de dólares. 

Alguns especialistas afirmam que o fato de pagar com esta moeda, por outro lado, demonstra a falta de liquidez nas reservas do banco central argentino. 

Novo acordo

O ministro da Economia Sérgio Massa anunciou nesta semana, dia 27, um novo acordo com o FMI, mas ainda sem confirmação. De acordo com a TeleSur,  negociações com o órgão internacional de empréstimos se arrastaram por semanas para finalizar o acordo sobre o programa de US$ 44 bilhões do país.

O crédito original chegava a 57 bilhões de dólares, contratado durante o governo de Mauricio Macri, mas depois de chegar à Presidência, em 2019, o presidente Alberto Fernández pediu ao FMI que cancelasse o restante dos desembolsos porque “o país não tinha nenhum dólar para devolver”.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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  • Diz a lenda que a economia do mundo ficariam órfã sem a força do dólar. Nenhum aspecto do comércio internacional sobreviveria sem a poderosa moeda. Batem-se os congressistas americanos para encontrar uma fórmula que jamais desminta essa afirmação, eis que o dólar americano é "a moeda das moedas", MAS, como nem tudo o que reluz é ouro, e o ouro dos americanos já sumiu faz tempo, o dólar, é somente uma garantia de papel na qual somente os americanos confiam e querem fazer o mundo ainda confiar. Ficar sem os preciosos dólares para negociar e pagar as contas internacionais era mortal para qualquer país até ontem. Hoje, o mal dos males tornou-se a luz no fim do túnel para os países emergentes, devedores e sancionados. Não tem dólar, paga em yen, rublos, remimbi, real...Se o credor não quiser receber, vá se queixar ao bispo. Vão tirar o que mais da Argentina? Que os credores americanos peguem a moeda estrangeira, transformem-na em dólar e considerem-se pagos. Estes serão os primeiros dias de suas vidas como pessoas comuns.

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